27 de maio de 2012

96 - ALEX entrevista LASZLO JOSEF MATRAI

O entrevistado de hoje é um amigo de Taubaté-SP.
Mas ele nasceu em Ribeirão Pires-SP, em 1961.
Ele é filho de imigrantes húngaros, funcionário público municipal, casado e tem 4 filhos.
Aos 9 anos de idade sentiu as primeiras manifestações da mediunidade.
Aos 18 anos ele participou do primeiro curso de educação mediúnica.
Ele participou de cursos ministrados pela USE-Sto André, USE-SP, FEESP e FEB.
Foi aluno e depois dirigente do curso Aprendizes do Evangelho, na AEE.
Recentemente estudou e aprofundou-se também em conhecimentos de Umbanda.
Seu lema é "Busque conhecer bem antes de falar a respeito de alguém ou de algo".
Pela Lúmen Editora ele publicou o livro "Ratinhos Brancos".
O nosso entrevistado chama-se Laszlo Josef Matrai.

Laszlo Josef Matrai
ALEX - Olá Laszlo, tudo bem? É um prazer entrevistá-lo meu amigo! 

LASZLO - O prazer é meu e quero agradecer essa oportunidade que me foi oferecida por você.

ALEX - Conte para nós como foi o seu primeiro contato com o Espiritismo.

LASZLO - Meu primeiro contato com o espiritismo ocorreu por intermédio de meu padrinho que me conduziu a uma casa espírita, nos moldes da famosa "mesa branca", isso quando eu contava com nove anos de idade.

Nessa época, a mediunidade em mim se expressou ostensivamente através da incorporação mecânica, fato que se deu pela primeira vez na casa de meus padrinhos, quando lá passava eu alguns dias em férias.

Nessa ocasião, um espírito que jamais soube a identidade, manifestou-se algumas vezes, sempre à noite e com muitas pessoas em volta, pois a casa de meus padrinhos era bem frequentada por muitos de seus amigos, eu ficava totalmente inconsciente, vindo a despertar altas horas da madrugada com todos despedindo-se de mim, esse detalhe é a única lembrança que retenho na memória desta época e do ocorrido.

Essa entidade não se furtava a dar esclarecimentos diversos e aconselhamentos a todos os que o questionavam, nos mais diversos assuntos.

Eu tomei plena consciência desses fatos apenas muitos anos depois, quando em conversação com uma prima, esta relatou-os a mim, e depois tive a confirmação dos mesmos, feita por diversas outras pessoas.

ALEX - Aos 18 anos você fez um curso de educação mediúnica no Centro Espírita Maria Amélia? Que casa linda!

LASZLO - Foi no Centro Espírita Maria Amélia, em São Bernardo do Campo, uma casa que infelizmente não visito há mais de 25 anos, mas que foi preponderante na minha educação mediúnica.

Lembro-me que passei por algumas entrevistas e finalmente fui convidado a participar de um grupo de estudos e trabalhos avançados de assistência espiritual a desencarnados. Já nessa época eu possuía uma tal base doutrinária que facilitou meu ingresso nesse grupo.

Lá permaneci por alguns anos participando do socorro espiritual, em que muitos espíritos, especialmente os que desencarnaram em virtude do consumo de tóxicos ou álcool, eram assistidos, tratados através do choque anímico via incorporação e orientados por um "doutrinador" encarnado.

Coloquei a palavra "doutrinador" entre aspas, pois já naquela época eu percebia que não era o objetivo daquele trabalho, doutrinar espírito algum de molde a "convertê-lo" ao espiritismo, mas sim orientá-lo quanto a sua situação e as possibilidades de que ele disporia dali para frente no sentido de resgate de sí mesmo.

ALEX - Muito lindo isso! E eu soube que você sempre leu muito os livros de Kardec, desde os 9 anos de idade. Fale um pouco á respeito desta nova geração de espíritas que acabam esquecendo os livros de Kardec.


LASZLO - Talvez devêssemos considerar que o esquecimento na verdade possa não ser dessa nova geração, mas sim dos que a orienta...

ALEX - Concordo...

LASZLO - Quando iniciei ativamente no Espiritismo, qualquer um que almejasse ingressar no quadro de colaboradores de uma casa espírita, cumprindo seja que papel fosse, desde um médium, um orientador, um doutrinador, passista e principalmente os atendentes, tinha que preencher um requisito básico, conhecer a doutrina espírita através da participação do estudo sistemático das obras da codificação. A exigência, ou condição ‘sine qua non’ era do estudo de no mínimo duas obras básicas, "O Livro dos Espíritos" e o "Livro dos Médiuns", cuja comprovação se dava por meio de uma sabatinagem. Além disso era rogado ao espírita, candidato a trabalhador, que procedesse ao "Estudo do Evangelho no Lar", essa última condição ficava por conta da palavra do espírita.

Percebo hoje, que apesar de se falar muito da necessidade deste conhecimento, pouco se faz para se estimular sua prática.

Já assisti inclusive, palestras em casas espíritas em que o palestrante demonstrou estar não muito à par do conteúdo das obras da codificação.

Talvez devêssemos ser mais enérgicos nesses casos, exigindo, incentivando e promovendo cursos sistemáticos em nossas casas, e por enérgicos, não quero dizer grosseiros, mas firmes e incisivos!

Como exemplo do que digo, na sua pergunta anterior eu explicitei que, para que eu pudesse ingressar em um grupo de estudos e trabalhos de pronto-socorro espiritual, tive de ser sabatinado e comprovar que possuía o correto conhecimento básico da doutrina.

Outra provável causa desse abandono, é a "cultura" de que os livros da doutrina, por terem sido escrito há mais de cento e cinquenta anos atrás, são de uma leitura "pesada" e "difícil", o que não é absolutamente a verdade. Sua leitura não tem nada de muito difícil, pelo contrário, Kardec foi pedagogo e se preocupou em produzir textos de grande simplicidade, que a meu ver, o são até hoje. Baste que nos esforcemos em combater as influenciações espirituais "negativas" que buscam manter-nos na ignorância, fazendo uso da prece, da fé e da força de vontade.

Laszlo autografando seu livro juntamente das obras básicas
ALEX - E aqueles que só ficam lendo o Pentateuco e se esquecem dos outros livros do codificador?


LASZLO - Há os que se dedicam ao estudo das cinco obras básicas de nossa doutrina, e são poucos, entretanto é triste perceber que as demais obras de Kardec, são em sua maioria relegadas ao esquecimento. Raríssimos são os que se dedicaram ao estudo de toda a obra de Kardec.

Das cinco obras básicas de Kardec, na codificação, uma que considero preciosíssima e que é muito pouco estudada, é "O Céu e o Inferno", especialmente aos que se dedicam ao trabalho mediúnico, mais especificamente, o "Pronto-socorro Espiritual", em que nos reunimos em nome de Jesus, para assistir e amparar os nossos irmãos desencarnados que sofrem na erraticidade.

Esta obra é um guia precioso na compreensão das diversas condições que um espírito pode se apresentar na erraticidade.

Já a "revista Espírita" ou "Revue Spirite" no original, traz um cabedal de informações para estudo e compreensão profunda da vida espírita, que deveria ser cuidadosamente explorada pelos nossos irmãos espíritas. Ajudou-me muito em muitos aspectos de minha mediunidade e de minha compreensão das coisas. Isso sem falar em outra jóia preciosa, “Obras Póstumas”, entre outras.

ALEX - Falando em livros, fale um pouco sobre o seu "Ratinhos Brancos", que adorei e já até comentei contigo sobre o que achei dele (risos).


LASZLO - O livro é dividido em duas partes, sendo que a primeira parte é em formato de romance e a segunda passa a ser um relato da vida de alguns protagonistas da primeira parte, no plano espiritual.

O romance localiza-se temporalmente no período compreendido entre as duas guerras mundiais, inclusive, e aborda uma série de provas a que seus protagonistas são submetidos, com vistas à superação de suas paixões e instintos básicos. Geograficamente o romance limita-se entre a Áustria e a França.

Como as duas partes são intimamente interligadas, fica difícil traçar comentários sobre a segunda parte sem prejudicar as descobertas e surpresas que o leitor terá ao ler a primeira parte. Até o presente, tenho tido um excelente retorno crítico da obra, o que nos fortalece na continuidade de nosso trabalho.

ALEX - E quem seria Augustus Ciprus, você poderia revelar algo?


LASZLO - Sim, com prazer!

Augustus Ciprus, foi em sua última encarnação de provas e expiações aqui na terra, um procônsul romano, amigo íntimo do primeiro imperador de Roma, Caius Augustus César. Viveu quase no anonimato e foi perseguido em função de sua amizade com o imperador, o que culminou com sua condenação, execução e quase total proscrição dos registros históricos de Roma.

Seu verdadeiro nome não é Augustus Ciprus, este é uma alcunha que adotou para homenagear tanto o imperador Augustus, como para homenagear aquela que foi sua última encarnação de ajuste com a Lei aqui na terra, cujo ápice desta encarnação se deu na ilha de Chipre.

Sua história está sendo trazida através da psicodigitação, por um outro espírito, que se identificou como sendo Ângelo Cristófolo.

Acreditamos que este livro estará concluído no final de 2012.

ALEX - A origem do nome dele é grega e a sua é húngara, você poderia falar um pouco sobre o Laszlo pessoa?


LASZLO - Meus pais são imigrantes húngaros que vieram ao Brasil por ocasião da revolução húngara contra o regime comunista, que teve por consequência a invasão do país por parte dos russos. Segundo filho de um total de três, nasci em Ribeirão Pires, SP em 15 de setembro de 1961. Casado pela terceira vez, tenho quatro filhos, um casal fruto da primeira união e duas meninas que moram comigo, fruto da segunda união. Minha atual esposa e eu nos conhecemos na casa espírita que freqüentamos atualmente. Apesar de sermos da mesma cidade de origem, Santo André, só vimos nos conhecer aqui em Taubaté, e mesmo assim, só nos conhecemos depois de quatro anos freqüentando a mesma casa espírita! Sou funcionário público municipal, ocupando o cargo de escriturário, e dedico muito do meu tempo livre ao espiritismo, mais especificamente ao intercâmbio mediúnico.

ALEX - Como foi trabalhar na USE, FEESP, FEB e AEE? Como você enxerga cada uma delas?


LASZLO - Bem, minha participação na USE, FEESP,FEB e ALIANÇA se deu em todas as ocasiões por influencia positiva de amigos. Entretanto foi na USE – Santo André e na ALIANÇA, nesta mesma cidade e depois em Taubaté, que mais participei de atividades diversas dentro do espiritismo, que até então se limitavam quase exclusivamente ao estudo da doutrina e da participação quase insignificante em trabalhos de pronto-socorro espiritual.

Essas experiências foram para mim abençoado recurso de aprendizado, pois assim não só conheci diversas abordagens da doutrina como também aprendi a ser flexível e mais compreensivo quanto às diversas formas diferentes de se encarar e praticar o espiritismo, sem que se afaste de seu eixo doutrinário.

ALEX - Você também estudou e conheceu a belíssima Umbanda. O que você teria a nos dizer sobre isto?


LASZLO - Considero o período de três anos em que freqüentei a Umbanda, como sendo o ponto culminante do meu aprendizado como médium espírita, seguidor da codificação de Kardec, apesar de serem tão diversas em sua origem e métodos.

ALEX - Concordo contigo e tive esta experiência também, justamente 3 anos também (risos).


LASZLO - Isso porque graças a esse período em que trabalhei como médium umbandista, conquistei um grande avanço espiritual. Lá aprendi a superar uma série de preconceitos de que era portador e nem imaginava sê-lo, e eu adquiri uma flexibilidade mediúnica difícil de explicar em palavras e que foi preponderante para o trabalho de psicodigitação que exerço hoje.

Aprendi que infelizmente a visão que a maioria dos espíritas a respeito da Umbanda é um tanto quanto distorcida e que os umbandistas tem um grande valor na seara de Jesus, e tão lamentável quanto, também os umbandistas possuem suas restrições quanto aos espíritas.

Aprendi também que existem “casas” e casas umbandistas, assim como as há no espiritismo. Quando uma casa tem por divisa a prática da caridade, as entidades que trabalham na Umbanda são, não raramente, entidades muito amorosas, esclarecidas e dispostas a representar a espiritualidade superior com seu amor e dedicação, respeitando a capacidade que cada um alcançou de compreender as verdades da vida, convivendo amorosamente com as crenças e limitações de todos.

Dizem que o Espiritismo é uma espécie de “Homeopatia” e a Umbanda é um tratamento de choque. Discordo totalmente.

Aprendi que a Umbanda nos ensina a pratica da caridade e da humildade sem limites, sem julgamento, sem imposições e o Espiritismo é a ciência, ou seja o conhecimento, das coisas como elas são, dos “porquês”, ensinando-nos a importância da prática da caridade e do amor ao próximo. Bem, nem todos estão prontos ou aptos para conhecer a verdade, então que devemos fazer, impor a verdade? Ou amar indistintamente, como o Mestre nos exemplificou? Servindo! No dia em que essas duas correntes religiosas, que no plano espiritual seguem o mesmo curso, pararem de divergir e passarem a convergir em ações aqui no plano material, sem que se fundam, sem que percam suas identidades, mas trabalhando lado a lado, será um grande dia para a humanidade terrestre. “Bem avanturados os homens de boa vontade...” e “A cada um, segundo as suas obras...”. Pensem nisso!

ALEX - E o seu trabalho de psicografia, como e quando se inciou? Chegou a realizar cartas consoladoras também?


LASZLO - Em meados de 2004, iniciamos modestamente com a psicografia, ocasião em que poucas e esporádicas mensagens que não ultrapassavam cinco páginas manuscritas eram trazidas pelos nossos irmãos da espiritualidade.

Em agosto de 2009, um grande amigo que reside no plano espiritual, através da psicofonia, comunicou-nos que receberíamos um presente.

Nessa época, já vinha eu por muitos meses, sentindo-me profundamente assediado por uma enorme variedade de entidades espirituais.

Mais tarde vim a saber que tal assédio, que me preocupava, não era negativo, ocorria por eu estar sendo estudado por diversos espíritos, "candidatos" a ter-me por instrumento de psicografia. Ao que me consta, foram mais duzentos e destes, apenas uns poucos (até o presente sei de quatro espíritos) que conseguiram afinizar-se comigo, superando minhas deficiências como pessoa e como médium, aceitando-me, imperfeito que sou, por instrumento de trabalho.

Quinze dias depois do comunicado deste amigo espiritual, começamos a redação do livro "Ratinhos Brancos", que foi sendo trazido aos poucos, primeiramente por esse mesmo amigo espiritual, via psicofonia, apresentando um escopo da obra e depois, pelo próprio Augustus, já passando o trabalho a ser feito via psicodigitação, até a conclusão final da obra, que tomou seis meses para ser redigido e mais um período igual para ser revisado pelo Augustus.

ALEX - Você falou novamente do "Ratinhos Brancos", vem aí a continuação? O número dois?


LASZLO - O segundo livro, que é uma narrativa da vida espiritual, mais específicamente das primeiras experiências de Henrique e Gustavo no plano espiritual, está sendo avaliado pela Marina Ferri, se ela aprovar enviarei no começo do ano para a editora.


ALEX - E aqueles "dois ratinhos" lindos na capa de seu livro, quem são eles?


LASZLO - Quanto aos meninos da capa não sei de quem se trata, pois são contratados pela editora, aliás, "são", não, na verdade são duas fotos do mesmo menino (risos).

ALEX - Isto são revelações dos bastidores (risos). E os verdadeiros "ratinhos brancos", eles ainda tem contato com você?




LASZLO - Quanto aos verdadeiros "ratinhos", estes nos visitam periódicamente, seja na sua forma infantil ou na adulta, a qual não sei por que, conseguimos diferenciar um do outro com mais facilidade, eu talvez pela diversidade de fluidos entre eles, já a Karen, minha esposa, os diferencia pelos cabelos, já que a fisionomia é idêntica. Ah, sim, minha esposa é médium vidente.


ALEX - Que beleza! E o trabalho desenvolvido por você na Seara Espirita Nova Vida, em Taubaté, sobre a problemática da saúde física? Conte um pouco para nós sobre ele.


LASZLO - Vínhamos desenvolvendo, através da psicofonia, com um grupo reduzido de participantes, um trabalho de exposição teórica feita por um mentor médico que me acompanha há muitos anos, visando desenvolver um conjunto de ações aplicáveis em casas espíritas, cujo sentido é de desenvolver, criar e promover uma equipe multidisciplinar cujo objetivo é propiciar a nossos irmãos encarnados um tratamento nos moldes “alternativos”, mas que jamais pretendeu ser substitutivo ao convencional, mas sim paralelo.

Por ordem da espiritualidade superior, entretanto, este trabalho foi interrompido, as anotações estão todas guardadas e esperamos o momento em que nos for liberada a continuidade pelos nossos mentores. A teoria é simples, porém extensa e podemos afirmar que trata do uso consciente dos recursos individuais no sentido de recuperar a harmonia fisiopsicosomática, através de técnicas mentais diversas, que incluem a “reforma íntima”.

ALEX - Você tem novos projetos adiante?


LASZLO - Estamos na fase final do segundo livro que deverá ser apresentado à editora nas próximas semanas e outras obras estão em curso, aguardemos!

Quero ressaltar que pretendemos dispor de uma parte significativa da renda pessoal com a venda dos livros em ações de auxilio aos nossos irmãos e irmãs submetidos a duras provações, através de entidades assistenciais, e quem sabe, consigamos no futuro criar a nossa própria Instituição Beneficente Espírita, aqui em Taubaté.

ALEX - Falando em Taubaté, uma resposta breve sobre este nome: Marina Ferri!


LASZLO - Á considero um expoente do espiritismo no Brasil e cuja amizade é para mim motivo de profunda honra.

ALEX - Laszlo, foi um prazer tê-lo conosco e sou muito grato pela sua amizade e carinho de sempre quando trocamos e-mails, obrigado por você sempre confiar em minha pequena pessoa!


LASZLO - Mais uma vez, agradeço muitíssimo essa valiosa oportunidade que você me ofereceu, a todos que lerem o livro “Ratinhos Brancos” convidamos a dar sua opinião ou traçar suas críticas, seja por e-mail - laszlojm@yahoo.com.br - ou via Facebook, onde em meu perfil há uma recém criada página do livro.

Que Deus nos abençoe a todos envolvendo-nos em sua misericórdia, Que nosso Mestre Jesus nos guie as mentes e corações!

Muita Luz e Paz!

15 de maio de 2012

95 - ALEX entrevista JOSÉ ANTONIO


Há exatamente 2 meses eu tomava um ônibus de São José dos Campos (São Paulo) rumo á Cambé (Paraná).
Lá eu tive o prazer de conhecer um espírita que é exemplo para muitos, é claro que não podia deixar de entrevistá-lo.
Fiquei hospedado na casa do paizinho Hugo Gonçalves, e quando achei que haviam acabado as tantas surpresas e momentos felizes vivenciados ali, eis que recebo a visita do nosso ilustre entrevistado.
Ele que já entrevistou tantos espíritas importantes quando eles passavam pela região, hoje é ele quem estará do outro lado do gravador.
Ele é médico, com especialidade em Terapia de Vidas Passadas, Florais de Bach, Medicina Tradicional Chinesa e Homeopatia.
Há quase 30 anos na Doutrina Espírita, fundou em 1994 "Belém - A Casa do Pão", hoje "Núcleo Espírita Hugo Gonçalves", em Londrina, cidade na qual ele reside.
Há mais de 20 anos dirige o programa radiofônico "Além da Vida".
É articulista do jornal "O Imortal" e da revista "O Consolador".
Escreveu o livro "Um Minuto com Chico Xavier".
Realiza palestras e seminários pelo país.
Ele é José Antonio Vieira de Paula.

Alex e José Antonio no jardim do Seu Hugo Gonçalves
ALEX - Olá doutor tudo bem? Como você se iniciou na Doutrina Espírita?

JOSÉ ANTONIO - Minha iniciação se deu de forma surpreendente. Como médico, praticamente recém-formado, eu dava plantão na Santa Casa de Misericórdia de Cambé, aqui no Paraná, e, certa madrugada fui chamado para atender uma jovem que havia tentado o suicídio, ingerindo várias medicações ao mesmo tempo. Ela não tinha mais que dezesseis anos. Cumpri toda a rotina de atendimento e, vendo-a fora de perigo, observei que ela apresentava as conjuntivas bastante amareladas, típicas de um problema de fígado, que dificilmente poderia ser pela intoxicação, que era muito recente. Então a internei em isolamento com suspeita de Hepatite.

Ela ficou uns quatro dias internada, e o que me incomodava era seu estado psíquico. Uma depressão profunda, sem brilho nos olhos, não conversava, sempre virada para a parede em posição fetal.

Após o terceiro dia de visita, sem alteração do quadro, saí para o almoço e passava em frente ao Lar Infantil Marília Barbosa e Centro Espírita Allan Kardec, quando o Sr. Hugo Gonçalves, já com uns setenta anos, estava saindo do recinto e me cumprimentou.

Desde quando eu ainda era estudante de medicina já ouvira falar dele, de seu trabalho e de sua espiritualidade. Há muito eu ansiava encontrá-lo.

Passamos a conversar e ele convidou-me para uma reunião que haveria à noite, de estudos, com um médico de Rolândia, cidade vizinha: Dr. Luiz Carlos Pedroso, há muito na pátria espiritual.

Fui. Ao término do maravilhoso encontro, onde a Doutrina foi-me apresentada com muita clareza, aquele grupo se dispersou e um pessoal muito simples, da periferia da cidade, começou a chegar para outro encontro. Hugo convidou-me a participar, dizendo que se tratava de uma reunião para atendimento espiritual e que seu quisesse interceder por alguém, poderia. Tomei de um livro sobre a mesa e anotei o nome da jovem internada na Santa Casa.

A reunião começou e logo uma das senhoras mostrou-se envolvida por alguém, um espírito feminino, que dizia estar atormentada , sentindo cheiro de velório e de velas e que não conseguia entender nada do que ocorria. Após alguns minutos de conversa, foi perceber que havia tido um infarto fulminante que se dera há mais de quatro anos. Saiu dali confortada.

Qual não foi minha surpresa, no outro dia, ao passar a visita médica na Santa Casa e deparar-me com a jovem suicida sentada, com um sorriso no rosto, aguardando-me para conversar. Foi então que ela me contou que já era a quarta tentativa de suicídio, e que tudo começou após a morte de sua mãe, há mais de quatro anos, por um infarto, desde quando passou a sentir-se estranha, depressiva, só pensando na morte e sentindo cheiro de velas e velório...

ALEX - ...Sem comentários doutor! E falando em hospital, médico...Qual é a sua especialidade na medicina? O que ela pode auxiliar espiritualmente em seu pacientes?

JOSÉ ANTONIO - Desde poucos anos de formado, fui atraído para o lado do sofrimento humano. Minha primeira especialidade foi Terapia Regressiva a Vivências Passadas, curso que fiz sob a orientação da Dra. Maria Júlia Pietro Peres de São Paulo, que durou uns dois anos. Quando tive a oportunidade de conhecer Dr. Morris Netherton, um dos responsáveis por transformar a regressão de memória em uma técnica terapêutica com excelentes resultados. Trabalhei uns sete anos com essa técnica.

Depois conheci os florais de Edward Bach, que até hoje têm me ajudado a aliviar os sofrimentos humanos. Trabalho na Universidade Estadual de Londrina há vinte anos e ali, eles têm me sido muito úteis. Entre a Universidade e a minha clínica, já tenho mais de vinte mil pacientes atendidos com esse procedimento terapêutico.

Depois, em 1998, especializei-me na Medicina Tradicional Chinesa, hoje apenas fazendo acupuntura auricular para dores em geral.

Atualmente, acrescentei ao meu currículo a Homeopatia, ciência que muito tem me ajudado a tratar as doenças crônicas e também as emoções enfermas. Participo como monitor de ambulatório e professor assistente no Curso de Especialização de Homeopatia de Londrina (CEHL).

ALEX - Que interessante doutor! e como é ser amigo de Hugo Gonçalves?

JOSÉ ANTONIO - É não ficar parado nunca e sempre poder contar com seu amparo espiritual nas horas mais difíceis de nossas vidas.

Digo não ficar parado, porque Hugo está sempre estimulando-nos ao trabalho na Seara do Cristo, através da doutrina consoladora dos espíritos.

Entrei na Casa Espírita, como lhe disse, em setembro de 1983. Em abril de 1987, já estava fazendo minha primeira palestra, por seu empenho. Há mais de vinte anos, pediu-me para dirigir um programa de rádio, em Londrina, que até hoje vai ao ar, com duração de uma hora, pela Rádio Londrina, todos os domingos de manhã. Tem o nome "Além da Vida"...

ALEX - Eu o ouvi algumas vezes pelo site da rádio, é muito bom!

JOSÉ ANTONIO - Há mais de vinte e cinco anos ele pediu-me para colaborar no jornal de sua responsabilidade, "O Imortal", onde até hoje tenho uma coluna, "Histórias que nos ensinam", e de onde saiu um livro "Um Minuto com Chico Xavier", que era o nome de uma de minhas colunas por muitos anos, onde apresentava fatos da vida do Médium Mineiro.

Através de Hugo, pude conhecer as figuras mais importantes do Espiritismo em todo esse tempo, grandes divulgadores do Espiritismo, que muito me ajudaram no meu desenvolvimento espiritual e na minha conduta como espírita praticante.

ALEX - Através desta amizade, você pôde conhecer na intimidade o médium Divaldo Pereira Franco, Raul Teixeira...dentre outros, pois tantos passaram por aqui na casa do paizinho, assim como também José Soares Cardoso, Eurícledes Formiga...Como era isso e o que isto significa pra você?

JOSÉ ANTONIO - Conhecer trabalhadores Espíritas com anos de estrada, quando você está apenas começando, é como receber um norte para sua caminhada dentro da Seara Cristã. A abnegação de Divaldo, bem como suas palestras; a seriedade e preocupação com a pureza doutrinária, de Heloísa Pires e Raul Teixeira; a Humildade e a Caridade constante, na vida de Chico a quem também tive a oportunidade de visitar e ouvi-lo dizer da importância de Hugo Gonçalves para o Espiritismo do Brasil, além de dizer que lia "O Imortal".

Eurícledes Formiga, não conheci pessoalmente, mas ouvi palestras suas gravadas que Hugo guardava com carinho. José Soares Cardoso transformava as mensagens cristãs em hinos poéticos...

Inegavelmente, conhecer a todos esses excepcionais trabalhadores cristãos, cada um com sua característica, é como receber de Jesus os Talentos para serem multiplicados. Só me sustentaram na estrada que tenho percorrida, junto de minha esposa, em prol da divulgação da Doutrina dos Espíritos.

ALEX - Você entrevistou o Divaldo várias vezes, não foi? Ele dormia aqui? Lembra-se de algo especial que vocês viveram nesta casa?

JOSÉ ANTONIO - Na verdade, desde que comecei a frequentar a Casa Espírita, não me lembro de Divaldo pernoitar na residência de Hugo, creio que isso ocorreu mais no começo de suas atividades, quando passava por aqui.

Toda vez que por aqui passava, Hugo pedia que eu o entrevistasse para "O Imortal", ele se sentava bem aí onde você está. E pedia também que eu o apresentasse nas suas conferências, que se dava no Clube Harmonia, de nossa cidade.

Ao lado de Divaldo é difícil você não viver algo sublime.

Em 1998, no meio do ano, fui acometido de um infarto leve, que me levou a viver dias bastante inseguros, mas que enfrentamos apenas no ambiente doméstico, sem que ninguém mais ficasse sabendo. Como não houve intervenção cirúrgica, minha família manteve-se em silêncio. No final daquele ano, Divaldo veio para uma conferência aqui em Cambé, e quando almoçávamos aqui na casa de Hugo e Dulce, sua fiel companheira, esposa e amiga, algo muito significativo ocorreu. Almoçávamos em mais de sessenta pessoas, em uma mesa que foi preparada na forma de um “U”. Hugo, Divaldo e mais alguém da Federação Paranaense ocupavam a cabeceira. Eu estava bem na ponta, conversando com Astolfo, atual diretor de "O Imortal" e um dos coordenadores da revista eletrônica http://www.oconsolador.com.br/, de apresentação semanal, quando subitamente senti duas mãos sobre meus ombros. Olhei para trás e deparei-me com Divaldo, que já havia terminado seu almoço, sem que percebêssemos.

Ele cumprimentou-me e disse-me: "Meu caro Dr. Antônio, o espírito Cairbar Schutell acabou de passar por aqui e pediu-me que lhe um felicitasse. Disse-me que você passou por um problema cardíaco há alguns meses e que era para terminar com sua desencarnação poucos meses depois, mas que você ganhou uma moratória, e isso, devido ao seu esforço sincero em se melhorar". Virou-se e foi embora, sem mais nenhum comentário.

ALEX - E aquela história que você comentou sobre ter ido á Santo André e ele ter-lhe chamado de longe?

JOSÉ ANTONIO - Há dezoito anos, no mês de março de 1994, inauguramos uma Instituição Espírita em frente a um bairro bem pobre da cidade de Londrina, com o nome de "Belém, A Casa do Pão". Hoje, Núcleo Espírita Hugo Gonçalves. Quando Divaldo estava completando cinquenta anos de Mediunidade, houve uma grande confraternização na cidade de Santo André, em São Paulo, onde todo ano há um encontro com ele, a favor da mansão do caminho, encontro coordenado pelos também grandes trabalhadores, Miguel de Jesus Sardano e sua esposa, Dona Terezinha, a quem temos o prazer de privar da amizade.

Naquela época, nosso núcleo estava sendo testado espiritualmente e os trabalhadores mais sensíveis começaram a se melindrar, assumindo comportamentos que dividiam o grupo, foi muito difícil. E, na viagem para lá, com minha esposa, no caminho decidi: Vou deixar a Casa do Pão, será melhor para todos (sempre fui um dos dirigentes). Minha esposa achou prematuro, mas não discordou. Paramos em Itapetininga, cidade de minha família, onde nasci. Minha esposa ficou lá e meu irmão Ivan, também espírita dedicado, me levou.

Quando chegamos, aproximadamente ás 15 horas, havia dois auditórios, um para mais de mil pessoas, onde muita gente aguardava para a conferência que seria às 18 h, e outro menor, para umas trezentas pessoas, onde Divaldo autografava. Todos aguardavam sentados. Terminava um autógrafo, o próximo se levantava. Quando adentrei o recinto, com meu irmão, após cumprimentar Dona Terezinha e Miguel, vi que Divaldo olhava em minha direção. Em seguida, me acenou para que me aproximasse. Aproximei-me e, após os cumprimentos, perguntou-me porque eu estava tão longe de casa. E disse-lhe que era para participar daquele acontecimento importante em sua vida. Então, falou-me algo que me impressionou: "Meu caro doutor, pergunto isso porque, há dois dias, em Salvador, o espírito Cairbar Schutel me procurou pedindo que lhe desse um recado. E eu fiquei incomodado porque, como iria dar-lhe um recado, eu aqui na Bahia e você lá no Paraná? E agora, vejo-o aqui em minha frente. Ele pediu-me para dizer-lhe para não deixar aquela Casa do bairro onde vocês dão assistência. Disse que os problemas todos são de ordem espiritual e que eles vão resolver pelo lado de lá."

Olhei, indignado, para Divaldo, e falei: "Mas Divaldo, eu tomei essa decisão hoje!" Antes nem me passava pela cabeça. E ele veio dar o recado há dois dias?!?...

Livro do dr.José Antonio
ALEX - É a Espiritualidade com seus feitos não é doutor (risos)! Emocionante suas experiências com o nosso "Semeador de Estrelas". E com o nosso "Cisco", você teve “Um minuto com Chico Xavier” também? Ou dois, ou três, ou quatro...?(risos)


JOSÉ ANTONIO - Por mais de dez anos, sentindo que os casos sobre a vida de Chico nos ajudavam a elevar as vibrações, passei a transferi-los para o jornal O Imortal, com esse nome na coluna: Um Minuto com Chico Xavier. Havia percebido que um minuto ao lado do médium mineiro, fiel representante de Jesus e Kardec nas terras brasileiras, geravam luzes para muito tempo em nossas vidas.

Quando pensei em transformar em livro, essa coluna, juntei histórias de sua vida que muito me marcaram e acrescentei algumas inéditas, principalmente porque havia conhecido Dona Iracy Karpati, paulistana, e amiga pessoal do Chico, que as contou. E graças a ela, tive um dia de sábado, em Uberaba, sonhado por todos os Espíritas atuantes. Tendo sido apresentado por ela a seu filho Eurípedes, durante a peregrinação da tarde, em bairro carente da cidade, onde Chico e seu grupo levavam o Evangelho e o conforto assistencial para inúmeras famílias, o Evangelho era aberto pelo próprio Chico, lido por seu filho e quatro ou cinco pessoas comentavam três minutinhos. Fui convidado por Eurípedes para o comentário. À noite, após todos os trabalhos, também consentiram, na companhia de Dona Iracy, de adentrar a casa dele, para cumprimentá-lo. Foi ali que eu o ouvi falar de Hugo. Dona Iracy me apresentou dizendo: Chico, este é o Dr. José Antônio, de Cambé, no Paraná. Chico respondeu: Do Imortal, do Hugo. Grande trabalhador do Cristo é Hugo.

ALEX - Fale um pouco para nós sobre esta sua obra literária.


JOSÉ ANTONIO - "Um minuto com Chico Xavier" foi o único livro que escrevi. Os demais trabalhos são pelo jornal "O Imortal", pela rádio e pela TV, onde participei por vários anos na cidade de Londrina.

ALEX - Fale um pouco sobre a sua participação em “O Imortal”, “O Consolador” e outros periódicos.

JOSÉ ANTONIO - Nesses vinte seis anos de jornal, iniciei com uma coluna chamada 'Em Poucas Palavras', que mantive por muitos anos. Depois, acrescentei o 'Um Minuto com Chico', em seguida, 'Estudando Kardec', mais adiante, 'Nos Passos do Evangelho', além das entrevistas que fiz por muitos anos. Hoje, sou responsável apenas coluna 'Histórias que nos Ensinam'.

Atualmente, a pedido do Astolfo, iniciei 'Um Minuto com Chico' na revista eletrônica semanal www.oconsolador.com.br .

ALEX - Falando agora de Jerônimo Mendonça, em seu depoimento enviado á nossa obra literária que estamos elaborando, você narra que Jerônimo em desdobramento, foi até o Umbral e entoou aquela música "Pica-Pau" aos espíritos que saiam da lama enquanto ele cantava, e que seu guia espiritual lhe disse: “Os soldados conhecem a voz do seu general”! Seria isto das encarnações anteriores que Célia relata em seu “Asas da Liberdade”?

JOSÉ ANTONIO - Essa história, que ele mesmo nos contou, marcou muito, pela profundidade dos ensinamentos. Ele disse ter-se percebido fora do corpo, durante um desdobramento espiritual, sendo convidado, por seu mentor, para um trabalho de resgate em zonas umbralinas. É do conhecimento da maioria que, encarnado, Jerônimo era cego, mas, o espírito, livre do corpo é também livre de seus obstáculos.

Na beira de um lago lamacento, em região obscura do umbral, percebeu que espíritos enfermos ali se encontravam, como que naufragados, e que colocavam sua cabeça para fora, gemendo, pedindo ajuda. Nessa hora, seu mentor pediu-lhe que cantasse. Ele, sem entender o porquê, começou a cantar a primeira música que veio em sua mente, que era um tipo de marchinha que sua mãe cantava para si, mas que, curiosamente falava do 'Pica-pau', o general da floresta. Indagou de seu mentor a intenção de sua cantoria e foi informado de que muitos daqueles que ali estavam reconheceriam sua voz, pois fora seu líder no passado.

Quanto a serem eles da época narrada no livro, não posso afirmar. Nós já vivemos muitas vidas. Nessa obra ele afirma ter sido Cambises II, um líder guerreiro, filho de Ciro, Imperador da Pérsia. É possível...

José Antonio e Alex em frente ao C.E. Allan Kardec em Cambé
ALEX - Você tem experiências com ele pós-túmulo?

JOSÉ ANTONIO - Sempre que pensamos espontaneamente nele, em horas importantes de nossas vidas, seja durante trabalho, ou mesmo em nosso consultório, queremos acreditar que ele esteja presente.

ALEX - E quando encarnado, ele cantava com você?

JOSÉ ANTONIO - Ele cantava sempre... Sempre muito alegre. Não deixava ninguém perceber que era doente fisicamente (tetraplégico, cardíaco, cego,...). Até porque, era muito saudável espiritualmente. Dizia-nos: Não entendo porque vocês falam em tirar férias... Há tanto trabalho por fazer!

ALEX - E no velório dele, você esteve por lá?

JOSÉ ANTONIO - Não. Fui surpreendido com a notícia de sua desencarnação. Senti muito por não poder mais encontrá-lo encarnado nesta existência, pois ele nos impulsionava, naturalmente, ao otimismo.

ALEX - E ainda nos impulsiona, "que beleza"! E em Londrina, você realiza um trabalho maravilhoso que é a "Casa do Pão - Belém", já citada nesta entrevista. Fale um pouco para nós sobre como se iniciou este labor e como se encontra hoje?

JOSÉ ANTONIO - “Belém, A Casa do Pão” surgiu de uma visita que fizemos em Sacramento, para conhecer os trabalhos de Eurípedes Barsanulfo. Lá conhecemos um empresário de São Paulo que havia fundado a primeira instituição com esse nome com o objetivo de levar o Espiritismo a assistência social à periferia da cidade. Identificamos-nos imediatamente com essa idéia e a trouxemos para nossa região.

Ela é um foco de luz incrustado na Terra. Ali sorvemos as bênçãos que provêm do alto enquanto aprendemos a servir nossos irmãos mais necessitados.

Graças a Deus ela encontra-se profundamente vitalizada, em pleno trabalho.

José Antonio em palestra
ALEX - Chegando aqui em Cambé, só ouvi elogios quanto á sua oratória, qual o motivo de tanto sucesso em suas palestras?

JOSÉ ANTONIO - Não há motivos para tantos elogios. Na verdade, Hugo Gonçalves é o grande responsável pela formação de todos os oradores desta casa. Ele é o pilar que nos sustenta a todos. Se tenho sido feliz quando falo, é porque aprendi a considerar esse momento um trabalho que não nos pertence, mas, à espiritualidade maior. Nosso dever é estudarmos a Doutrina e o Evangelho de Jesus para sempre termos material para que eles, os benfeitores, distribuam através da intuição, da inspiração.

Na hora das palestras sinto-me como os apóstolos diante da multidão faminta, quando procuraram Jesus perguntando como alimentá-los. Jesus lhes perguntou: O que tendes? Responderam que poucos pães e alguns peixes. E Ele, nosso mestre, os multiplicou.

Então, mesmo que me sinta detentor de pouco conhecimento, nesses momentos confio muito em Jesus e nos benfeitores e sei que não faltará o alimento para os que ali compareceram.

ALEX - E para encerrar, vou pedir á você encarecidamente que deixe uma mensagem aos nossos leitores. Aproveito também para lhe agradecer a visita, pois muito me agradou que você tenha vindo conhecer-me, pois esperava muito por isso. É um grande prazer poder vê-lo pessoalmente, se caso você não viesse até aqui na casa do paizinho, eu daria um jeito de ir atrás de você (risos), pois não poderia ir embora de Cambé sem conhecê-lo. Até breve meu irmão, obrigado pelo livro, pela entrevista e pela amizade verdadeira que agora deixou de ser virtual (risos). Que Jesus lhe abençoe!

JOSÉ ANTONIO - Há alguns dias, perguntaram-me porque eu deixei de ser católico para me tornar espírita. Pensei um pouco e respondi: Eu gostava de ser católico, mas o era apenas dentro das Igrejas. Tinha muita dificuldade para trazer o Evangelho de Jesus para minha realidade. O mundo era o espinheiro que me sufocava os ideais superiores.

Quando conheci o Espiritismo, encontrei-me com pessoas que, como eu, estavam cansadas das ilusões do mundo e que buscavam, do fundo de sua alma, a luz maior para suas vidas. E, com a Doutrina dos Espíritos finalmente entendemos o que Jesus queria dizer quando falava que o reino de Deus estava dentro de nós.

Ou, como disse certa vez Chico Xavier: "O Espiritismo é um farol de luz que ilumina o caminho por onde devo trilhar, ao mesmo tempo em que clareia todas as imperfeições que carrego dentro de mim e das quais devo me libertar". Obrigado, Alex.

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