29 de janeiro de 2012

87 - ALEX entrevista PADRE CÉLIO BERNARDES

Ele ordenou-se padre há quase 2 meses.


Quando ía ser apresentado oficialmente como vigário na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ocorreu a Desocupação do Pinheirinho, que ficou conhecido pelo mundo todo nesta semana.

Essa paróquia que faz juz ao nome que leva, fica próxima ao maior acampamento da América Latina, o Pinheirinho. E socorreu naquela noite, há uma semana, 2.500 pessoas que dormiram amontoadas pelos bancos, chãos e corredores da igreja.

Padre Ronildo, o pároco, ao lado do nosso entrevistado, foi um pai á toda comunidade.

Nosso entrevistado desde ás 6:30hs do dia 22 de janeiro de 2012, atualiza á todo momento informações em sua página de uma rede social, mantendo assim todos bem informados sobre o que está ocorrendo naquela localidade.

Ele cedeu entrevistas para diversos órgãos da imprensa nacional e internacional.

Agora é a nossa vez, sem querer fazer apologia á nenhum partido político, religião, mídia ou qualquer coisa do gênero, nós o entrevistamos nesta quinta-feira, dia 26 de janeiro, onde ele nos concedeu esta entrevista devido á nossa amizade de quase 17 anos, seguindo os critérios da liberdade de imprensa e opiniões.

O nosso entrevistado é o Padre Célio Alves Bernardes.

Alex Guimarães e Padre Célio

ALEX - Querido amigo Célio, está dificil chamá-lo de padre devido á nossa antiga amizade, mas você é o sacerdote deste povo que hoje é acolhido por você na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, juntamente do padre Ronildo. Sei que você está desde o início da desocupação passando todos os detalhes pela internet á quem busca informações verdadeiras sobre o "Caso Pinheirinho". Como e quando este povo chegou aqui na Igreja?

PADRE CÉLIO – O povo chegou na paróquia no domingo á noite porque não tinham para onde ir. Algumas dezenas foram para o abrigo na escola do Caic no bairro Dom Pedro e outros não tinham onde ficar. Juntos deles (os que vieram para a igreja) haviam alguns líderes e por bem eles acharam que a Igreja seria um local seguro. Por que se eles ficassem na rua iriam apanhar sem dúvida alguma. Eles chegaram por volta das 21:30 e entraram na paróquia.

ALEX - Vemos aqui neste momento ecumênico um espírita entrevistando um padre. E nesta paróquia entre os desabrigados tivemos irmãos de várias religiões, não é verdade? O que eles tem conversado contigo sobre fé?

PADRE CÉLIO – Essa diversidade de credos eu não saberei te dizer quais seriam suas denominações religiosas que existiam, mas encontrei sim por exemplo uma senhora que não queria entrar dentro da igreja por causa de sua religião, mas depois acabou cedendo por que começou á chover. Ela ficou ali tranquila, cumprimentava e conversava normalmente conosco. Eu poderia dizer que o único diálogo em conceito de fé e religião foi com um pastor do Pinheirinho que agradeceu a receptividade da Igreja Católica nesse momento de dor e ausência de moradia para eles. Após o seu agradecimento eu lhe disse que nós estamos aí para multiplicar forças e não para dizer quem é superior ou inferior, independentemente de momentos de dor ou não, a minha concepção de vida é de que em todos os momentos nós somos todos iguais.

Pessoas deitadas no chão da igreja
ALEX – E as celebrações ou missas, foram realizadas algumas diante das pessoas amontoadas?

PADRE CÉLIO – Não! Eu vou utilizar uma palavra do padre Ronildo, quando uma das pessoas perguntou á ele: “Padre, não vai ter missa? E o sacrário, Jesus está lá?” E o padre Ronildo respondeu assim: “Todos que estão aqui são “Jesus”, contemplar Jesus no sacrário também é contemplar essas pessoas aqui, que para nós cristãos que somos criados á imagem e semelhança de Deus, não há nada melhor que esta própria adoração de vida que está acontecendo aqui, que é o gesto de caridade para com esses irmãos que estão aqui. Isso sim é a verdadeira adoração e a verdadeira missa, que já está ocorrendo na multiplicação dos pães, dos alimentos, de tudo aquilo que estamos recebendo aqui como doações.

ALEX – Eu me lembro que dentro do Pinheirinho havia uma igreja...

PADRE CÉLIO - ...Uma comunidade!

ALEX – Isso! A Comunidade Madre Tereza de Calcutá. E pelos noticiários, ficamos á saber que ela e aquele galpão grande foram os primeiros á serem demolidos...

PADRE CÉLIO – A capela e o galpão foram os primeiros locais á serem demolidos, por que? Porque o padre Ronildo havia pedido ao povo que caso acontecesse alguma coisa, era para as mães e as crianças correrem para lá, estes deveriam ser os primeiros lugares em que eles se esconderiam. Então demolir ali primeiro foi uma artemanha de quem estava á frente das demolições, para que as pessoas não tivessem onde se refugiarem. Sabendo á todo momento que poderia haver reintegração de posse, a maior parte das cadeiras da igreja foram retiradas, foram gastos ali oitenta mil reais para que houvesse todo aquele aparato para o povo do Pinheirinho, é claro, isso foi gasto durante os 8 anos para se alcançar este valor, não foi do dia para a noite, pois não teríamos condições, nem dentro da igreja da matriz teríamos condições de fazer isso, ali no Pinheirinho seria muito fácil levantarmos um barracão ou algo assim, mas não, procuramos na medida do possível dar o melhor que nós podíamos para aquele povo.

ALEX – E as imagens que haviam lá dentro, deu tempo de retirá-las?

Lado externa da Paróquia N.S. do Perpétuo Socorro
PADRE CÉLIO – Eu ainda não tenho respostas sobre onde estão as imagens, mas elas estavam com a zeladora da comunidade, que as tirou de lá antes e que por sinal é uma senhora muito simpática, que com certeza, está em algum lugar e guardando muito bem as imagens.

ALEX – Além de você e do padre Ronildo, quais outras almas caridosas estiveram lhes ajudando?

PADRE CÉLIO – Dom Moacir, nosso bispo acompanhou tudo de muito perto, alguns padres também acompanharam junto á nós, pessoas de Ong’s religiosas ou não, assistentes sociais de diversas circunferências de nossa cidade. Recebemos ajudas de praticamente todo o Vale do Paraíba. Recordo-me de um gesto muito bonito de uma moça de uns 35 anos que doou para nós um caminhão baú cheio de galões d’água desses de 5 ou 6 litros cada. Aquilo para nós foi a “salvação da pátria”, sobretudo para as crianças e os idosos.

ALEX – Falando em água, faltou água no local, não foi?

PADRE CÉLIO – É outra questão que ficou sob suspeita, pois para a própria paróquia e casas vizinhas cortaram a água da Sabesp.

ALEX – Somente na igreja e nas casas vizinhas?

PADRE CÉLIO – Só! Recordo que depois vendo os jornais nem a prefeitura e nem a Sabesp souberam dar explicações sobre o corte d’água. Nós ficamos também sem telefone fixo na paróquia, diante da situação procuramos saber onde que foi, pois como estávamos com problemas internos devido a construção que estamos fazendo na paróquia da nova secretaria e das novas salas, no caso do telefone pode ter havido um problema interno e não externo.

ALEX – E os banheiros, como é que eles eram utilizados por estas pessoas?

PADRE CÉLIO – Como eu já lhe disse, nós estamos em construção. Como uma paróquia normal no seu dia a dia, os banheiros que nós tínhamos á disposição ( á disposição para o povo nas missas que chegam á ter de 600 á 800 pessoas) estão em construção e agora estão servindo para uso dessas pessoas nestes momentos. Nós não tínhamos estrutura para tanta gente como no domingo para segunda, dormiram quase 2.500 pessoas, tanto dentro da igreja quanto fora da igreja, então o saneamento e a higiene dentro do banheiro era precária, nós sempre tínhamos uma equipe ali e foi muito bonito a atitude do próprio povo do Pinheirinho, pois eles mesmo se organizavam para fazerem a limpeza não somente nos banheiros, para darem o seu melhor ás crianças e aos idosos. Nós tínhamos dentro do recinto da igreja: mulher com câncer, com cadeira de rodas... e a questão da limpeza era fundamental principalmente para estas pessoas mais vulneráveis devido a imunidade do corporal.

ALEX – Você falou das crianças, eu trabalhando nos bairros vizinhos e em volta da igreja pude presenciar como estava a situação, parecia um cenário de guerra civil, eram carros queimados, comércios fechados, construções quebradas, viaturas por todos os lados, ruas vazias, helicóptero sobrevoando sob nossas cabeças...E eu ficava imaginando como as crianças estavam reagindo á tudo aquilo, ouvindo os helicópteros e as bombas explodindo lá fora...Como era confortar e explicar tudo isso para as crianças?

Um dos corredores laterais da Igreja. Foto:Filipe Jordão
PADRE CÉLIO – Algumas pessoas da paróquia graças a Deus nos ajudaram muito para tentar distrair aquelas crianças, tivemos alguns adolescentes e jovens que nos deram também esta ajuda. E sempre quando o helicóptero passava sobre nós ficávamos imaginando ali como algo provocador para a comunidade, eles temiam muito á questão do policiamento. Antes de ontem, na terça-feira á tarde, uma viatura entrou dentro do pátio da igreja, á princípio houve até um tumulto, onde tive que ir lá acalmá-los e fui ver com os policiais o que eles queriam, e eles disseram: “Não padre! Vocês estão precisando de alguma coisa, algum reforço aqui?” E eu pensei comigo, é claro que eu não falei “O único reforço que eu preciso é de que vocês saiam daqui para não criar tumulto” As pessoas estavam com muito medo dos policiais porque eles estavam batendo mesmo e com a guarda municipal também estava havendo muita desavença...então o nosso maior medo em relação ás crianças era isso daí. Recordo-me que um dos nossos amigos que é o atual presidente da AESE da Escola Sócio-Política da Diocese, na terça-feira á noite ele comentou comigo que ele estava passando em dos corredores de uma das laterais da igreja e uma criança perguntou pra ele “Ô padre, quando é que nós vamos voltar para casa? “ E a criança olhava para ele com os olhos cheios de lágrimas...Eram fatos assim que marcaram muito ali. Posso dizer que a concepção de vida do ser humano, de sua própria dignidade e do próprio governo em si, foi mudado totalmente a sua concepção que se tinha desse aparato todo.

ALEX – Em seus comentários na internet, em um deles você disse: “É muito fácil ficar acomodados nos bancos de nossas igrejas, nos púlpitos...É fácil rezar, dizer que somos criados a imagem e semelhança de um Criador...É fácil fazer revelações da vida alheia...é fácil entrar na corrupção para se tornar corrupto...É fazer dizer que tem anjos aqui...é fácil dizer que somos comovidos por sentimentos religiosos..." e eu creio ter entendido o seu desabafo, assim como muitos que compartilharam isso contigo! O que você poderia dizer sobre todas estas frases? Parabéns Padre Célio!

PADRE CÉLIO – Eu disse isso por que? Também como um desabafo. Eu acredito que partindo da minha vida pessoal, diante daquilo que eu vivi. Eu acredito que diante do que Jesus Cristo fez e tantos líderes também fizeram de não ficar somente só na falácia, só na fala, de não ficar somente no “blá blá blá” como se diz, mas sobretudo na vida ativa, na vida prática, tudo aquilo que nós celebramos com fé. Acho muito bonito a expressão de Jesus quando ele diz assim: “Seria muito cômodo se nós pudessemos adorar aquilo que nós não vemos” Como eu posso adorar aquilo que eu não vejo? Se de repente eu não uso de caridade com aquelas pessoas a quem eu vejo? Eu escrevi isso para aquelas pessoas que eu esperava poderem ajudar e não ajudaram. Pessoas que diziam estar do lado dos pobres, dos excluídos, diziam ter uma vida ativa dentro de nossas igrejas e estavam repudiando totalmente, fazendo diferença. Alguns que eu percebi, até estavam ao lado do povo, mas não estavam ali para ajudar . Um fato que sempre me colocaram e que você também me perguntou no facebook, era sobre no que poderiam ajudar, do que precisava? E eu respondi do que precisava naquele momento, mas ninguém de quem haviam-me perguntado chegaram lá para dar ajuda. As pessoas estavam vendo do que precisava ali e precisava vir me perguntar o que estava faltando? Eu já havia respondido ali. Essas atitudes era até uma incoerência, teve uma pessoa que me disse assim: “Você está fazendo isso por causa do sentimento religioso, só porque voce é padre...” Não, eu faço isso porque primeiramente sou cidadão. E como todo cidadão eu tenho que cuidar da vida independentemente de quem eu seja, a vida deve falar tudo em primeiro lugar. Independentemente do credo ou quem seja, a vida deve sobrepor a todas as demais coisas para nós . Então para mim foi um incômodo muito grande, até depois coloquei no facebook: “agora eu sei em quais pessoas eu posso confiar”, pessoas com quem eu não esperava que estariam ali colaborando, foram as pessoas que mais deram e doaram de si, até eu mesmo me surpreendi, diante de todas as nossas atitudes, enfrentar coisas que nós nunca enfrentamos. Eu nunca havia imaginado a situação de guerra que estava ali, a situação totalmente precária, nós demos um pouquinho do melhor de nós, então meu incômodo foi realmente disso, de pessoas que se dizem de repente cristãs, que poderiam ter colaborado da melhor maneira e não colaboraram. Até mesmo pessoas de dentro da política que poderiam ter-se doado muito mais e não se doaram infelizmente.

ALEX – Ontem nós vimos as pessoas passando pelos bairros em uma verdadeira “marcha” que sairam da igreja rumo ate os abrigos, inclusive ocorreu aquele problema quando chegaram no jardim Morumbi, que a prefeitura disse para eles irem lá e depois estava super lotado. Sendo necessário que eles fossem até o Vale doSol e em outros abrigos também. O que os levaram a deixar a igreja a fim de procurar os abrigos? O que aconteceu?

PADRE CÉLIO – O próprio movimento em si. Eles já tinham consciencia e já tinham falado para nós, sobretudo ao Padre Ronildo, que ali era o local urgente que eles precisavam ficar, porque senão eles iriam apanhar fora dali e não teriam condições. Eles mesmos já tinham falado: “Padre a gente não vai ficar aqui porque é responsabilidade da prefeitura nos abrigar e a paróquia tem que caminhar com suas próprias pernas, tem que continuar seus trabalhos, batizados...eles mesmo tinham a consciência clara e tranquila que no entanto a igreja fez o papel de mediador de paz entre eles e a prefeitura, o Padre Ronildo fez um excelente trabalho de diálogo e continua fazendo ainda esse trabalho entre os líderes e a prefeitura. O governo municipal não acreditou na quantidade de pessoas que o Padre Ronildo havia dito, preferiram acreditar nas pessoas ligadas a prefeitura e seus funcionários que havia passado um número “x” de pessoas, e até teve uma pessoa do governo que não acreditou quando dissemos a quantidade de pessoas, alegando que a responsabilidade também fosse da igreja e tudo mais. O Padre Ronildo havia respondido que quando eles saissem pelas ruas, eles estariam dispostos a irem para os determinados abrigos, pois isso eles mesmo já haviam determinado, eles haviam até dado uma data e horário para sairem da igreja. Mas nós os orientamos em todos os sentidos, para que todas as coisas pudessem ser apaziguadas na melhor maneira possível e que não houvesse guerra, pois se eles saissem dali naquele dia as pessoas poderiam ser apanhadas e tudo mais. Então falamos: “é melhor ficarem mais uma noite aqui, como tudo está caminhando bem, o diálogo entre vocês e a prefeitura, que nós estamos monitorando fazendo meio campo, amanhã por exemplo, vocês podem sair tranquilamente.”

Eu volto a repitir : O governo não acreditou no nosso numero de pessoas. Oque aconteceu ? Nós orientamos todas as pessoas na melhor maneira de se caminhar, e assim eles foram para o abrigo, a Secretaria do Governo havia dado primeiramente o abrigo do Vale do Sol como opção e depois o do Morumbi. Como eles decidiram ir para o Morumbi, nós havíamos dito o número “x” de pessoas, que era um número muito maior que os próprios membros da prefeitura haviam passado para o governo e foi aquilo o que aconteceu depois! Chegaram lá e viram que o número de abrigados havia ultrapassado o limite, a prefeitura teve “se virar” no sentido positivo de que também teriam que procurar abrigo para as demais pessoas que não pudessem ficar separadas. E foi que aconteceu, eles tiveram que dar o suporte necessário para aquele povo todo.

Um dos abrigos do Pinheirinho cedido pela Prefeitura
ALEX – E essa informações que você esté passando para nós via internet? Você tinha um computador á sua disposição 24hs? Como você fazia? Pois você passa as informações minuto á minuto e sempre verdadeiras!

PADRE CÉLIO – Eu não tinha um computador sempre a minha disposição, mas eu via muita coisa, ouvia da mídia, quando ficava na Catedral ligava para a paróquia para saber o que estava ocorrendo, mas ficava mais na paróquia e por ela ter um computador próprio eu pedi para o diácono para que o deixasse ligado 24hs, era necessário para que pudesse estar ali atualizando. Sempre que eu podia dava intervalo no modo de dizer para escrever, porque nunca se tinha intervalo, teve noites mesmo após os trabalhos pastorais eu não conseguia dormir porque a cabeça estava “a mil”, por causa da preocupação e também por causa da indignação de tudo que estava acontecendo ali, muitas marcas “assim” ficaram gravadas na memória e sempre quando tinha um tempinho eu ia lá e atualizava. Via algumas coisas nas reportagens sobre aqui que eu não concordava, porque não havia acontecido e eu colocava lá na internet desmentindo. Houve até um fato onde eu desmenti um jornalista na frente de todos porque a informação falsa que ele havia passado, á nossa frente ele estava negando que havia publicado. E eu disse “Acabei de ver esta informação lá, não passe informação deturpada para o povo.” Para ele foi um pouco constrangedor, mas foi a única maneira que eu encontrei para poder dizer “passe a informação certa, porque a minha está distorcendo.” Depois disso o que acabou acontecendo? Alguns jornais começaram á passar aquilo que realmente estava acontecendo no local, mas caso contrário eles mesmo estavam perdendo a credibilidade, até mesmo porque ali tinham dezenas de movimentos sociais do Brasil inteiro que estavam ali dormindo junto com o povo. E eles também sempre estavam atualizando em seus meios o que estava acontecendo ali. Penso eu que a própria mídia viu que as coisas não estavam caminhando da forma que eles estavam mostrando, então ali diante do computador da paroquia foi a maneira que eu encontrei de atualizar tudo isso.

ALEX – Você ordenou-se padre há pouco mais de um mês e já está desenvolvendo essa missão extraordinária. Que mensagem você tirou ou está tirando de tudo isso? Oque você poderia compartilhar conosco de tudo isso que ocorreu nesses dias?

Padre Célio – Dentro desse um mês e vinte e três dias de Padre, depois que Dom Moacir me nomeou vigário desta paróquia, onde na verdade eu nem assumi oficialmente como vigário paroquial...

ALEX – Não deu tempo devido á desapropiação...

PADRE CÉLIO - Está marcado e deixo aqui o convite para o dia 09 de fevereiro, numa quinta-feira, onde vou ser apresentado oficialmente na paroquia e como nós estavamos esperando que tudo isso pudesse acontecer tão já e da maneira como aconteceu, e sobretudo a solidariedade ao Padre Ronildo e também ao povo, e por dever de consciência daquela situação toda, principalmente porque eu gosto das ações sociais, de estar nessas questões todas, eu resolvi então doar-se e pedi há alguns padres que me ajudaram a celebrar aqui para que eu pudesse ter tempo disponivel para ficar 24 hs ao povo do Pinheirinho. Eu posso dizer que mudou completamente a minha maneira de vida e do próprio pensar, até a própria questão política, a própria questão da fé, de acreditar verdadeiramente naquilo que para nós Cristo deixou e que não devemos fugir da própria realidade. É muito fácil eu alienar um povo com as minhas convicções, com aquilo que eu creio e apartir dessa experiência com o povo do Pinheirinho, mudei completamente toda a minha visão social de estar junto com os pobres, com os necessitados e sobretudo, que tem que dar atenção a todos de maneira especial. Quando o Padre Zezinho deu aula para nós, depois ele disse na missa de 25 anos de sacerdócio na nossa diocesse: “ Na nossa função de padre, sobretudo para quem vai ser padre, nossa função é ser voz daqueles que não falam e é tirar da cruz aquilo que estão crucificando.” E isso marcou muito. É isso que apartir dessa experiência vou fazer do meu Ministério...

(Neste momento alguém bate á porta na sala em que nos encontrávamos fazendo a entrevista, e padre Célio é surpreendido por uma notícia: A senhora que ele havia acabado de visitar em um hospital, ministrando nela o sacramento da Unção dos Enfermos, gesto este tão importante para os católicos quando eles estão doentes ou moribundos, havia acabado de morrer. Interrompemos a nossa entrevista, nos dirigimos á secretaria e em seguida entramos na igreja para continuar a nossa entrevista. E eis que continuamos á gravar á seguir)

ALEX – Desculpa falar nisso, mas acabamos de receber uma noticia, que quero até utilizar para fazer esta pergunta. Durante a nossa entrevista você acabou de ficar sabendo que após fazer a Unção numa senhora, logo em seguida ela faleceu. O quê voce sentiu nesse momento? Você acabou de se ordenar padre e já aconteceu um fato desse, o que voce poderia nos dizer?

PADRE CÉLIO – Eu poderia falar que tudo é um mistério de fé. Já dei várias unções para diversas pessoas, mas essa é a primeira que marca, porque acabei de ir lá, por questão de minutos, há menos de uma hora passei no hospital. A senhora estava muito debilitada, mas consciente. Conversei com ela e ela respondia com muita difilculdade, a acompanhante que estava com ela entendia tudo. Agora quando a secretária me deu a notícia, primeiro deu-me um nó na garganta e depois eu me arrepiei! São experiências de Deus e que posso dizer com toda convicção que vale a pena ser Padre, esta vocação que Deus me concede. E para estar tambem junto com as demais pessoas e sobretudo que valha a pena viver pela vida. Lutar por elas junto com as pessoas e em todos momentos. É como alguém me disse “Fui ordenado para isso! Para estar juntamente com o povo! Certamente às vezes a gente sofre, ás vezes a gente fica doente, mas isso é o de menos. Nós estamos aí para estarmos juntos com os demais, sobretudo com os menos favorecidos da sociedade.

ALEX – Mudando um pouco o rumo da entrevista, quero fazer uma das últimas perguntas: Chico Xavier fazia muitos trabalhos de caridade e acolhimento. Sempre envolvendo-se com as multidões, que eram famintas de pão e da palavra de Deus. O que você diria sobre este cristão exemplo para todas as religiões e muito conhecido também pelos católicos?

Alex Guimarães entrevistando o Pe.Célio Bernardes
PADRE CÉLIO – Eu diria que assim como ele fez tantas coisas, nós também deveríamos fazer, ele é um testemunho para que continuemos a nossa própria jornada e para que também outros cristãos se inspirem na caridade, não vivenciando assim somente o ritualismo, que seria muito fácil, muito cômodo nós participarmos de um ritualismo seja da Igreja Católica ou qualquer outra denominção religiosa, mas sobretudo a caridade e a coerência de vida, é como eu costumo dizer: A mínima moral e ética é o que deve nortear a nossa vida.

ALEX – E o que você poderia dizer sobre a Doutrina Espírita, o Espiritismo?

PADRE CÉLIO – Em relação á Doutrina do Espiritismo, nós católicos respeitamos mesmo diante e independentemente de alguns contrapontos que possam existir entre nós. Eu acredito que todo diálogo, seja com qual religião for, ela deve ser incomum para a vida da pessoa humana, independente de quem seja, de raça, sexo, enfim...devemos lutar juntos pela vida, que para mim é o principal ideal.

ALEX – No seminário, em um determinado período dos estudos á caminho de ordenar-se sacerdote, tem-se que ler livros de diversas doutrinas e religiões, para entendê-las e aprender um pouco sobre elas. Você chegou á ler alguma obra espírita ou livros de Allan Kardec?

PADRE CÉLIO – Eu não cheguei á ler nenhum escrito ou livro de Allan Kardec ou do Espiritismo, mas nós temos sim a Filosofia da Religião e também na Teologia estuda-se as outras religiões, e dentre elas o Espiritismo. Só que em ambas faculdades que eu fiz os professores nos deixaram livres para fazermos pesquisas de uma determinada religião e depois nós apresentávamos como se fosse um laboratório com aula expositiva. Eu acabei fugindo e fui para a Umbanda (risos). Então meu grupo apresentou esta denominação. Cheguei á ler algumas coisas sobre a Umbanda para esta apresentação . Então propriamente sobre o Espiritismo ou Allan Kardec eu não cheguei á ler.

ALEX – E então para encerrar a nossa entrevista bem ecumênica, eu gostaria de saber o que você deixaria como mensagem para os nossos leitores católicos que tanto apreciam o nosso blog?

PADRE CÉLIO – Esses dias uma jovem chegou em mim e disse assim “Padre, eu li tal livro e ele mexeu muito comigo, abalou a minha fé “ Eu costumo dizer assim “Quem tem uma fé, ou seja, quem tem uma convicção religiosa, pode ler de tudo para saber o que está acontecendo...” é claro, temos que tirar as coisas boas, e se há algo ali que você não está coerente, não precisa deixar abalar a sua fé, se isto ocorrer, significa que a sua estrutura está afetada em alguma coisa, agora para quem tem convicção da sua própria fé, da sua religião, enfim...daquilo que acredita, você sabe purificar algo do que você lê, sabe purificar determinado acontecimento da história, você sabe purificar algo que você está vendo á sua frente...Seria muito conflituoso eu começar á ler algo aqui e ler algo lá, ficar pingando igual chuva por aí e chegar á lugar nenhum.

ALEX – Célio, ou melhor, padre Célio (risos), deixo o meu agradecimento por ter atendido este pedido de nossa entrevista, mesmo você estando tão atarefado neste momento complicado e mesmo sendo um padre que obedece a hierarquia da Igreja e seus votos. Parabéns pela coragem de se expôr neste "Caso Pinheirinho", de escrever tantas coisas direcionadas aos políticos, ao clero, á polícia...Continue assim meu irmão, que se você já fez isso em um pouco mais de 30 dias de ordenação, imagine o que fará futuramente! Que Jesus continue a lhe abençoar sempre e que Nossa Senhora cubra-lhe com seu manto protetor, iluminando-te sempre.

PADRE CÉLIO – A minha gratidão é pela nossa amizade, estamos aí sempre disponíveis na medida do possível, diante das “correrias” no modo de dizer, por que a nossa atividade está sempre em prol da vida, eu bato muito nessa tecla. E vamos caminhar juntos cada qual na sua própria convicção, mas com o mesmo amor, que é o zelo pela pessoa humana na sua integridade . E não vamos desanimar por não lutar, aquilo que deve ser denunciado tem que ser denunciado, por mais que isso nos custe a vida. Eu costumo dizer ás pessoas mesmo dentro de minha familia que eu prefiro de repente ser punido dizendo a verdade do que se omitir diante de uma realidade que não convém. Então vamos lutar pela justiça, pela verdade, não basta somente uma justiça natural ou jurisprudência que favoreça somente grupos isolados, isso não é justiça, isto é isolamento e manipulação de idéias para com as outras pessoas, o que eu pretendo fazer da vida e do meu ministério é abrir o leque das vidas das pessoas. Hoje em dia muitas pessoas ao invés de viverem uma vida de solidão elas vivem uma vida solitária, ao invés de viverem uma vida no horizonte vivem somente funiladas no seu próprio mundo, no seu individualismo, no seu egocentrismo. Paz e Alegria, vamos em frente, a vida continua!


NOTA: O Padre Célio Alves Bernardes nos concedeu a entrevista devido á nossa amizade e para comentar sobre o Pinheirinho. O sacerdote católico apostólico romano não está ligado ao nosso blog, nem á nossa Doutrina e tão menos aos nossos anúncios abaixo desta entrevista. 



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VOCÊ!!!

INDEPENDENTEMENTE DE SUA FÉ ou PARTIDO POLÍTICO, LEIA O CARTAZ ABAIXO:



   

    Vale também lembrar que muitos animais foram deixados para trás pelos moradores durante a desocupação e precisam de ajuda também.

   Muitos deles estão juntos dos donos nos abrigos amarrados embaixo de árvores, tomando chuva e necessitando de mais cuidados. Muitas familias são apegadas aos seus animais, mas pouco podem fazer. Muitos estão doentes e magros, podendo até transmitir doenças e sarna.

   Existem pessoas que estão ajudando estes animais doando-se diariamente visitando-os nos abrigos e na própria área desocupada do Pinheirinho, onde os animais de grande porte foram retirados e levados para um lugar seguro pela Prefeitura.

   Mas existem muitos cães e gatos que estão sendo hospedados por terceiros em suas casas, já que seus donos não conseguem cuidar deles devido á situação em que se encontram nos abrigos de nossa cidade. Muitos desses animais estão internados e voltarão para as familias quando elas já tiverem residência.

   Quem está fazendo este trabalho de cadastramento dos animais juntos aos seus donos são três mulheres que estão determinadas a realizarem este trabalho até o fim: Yolanda, Gisela e Marta.

   Você também pode fazer a sua parte, doando rações ou hospedar um desses animais até que eles fiquem definitivamente com seus donos. Os animais que estão doentes e sujos estão recebendo gratuitamente o tratamento pela caridade de alguns profissionais, você que é veterinário ou tem um pet shop, poderia também nos ajudar. Alguns animais até estão para adoção!

Entre em contato com este grupo que luta pela causa animal neste momento tão dificil:

Yolanda - 3911-4975 - 81853009 
Gisela - 39237479 - 97171073
Marta - 3206-6513



Animais ao lado de seus donos no corredor da igreja

Mais um animal ao lado de seu dono no chão da Igreja





ALOJAMENTOS (ABRIGOS) Cedidos pela PREFEITURA MUNICIPAL de S.J.CAMPOS-SP


* CENTRO ESPORTIVO MARIO WEISS
   Praça Bahia Salvador, 342 - Vale do Sol

* CENTRO ESPORTIVO CAIC - DOM PEDRO
   Av. Adilson José da Cruz, 6120 - Dom Pedro

* GINÁSIO POLIESPORTIVO UBIRATAN
   R. Helenira Rezende Nazareth, 151 - Dom Pedro

* CENTRO COMUNITÁRIO JOÃO CORDEIRO DOS SANTOS
   Av. Eliane Maria Barbiere Soares dos Santos, 180 - Jd. Morumbi

14 de janeiro de 2012

85 - ALEX entrevista GERALDO LEMOS NETO

Ele é escritor, articulista, orador e médium psicógrafo.
Por 12 anos ele foi diretor da UEM (União Espírita Mineira)
Fundou a Vinha de Luz Editora em Belo Horizonte, onde reside.
Ele é historiador e biógrafo de Chico Xavier, com quem conviveu desde 1981.
Ele é quem conserva e mantém a Casa de Chico Xavier em Pedro Leopoldo para visitações.
Ele é também um dos organizadores do anual Encontro Nacional de Amigos de Chico Xavier.
Ele é conhecido por nós simplesmente como "Geraldinho", mas seu nome é Geraldo Lemos Neto.

* Entrevista realizada em set/2011, alguns dias depois de ocorrer o Encontro Amigos de Chico Xavier"

ALEX - Que honra Geraldinho poder entrevistá-lo, a primeira pergunta é sobre o seu início no Espiritismo, conte-nos como foi, por favor.

Geraldo Lemos Neto
GERALDINHO - A honra é nossa caro Alex Sandro. Pelo lado materno, sou integrante de uma família espírita natural da cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, a mesma cidade natal de Chico Xavier. Alguns integrantes da família Machado já eram espíritas antes mesmo de Chico Xavier, no início do século XX, como meus tios avós José Flaviano Machado, ou simplesmente “Zeca”, e Adélia Machado de Figueiredo.

   Minha avó Carmen Machado dos Santos foi colega de grupo escolar de Chico Xavier em sua meninice. Outros tios avós muito queridos conviveram de perto com o desabrochar da mediunidade de Chico Xavier nos primeiros tempos como João Machado Sobrinho, Nair Machado Paschoal e Walter Machado. Temos cartas de Chico Xavier em que ele afirma que minha bisavó Georgina Cândida Machado era a melhor amiga de sua mãe, Maria de São João de Deus. Quando publicamos a biografia CHICO XAVIER – MANDATO DE AMOR pela União Espírita Mineira, em 1992, Chico nos revelou que a casa onde ele nasceu era uma casa geminada, onde metade pertencia ao seus pais e a outra aos meus tios bisavôs Eliseu e Cilia Correa.

ALEX - Que legal! Vizinhos! E como você o conheceu pessoalmente?

Geraldinho e Chico
GERALDINHO - Como já foi dito anteriormente sou de uma família muito próxima a Chico Xavier desde muito tempo e os seus casos, contados em reuniões familiares, sempre me comoveram muito. Então comecei a escrever-lhe cartas de agradecimento nas quais apenas assinava “um amigo” sem me preocupar em registrar o remetente, por imaginá-lo uma pessoa muito ocupada. Em Outubro de 1981, chamado por minha tia avó Nair Machado Paschoal, fui a São Paulo colaborar como voluntário num evento no Centro Espírita União onde Chico lançaria 2 novos livros de sua psicografia. Participei ao lado dela daquela noite inesquecível, trabalhando na arrumação dos livros que Chico autografaria, das 8 horas da noite até as 7:30 horas do dia seguinte, portanto quase 12 horas de serviços ininterruptos. Me impressionou assistir a figura de Chico Xavier com carinho extremo recebendo milhares de visitantes, conversando com eles, estimulando-os em nome de Jesus e ofertando-lhes rosas e livros. Quando já não mais havia ninguém na fila, às 7:30 horas chegou a nossa vez de abraçá-lo. Fiquei estupefato quando Chico chamou-me de Geraldinho (conforme todos em família me chamam) e revelar que gostava muito de receber as minhas cartinhas, que muito lhe alegravam, mas que não entendia o por quê de duas coisas, do fato de eu não as assinar e da razão de não colocar o endereço do remetente para que ele pudesse me responder. Não pude dizer coisa alguma já que as lágrimas me rolavam pelas faces. Em seguida Chico ofertou-me um buquê de rosas e me convidou a visitá-lo em Uberaba. Não preciso dizer que 15 dias depois lá estava eu em Uberaba para conhecer o seu trabalho extraordinário de assistência e consolação em nome da Doutrina Espírita.

   A partir daí desenvolvemos uma amizade que para mim foi um verdadeiro tesouro em minha vida. Aconteceu ainda que me casei em 1986 com a irmã de Vivaldo da Cunha Borges, Eliana, que morava junto com Chico em Uberaba e fazia a diagramação de todos os seus livros. Passei então a ir mais frequentemente a Uberaba, hospedando-me com Chico, com quem pude desfrutar de longas conversas nas madrugadas. Nunca me esquecerei do amado amigo, com quem aprendi a amar Jesus e a raciocinar que a Doutrina Espírita sendo a Doutrina do Cristo Redivivo veio de Jesus para o coração do povo sofredor e aflito, sobrecarregado e sedento de novas luzes.

ALEX - Você também conheceu Martins Peralva? Como era este círculo de amizades que reunia em torno de você, do Chico...Como era a convivência de todos vocês?

Geraldinho, Vivaldo e Chico em 1988

GERALDINHO - Entre 1979 e 1981 fui estudar nos Estados Unidos da América do Norte e ao embarcar para lá ganhei de minha tia avó Nair Machado Paschoal o melhor presente de minha vida, a obra completa de Allan Kardec.

   Foi um período de quietude no campo junto às Montanhas Rochosas nos Estados do Arizona e de Washington, quando me entreguei de alma e coração às reflexões espíritas, guardando a certeza da veracidade de nossos princípios doutrinários. Naquela ocasião desenvolvi os primeiros sinais da psicografia e passei a receber pequenos comunicados de minha avó Carmen destinados aos familiares do Brasil. Minha mãe Gilda se preocupou e buscou auxílio através de sua prima Wanda de Figueiredo Noronha, amiga íntima de Chico Xavier. Indo a Uberaba e consultando o médium voltou com a indicação dele para que eu procurasse ouvir por telefone a opinião de Dona Neném Aluotto Berutto, então presidente da União Espírita Mineira. Assim fiz ouvindo dela a recomendação para suspender as psicografias e procurá-la assim que voltasse a Belo Horizonte.

   Voltei em fevereiro de 1981 e logo na primeira semana “reencontrei” duas almas irmãs que foram para mim verdadeiros pais espirituais, Dona Neném Aluotto Berutto e o Sr. José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Tia Neném e Seu Peralva, como os passei a tratar carinhosamente.

   As primeiras tarefas se desenvolveram em casa dela no Cenáculo Espírita Antônio de Pádua e logo fui convidado por eles a integrar a Cantina Espírita Francisco de Assis, mantida por eles na União Espírita Mineira, aos sábados pela manhã, para a assistência às mães carentes de socorro e amparo material e espiritual. Em breve tempo fui convidado a integrar as atividades da Mocidade Espírita “O Precursor” da União Espírita Mineira onde também “reencontrei” grandes amigos de outrora. Lá tivemos a alegria de participar das primeiras Feiras do Livro Espírita de Belo Horizonte e das primeiras COMEBH – Confraternização das Mocidades Espíritas de Belo Horizonte. Alguns desses amigos já retornaram à vida espiritual como Geraldo Augusto Maia, Telma Núbia Tavares e o maestro Toninho. Outros estão aí trabalhando e servindo em nome da Doutrina como Carlos Henrique Silva Malab e Jussara, Dr. Roberto Lúcio Vieira de Souza e Joana, Marinho Wenceslau Proença Silva, Mary, Wanderley Soares e Maria José, Marcelo Gardini de Almeida, o Professor Alberto do Esperanto, Décio de Araújo Filho, Paulinho Vicente, Alexandre de Senna Gouveia e Ana Maria, William Incalado Marques, Felipe Estabile Morais, Ivanir Severino da Silva e muitos mais.

   Da Mocidade Espírita O Precursor fui convidado por Dona Neném Aluotto a integrar a diretoria da União Espírita Mineira, a partir de 1983. Assumi o cargo de Diretor 2º secretário e minha função era justamente secundar os trabalhos do 1º secretário Martins Peralva, extraordinária personalidade, detentor de grandes conhecimentos doutrinários e renomado escritor espírita. Na diretoria da União Espírita Mineira, além de Dona Neném e de Martins Peralva, tive a grata alegria de conviver com Noraldino de Melo Castro, um dos signatários do Pacto Áureo, do movimento federativo, Pedro Valente da Cunha, Antônio Roberto Fontana, José Alves Neto, Marival Veloso de Matos e Mário Wenceslau Proença Silva. Quando Noraldino desencarnou, Peralva assumiu a vice-presidência e por minha vez passei a Diretor 1º Secretário, responsabilizando-me pelo registro em ata de todos os COFEMG’s ( Conselho Federativo Espírita do Estado de Minas Gerais) que reunia os 15 CRE’s Conselhos Regionais Espíritas espalhados por todo o Estado. Durante o exercício do encargo de direção tive a alegria de fundar o Departamento Editorial da União Espírita Mineira, com o lançamento do livro de autoria mediúnica de Chico Xavier cujo título é BASTÃO DE ARRIMO, que organizamos e lançamos em 1º de Dezembro de 1984, contendo as mensagens de William Machado de Figueiredo, desencarnado em 1941, em Pedro Leopoldo, para sua mãe, minha tia avó Adélia Machado de Figueiredo.

ALEX - Vocês assistiam filmes? Davam risadas? Como era a intimidade com o Chico?

Geraldinho e Chico em 1987
GERALDINHO - Quando convivi mais de perto na intimidade de sua casa de Uberaba, por várias ocasiões assistíamos juntos na casa de Vivaldo da Cunha Borges, meu cunhado que com Chico morava, as fitas em VHS de filmes que faziam a alegria de Chico como foi o caso de Ghost, Jornada nas Estrelas e muitos mais.

   Conversávamos longamente nas madrugadas sobre os temas mais interessantes, com ele sempre nos contando casos curiosos e impressionantes que ocorreram com ele ao longo de sua vida. Ele era de um bom humor extraordinário, sempre pronto a nos trazer notas de alegria e reconforto. Eu diria que Chico tinha os pés no chão, o coração junto de todos nós em atenções, cuidados e afetos puros, e os olhos fixados nas estrelas do firmamento! Acompanhávamos às vezes as suas tarefas do correio, quando o ajudávamos a subscritar caixinhas de mensagens endereçando-as aos seus amigos espalhados por todo o Brasil. Chico psicografava em casa usando um gravador com fitas de música clássica que nós, os amigos, lhe ofertávamos ou que ele mesmo mandava comprar. Apreciava muito os compositores clássicos românticos como Beethoven, Lizt, Chopin, Mendelsson, Brahms e também os mais recentes Sibelius, Mahler, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaréh, e Heitor Villa Lobos, as músicas de canto popular e uma vez ele nos contou que a sua música preferida era o Hi Lily, Hi Lo de um compositor norte-americano. Chico também apreciava muito a música popular brasileira, com grande simpatia por Roberto Carlos.

   Quanto ao cinema meus tios avós costumavam relatar que Chico adorava ir ao cinema de Pedro Leopoldo acompanhado dos amigos e depois se reuniam todos em sua casa ou na casa de André Luiz seu irmão para os comentários. Era de se ver Chico pedindo a meu tio avó Walter Machado, que sempre teve dotes artísticos, para que ele desenhasse os artistas de Holywood, no que era atendido com prazer.

   Todas as pessoas que foram ligadas ao coração de Chico Xavier nas cidades de Pedro Leopoldo e Belo Horizonte atestam que com cada uma delas Chico partilhou o seu amor, a sua bondade natural, a sua alegria espontânea, a sua solidariedade incondicional. Todos são unânimes em afirmar isto, que o amor ao trabalho, a dedicação ao Evangelho de Jesus e à Doutrina Espírita foram suas características mais marcantes, e em especial a sua caridade aliada a uma disciplina impecável para com o serviço da consolação e da esperança. Chico Xavier espalhava alegria por onde passava, com seus casos e anedotas, a rir-se de si mesmo. Ao mesmo tempo era de se ver sua seriedade quando os nossos postulados espíritas cristãos estavam em jogo. Firmeza de caráter e coerência de sentimentos com a luz da razão esclarecida ! Para nós um verdadeiro Apóstolo do Cristo em tempos modernos.

ALEX - Quando ocorreu o desencarne de Chico, como você recebeu esta notícia?

Geraldinho e Chico em Uberaba
GERALDINHO - Eu estava em casa, depois de comemorar muito a vitória do Brasil na Copa do Mundo. Para mim a notícia foi um choque, embora guardasse no íntimo a certeza de que a vida continua e que ele, sem sombra de dúvida, estava finalmente recebendo o salário da paz que merecia como incansável servidor que ele sempre foi de Nosso Senhor Jesus Cristo aqui na Terra.

ALEX - Depois de seu desencarne você teve um reencontro lindo com ele não teve? Entre as noites de 16 e 17 de abril de 2003. O que ocorreu neste desdobramento?

GERALDINHO - Na madrugada entre os dias 16 e 17 de abril de 2003, estando já ausente do trabalho editorial por oito anos, tive singular desdobramento espiritual que me alterou sobremaneira o destino. Encontrei-me inicialmente com meu tio-avô Zeca Machado, meu guia espiritual por informação de Chico Xavier, que me convidou a me encontrar com o espirito liberto de Chico Xavier que estava nas cercanias da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte
MG. Nós dois para lá nos dirigimos para um comovente reencontro com Chico Xavier e Neném Aluotto, ambos já desencarnados. Na ocasião o convite ao trabalho do livro espírita foi novamente feito e, retornando ao corpo físico, guardei todos os detalhes do tríplice encontro, traçando, a partir daí, novos rumos para o porvir. Este fato foi ainda corroborado pela confirmação de dois outros médiuns, que no mesmo dia sonharam com situações semelhantes em torno da tarefa do livro. Ivanir Severino da Silva, médium e dirigente da Fraternidade Espírita Cristã Francisco de Assis (Fecfas), telefonou no dia seguinte relatando um sonho que tivera. Estava se encaminhando espiritualmente para rever Chico Xavier, quando, a meio caminho, deparou-se comigo rodeado de Dona Neném Aluotto e de minha avó Carmem Machado dos Santos. Nós três retornávamos de um encontro com Chico na Espiritualidade e trazíamos os braços cheios de livros. Perguntando a Dona Neném que livros seriam aqueles, ela respondeu a Ivanir que eram os livros que seriam publicados na Terra no futuro próximo, a pedido de Chico Xavier. Outra médium, Noêmia Barbosa da Silva, amiga íntima de nossa família e também de Chico Xavier, conhecida carinhosamente por Nona, também me telefonou no dia seguinte para me relatar seu próprio encontro com Chico Xavier na Espiritualidade. Numa casa ampla, de vastas janelas, Chico estava sentado à mesa revirando papéis de mensagens psicografadas por ele. Ao ver Nona chegar, convidou-a a sentar-se com ele, enquanto separava as mensagens e formava, com elas, vários pacotes. Nona perguntou-lhe o que estava fazendo e Chico respondeu-lhe: "Estou separando estas mensagens para que Geraldinho as receba e as transforme em livros na Terra!"

ALEX - E como foi aquele fato em que ele dizia "Você precisa conhecer Wanda Joviano"?

Cidália Xavier (irmã de Chico) e Wanda Amorin Joviano
GERALDINHO - Em outro desdobramento espiritual me encontrei novamente para conversar com Chico Xavier num banco de florida praça. Chico então me falou: "Você precisa conhecer Wanda Joviano!" Chico repetiu esse nome vagarosamente por três vezes. Eu acordei com aquela frase do Chico na cabeça. Durante três meses eu procurei por alguma Wanda Joviano em Belo Horizonte, Pedro Leopoldo e São Paulo, sem obter sucesso algum. Conversando com um amigo, Fernando Hermanny Peixoto Costa, este ocasionalmente me segredou que sua família tinha uma "guru" espiritual, uma pessoa muito ligada a Chico Xavier nos tempos de Pedro Leopoldo. Quando perguntei pelo seu nome veio a resposta inesperada: Wanda Joviano! O contato fraterno e amigo logo se estabeleceu entre nós ambos, em perfeita sintonia com a tarefa da divulgação espírita. Wanda Joviano, filha do casal Dr. Rômulo Joviano e Dona Maria Amorim Joviano, trabalhou ao lado do Chico por longos anos na Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo. Lá, na residência da família Joviano, Chico Xavier psicografou vários de seus romances mediúnicos, além de participar semanalmente do Culto do Evangelho no Lar do Grupo Doméstico Arthur Joviano. Wanda mostrou-me então as centenas, senão milhares de mensagens ainda inéditas da psicografia de Francisco Cândido Xavier. Estavam lançadas as bases para consolidar o trabalho perene da Vinha de Luz Editora como uma editora dedicada à publicação das mensagens ainda inéditas da psicografia de Chico Xavier.

ALEX - Falando em Wanda Joviano, comente um pouco para nós sobre o livro dela e sobre a Vinha de Luz Editora.

GERALDINHO - Tive então contato com um vastíssimo material ainda inédito que Wanda Joviano, filha de Dr. Rômulo Joviano, guardou todo este tempo consigo, fruto das produções mediúnicas de Chico Xavier quando ele freqüentava o Culto do Evangelho no Lar da família Joviano, chamado Grupo Doméstico Arthur Joviano, na Fazenda Modelo onde Chico trabalhara. São preciosas mensagens de autoria espiritual de Neio Lúcio (Arthur Joviano, pai de Dr. Rômulo em última vida ), de Emmanuel, de Casimiro Cunha e muitos outros espíritos comunicantes, que desde o ano de 2006 o Vinha de Luz tem tido a alegria de publicar nos livros SEMENTEIRA DE LUZ; DEUS CONOSCO; MILITARES NO ALÉM; PÉROLAS DE SABEDORIA; ILUMINURAS; SEMENTEIRA DE PAZ e COLHEITA DO BEM.

   Este período da psicografia de Pedro Leopoldo sem dúvida nenhuma foi o mais fecundo. É simplesmente incrível a gente hoje verificar a exuberância da obra recebida por Chico Xavier naqueles primeiros anos de mediunidade, afinal aos olhos do mundo tratava-se apenas de um rapaz simplório e humilde, trabalhador e aparentemente inculto, a assombrar o Brasil com a força de seu caráter e a mais pura e lídima sintonia com o plano da Vida Mais Alta !

   Nos primeiros tempos de mediunidade Chico conheceu o Sr. Fausto Joviano, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, que impressionado com a mediunidade autêntica do rapazola e condoído de sua situação econômica precária, resolveu levá-lo à presença de seu irmão Dr. Rômulo Joviano, então diretor da Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura em Pedro Leopoldo. A afinidade natural se estabeleceu entre os dois espíritos que certamente se reencontravam para o desempenho de sagrados deveres para com a vida comunitária e a espiritualidade maior.

   Chico foi então admitido como colaborador da Fazenda Modelo e depois dos serviços que terminavam às 17 horas, foi convidado a participar duas vezes por semana das reuniões particulares que se realizavam na residência da família Joviano. Assim a partir de 1934 até o ano de 1952, quando a família Joviano se mudou para o Rio de Janeiro, Chico Xavier psicografava duas vezes por semana nas reuniões do Culto do Evangelho no Lar do Grupo Doméstico Arthur Joviano, às terças e quartas feiras. Naquelas inolvidáveis reuniões os espíritos de Arthur Joviano ( depois revelado como o mesmo Neio Lúcio de 50 Anos Depois e também Jaques Duchesne Davemport de Renúncia ) e Emmanuel, além de outros espíritos, passaram a coordenar informações preciosas sobre o trabalho psicográfico de lançamento de livros dos autores espirituais que escreviam através de Chico Xavier. Hoje temos a alegria de ter essas mensagens esclarecedoras publicadas através dos livros da Vinha de Luz Editora.

   Além dessas reuniões, nos outros dias disponíveis Chico, após o serviço profissional, ao qual se dedicava com profundo desvelo e disciplina, também passou a receber pela psicografia os romances de Emmanuel, os primeiros livros de André Luiz e também os de Humberto de Campos.

   Para tanto Dr. Rômulo reservara uma sala no primeiro andar da Fazenda Modelo ( não era propriamente um porão) onde Chico pudesse se desincumbir da tarefa sem ser importunado por ninguém. Este clima de proteção e cuidado em torno da mediunidade de Chico Xavier foi essencial para que o nobre medianeiro ficasse em absoluta tranqüilidade espiritual e em paz de espírito, longe do burburinho da cidade e do assédio dos que o procuravam, e pudesse assim nos brindar com livros como o PAULO E ESTÊVÃO; o 50 ANOS DEPOIS; o RENÚNCIA; a série NOSSO LAR até 1952; e outros mais.

  Tudo isto Wanda Joviano acompanhou desde menina até que adulta passou a trabalhar também como funcionário do Ministério da Agricultura, tendo prestado concurso junto com Chico Xavier, sendo os dois efetivados à mesma época. Trabalharam lado a lado na Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo por largos anos até que em 1952, seu pai, Dr. Rômulo Joviano, foi promovido à cidade do Rio de Janeiro e a família dele teve que se mudar de Pedro Leopoldo. Mas mantiveram sempre a ligação e a amizade com o querido Chico.

ALEX - E seus livros? Comente um pouco sobre eles para nós.

Geraldinho autografando um de seus livros

GERALDINHO - Conheci pessoalmente Chico Xavier em Outubro de 1981 e desde que nos tornamos amigos, em Uberaba, passei a me interessar pelas mensagens ainda inéditas de sua abençoada psicografia. Sendo integrante de uma numerosa família, os Machado de Pedro Leopoldo, que por largos anos conviveram com Chico dele recebendo incontáveis mensagens mediúnicas de familiares desencarnados e dos benfeitores espirituais, a princípio me dediquei a reunir este acervo, dando-lhe a necessária e útil divulgação.

   Assim surgiu o primeiro livro em 1º de Dezembro de 1984 pela União Espírita Mineira, reunindo as 33 mensagens de meu primo William Machado de Figueiredo, que desencarnou em Pedro Leopoldo em 1941, dirigidas ao conforto de sua mãe, minha tia avó Adélia Machado de Figueiredo. Este livro BASTÃO DE ARRIMO contará agora no centenário de Chico Xavier com nova edição brevemente. Depois foi a vez das inumeráveis mensagens de Dr. Bezerra de Menezes dirigidas a vários de meus familiares em comunicados pessoais. Tive ocasião de reuni-las todas tirando delas o aspecto particular e transformando-as no livro APELOS CRISTÃOS, de 1984, também editado pela União Espírita Mineira que o relançou estes dias. A terceira produção foi a compilação das mensagens de Margarida Soares, minha tia bisavó, desencarnada em 1915 em Sabará, e que se comunicava frequentemente por Chico Xavier. Utilizando a mesma técnica aplicada com as mensagens de Dr. Bezerra, reuni aquelas de Tia Margarida em livro denominado ACEITAÇÃO E VIDA, também editado pela UEM e reeditado agora em 2010. Daí Chico Xavier nos encaminhou 3 livros de trovas inéditas que publicamos nos anos seguintes. São eles o ROSEIRAL DE LUZ; o PÉTALAS DA PRIMAVERA e o FULGOR NO ENTARDECER. A partir daí nos lançamos a uma cruzada de buscas de mensagens inéditas que Chico Xavier havia recebido em Belo Horizonte, cidade a que ele vinha com muita freqüência até 1959 quando se mudou para Uberaba. Me espantava verificar o fato de que os amigos dele de BH nunca haviam se dignado a publicar coisa alguma de suas memoráveis produções mediúnicas na capital dos mineiros. Então acabamos por reunir um vasto material biográfico e inúmeras mensagens ainda inéditas de sua lavra mediúnica para formatar o livro CHICO XAVIER, MANDATO DE AMOR , lançado pela UEM em 1992. Em 1993 Chico nos encaminhou o livro de bolso de Emmanuel, chamado MIGALHA para sua devida publicação.

   Quanto aos livros de minha própria psicografia temos o primeiro que foi lançado em 2 de Abril de 2004 de espíritos diversos que se chama RÉSTIA DE LUZ e em 31 de Julho de 2005 de autoria do espírito de Theophorus tivemos a ocasião de publicar o romance histórico do Cristianismo Primitivo cujo título é IGNÁCIO DE ANTIOQUIA, ambos publicados pelo Vinha de Luz – Serviço Editorial.

   Na sequência continuamos na tarefa editorial, organizando e publicando os seguintes livros :

   Em 2 de Abril de 2006 por ocasião da inauguração da Casa de Chico Xavier o lançamento de SEMENTEIRA DE LUZ pelo espírito de Neio Lúcio. Em 2007 foi a vez de DEUS CONOSCO pelo espírito de Emmanuel. Em 2008 por ocasião do I Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra realizado em Abril na cidade de Uberaba, MG, lançamos o MILITARES NO ALÉM por espíritos diversos.

   No ano de 2009, no II Encontro dos Amigos de Chico Xavier e sua obra em Pedro Leopoldo, MG, foi a vez de mais dois livros, PÉROLAS DE SABEDORIA de espíritos diversos e ILUMINURAS pelo espírito de Emmanuel. Ano passado no centenário de Chico Xavier em 2010 publicamos duas novas obras de autoria espiritual de Neio Lúcio, no dia 4 de Abril foi lançado o SEMENTEIRA DE PAZ e no dia 19 de Novembro foi a vez do COLHEITA DO BEM. Também em Abril foi lançado o maravilhoso CHICO XAVIER – O PRIMEIRO LIVRO de espíritos diversos e que Chico Xavier confeccionou, ele mesmo, manualmente a partir de 1928, portanto muito antes do surgimento do Parnaso.Também de outros autores editamos os seguintes livros : CÉLIA LUCIUS, SANTA MARINA de autoria de Clóvis Tavares e Flávio Mussa Tavares de Campos, RJ; a biografia infantil de Chico Xavier chamada CHIQUITO da autora portuguesa Julieta Marques; em 8 de Julho de 2010 o livro O VOO DA GARÇA uma biografia de Chico Xavier escrita por Jhon Harley; o livro ERA UMA VEZ PARA SEMPRE do médium Carlos Malab; o livro IRMÃO JOSÉ, IRMÃO EM CRISTO do médium Ivanir Severino da Silva; e mais recentemente o belo EVANGELHO PURO, PURO EVANGELHO de Martins Peralva, lançado postumamente no dia 22 de Dezembro de 2009.

   Mais recentemente publiquei uma biografia fotográfica de Chico Xavier que organizamos em parceria com o memorialista Geraldo Leão, chamada PEDRO LEOPOLDO VISTA POR CHICO XAVIER - 1910 - 1959, e o Audiolivro em parceria com o ator paulistano Fernando Peron, contendo mensagens de Chico Xavier, cujo título é VIAJANTES. Estes dois últimos foram lançados no último dia 10 de Setembro de 2011 por ocasião do IV Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra em Belo Horizonte.

   Tive ainda a satisfação de colaborar também ativamente na edição dos seguintes livros em parceria com outras editoras : MENSAGENS DE INÊS DE CASTRO de Chico Xavier pelo espírito de Inês de Castro, editado por Caio Ramacciotti no GEEM – Grupo Espírita Emmanuel de São Bernardo do Campo; A VOLTA DE ALLAN KARDEC e também ASPECTO RELIGIOSO DO ESPIRITISMO, ambos de autoria de Weimar Muniz de Oliveira editados pela Federação Espírita do Estado de Goiás – FEEGO.

Capa do Livro
ALEX - "Não vai ser em 2012", Geraldinho, o li no mesmo instante que o comprei, como surgiu esta idéia entre você e Marlene Nobre de publicar este tesouro que depois de tanto tempo foi aberto?

GERALDINHO - Neste livro sou o co-autor, porque na realidade a autoria é da Dra. Marlene Nobre. A minha parte diz respeito à entrevista que dei à Folha Espírita em que revelo o teor da conversa que mantive com Chico Xavier numa noite de 1986, na qual o amado amigo me revelou detalhes sobre as decisões do Cristo e de sua falange angelical a respeito do futuro da humanidade terrestre. Desde há muito tempo conversávamos com Marlene Nobre e outros amigos sobre o que Chico havia me revelado até que no final do ano de seu centenário em 2010 chegamos à conclusão de que a hora para revelar ao público o seu conteúdo havia chegado. Tanto Marlene Nobre quanto eu mesmo sentimos a urgência em nos desincumbir deste compromisso de consciência. Assim nossa estimada Marlene passou a publicar vários artigos na Folha Espírita neste ano de 2011 incluindo no mês de Maio a entrevista que lhe dei. Logo após consolidou-se na Folha Espírita estas informações transformadas então no livro NÃO SERÁ 2012 e no DVD correspondente que gravamos para a TV Aberta de São Paulo.

ALEX - Como tem sido pra você, particularmente, a repercussão desta obra?

GERALDINHO - Muito positiva em 99% dos casos. A grande maioria das pessoas parece que compreende a profundidade dos temas tratados e reconhece a atualidade das advertências implícitas nas revelações de Chico Xavier. Na verdade é um grande chamado pessoal e coletivo à nossa própria responsabilidade de viver estes tempos de transição.

ALEX - E vem mais por aí? Mais mensagens guardadas? Páginas inéditas? O que podemos aguardar em termo de publicações?

GERALDINHO - Sim, estamos trabalhando para melhor servir à história da Doutrina Espírita no Brasil, em particular em torno da mediunidade e da vida de Chico Xavier.

ALEX - Sobre a Casa de Chico Xavier em Pedro Leopoldo, como começaram as visitações após o seu desencarne e como funciona ela hoje, tão bem administrada por vossa pessoa?

Casa do Chico em Pedro Leopoldo - MG
GERALDINHO - Logo após a desencarnação de Chico Xavier fomos procurados em Belo Horizonte por sua sobrinha Maria Lúcia Ferreira Gonçalves, filha de Dona Luiza Xavier, irmã querida de Chico Xavier, que como herdeira dos bens de Chico Xavier desejava alienar a casa que lhe pertenceu em Pedro Leopoldo. Ela me disse ter certeza de que Chico ficaria feliz se a casa ficasse aos nossos cuidados, e assim efetivamente acabei por adquiri-la em 2004 comprometendo-me a preservá-la para a posteridade. Depois de algum tempo de reformas, quando contamos com a ajuda gratuita da arquiteta Mary Machado de Faria e sua equipe, pudemos reinaugurar a casa que Chico Xavier construiu em 1946, para onde se mudou em 1948 e onde viveu até 1959, mantendo-a ainda em sua posse até a sua desencarnação em 2002. Desde o dia de sua reinauguração em 2 de Abril de 2006 ela funciona na cidade natal do médium querido como um Centro de Referência à sua vida e obra. No decorrer dos últimos 7 anos mais de 100.000 visitantes já passaram por ela e assinaram o livro de presenças, provenientes de todas as partes do país e do mundo. Isto sem contar aqueles que naturalmente se esquecem de registrar sua presença.

   Lá temos uma suíte fotográfica do médium, objetos de seu uso pessoal, o quarto de dormir e o banheirinho que era utilizado por ele totalmente preservados, uma exposição dos 464 livros já publicados de sua psicografia, além de mais 210 livros biográficos ou que se referem à sua vida e obra, uma sessão com alguns primeiros exemplares de primeiras edições, cartas manuscritas, mensagens, cartões, CD’s, DVD’s, revistas, títulos de cidadania honorária, e inúmeras traduções de suas obras para o Italiano, o Espanhol, o Inglês, o Francês, o Alemão, o Esperanto, o Sueco, o Russo, o Grego e o Japonês.

   Na Casa de Chico Xavier realizamos todos os domingos às 18 horas o Culto do Evangelho no Lar com o estudo de suas obras, e presentemente estamos estudando OS MENSAGEIROSde André Luiz. Também quinzenalmente às terças-feiras lá se reúne o Grupo Fraterno Veneranda que congrega companheiros de todos os centros espíritas de Pedro Leopoldo em demanda às regiões mais distantes e carentes do centro da cidade para o serviço de assistência fraterna e a distribuição de alimentos, roupas, brinquedos e artigos de primeira necessidade.

   A Casa de Chico Xavier está aberta à visitação pública de terça-feira aos domingos, de 9:00 às 12:00 horas e de 15:00 às 19:00 horas e a entrada é gratuita.

ALEX - Conte um pouco para nós sobre o que é o Encontro Nacional de Amigos de Chico Xavier e como foi o mais recente, ocorrido neste final de semana, nos dias 10 e 11 de setembro?

Baccelli, Eurípedes (filho de Chico) e Geraldo no Encontro

GERALDINHO - A iniciativa de realizarmos um encontro anual dos amigos de Chico Xavier e sua obra surgiu em 2007 num Confraternar na cidade de Uberaba. Na ocasião alguns de nós, como Carlos e Márcia Baccelli, Eurípedes Reis, Sônia Benaventana, Sônia Barsante, César Carneiro e eu próprio, sentíamos um grande vazio no movimento espírita pela falta que Chico estava nos fazendo, a falta que a presença física dele estava nos fazendo. Pensamos então nesta idéia de congregar os amigos dele, espalhados por todo o Brasil, no objetivo de reanimar a todos e instituir um projeto de difusão permanente de sua vida e obra, tendo a urgente necessidade de considerá-la como obra básica da Doutrina dos Espíritos. A partir de 2008 então nos reunimos pela primeira vez em Uberaba, seguindo-se Pedro Leopoldo em 2009 e novamente Uberaba no ano de seu centenário de nascimento em 2010.

   O IV Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra foi realizado nos dias 10 e 11 de setembro em Belo Horizonte e Pedro Leopoldo. O evento, que acontece pelo quarto ano consecutivo, reuniu cerca de 1.650 pessoas no Salão Topázio do Minascentro e teve como tema central a obra de Emmanuel, o benfeitor espiritual que orientou o trabalho psicográfico de Chico Xavier a partir de 1931.

   As atividades programadas para os dois dias contemplaram diversas atrações, sendo elas: a) musicais — apresentação da soprano Melina Peixoto e do pianista Mauro Chantal, da dupla de violão e canto Juliano e Ertúzio Calazans, do Coral Vida e Luz (de Goiânia) e dos cantores Sérgio e Marlene Santos de Uberaba, MG; b) palestras — Juselma Coelho, da Sociedade Espírita Maria Nunes de Belo Horizonte, presidente do Conselho Espírita da capital mineira; Richard Simonetti, escritor e articulista do Centro Espírita Amor e Caridade de Bauru, SP; Geraldo Lemos Neto, idealizador da Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo e fundador da Vinha de Luz Editora; Eurípedes Humberto Higino dos Reis, do Grupo Espírita da Prece de Chico Xavier de Uberaba, filho adotivo do médium; Oceano Vieira de Melo, cineasta da Versátil Vídeo Spirite, de São Paulo; Sérgio Villar, apresentador da TV A Caminho da Luz, de Itapira, SP; Roberto Lúcio Vieira de Souza, vice-presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil e diretor clínico do Hospital Espírita André Luiz, de Belo Horizonte; Wagner de Assis, cineasta carioca, diretor e produtor do filme Nosso Lar; Carlos Antônio Baccelli, escritor, biógrafo e parceiro mediúnico de Chico Xavier, de Uberaba, MG; c) homenagens a Cidália Xavier de Carvalho, irmã de Chico Xavier, residente em Pedro Leopoldo; Wanda Amorim Joviano, colega de trabalho de Chico Xavier na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo; Noêmia Barbosa da Silva, amiga inseparável do médium, da capital mineira; Maria Philomena Aluotto Berutto e José Martins Peralva Sobrinho, in memoriam, amigos e ex-diretores da União Espírita Mineira por 33 anos, até 1995; d) lançamentos — pela Vinha de Luz Editora, foram lançados o "Viajantes - A Espiritualidade iluminando sua mente e seu coração através de Chico Xavier”, audiolivro contendo 20 mensagens de espíritos diversos, organizadas e interpretadas pelo ator e dublador paulistano Fernando Perón; o livro "Pedro Leopoldo vista por Chico Xavier (1910-1959) 49 anos da presença do maior médium de todos os tempos", obra organizada pelo memorialista pedroleopoldense Geraldo Leão e por Geraldo Lemos Neto, da Casa de Chico Xavier; pela editora Intervidas, o livro dos bastidores do filme "As mães de Chico Xavier", organizado pelo jornalista Saulo Gomes; e pela Versátil Vídeo Spirite o DVD "As cartas psicografadas por Chico Xavier", apresentado pelo documentarista e cineasta Oceano Vieira de Melo.

   Todos os participantes ganharam dois livros da psicografia de Chico Xavier, sendo o primeiro “Bastão de arrimo”, pelo espírito de William Machado de Figueiredo e organizado por Geraldo Lemos Neto em 1984, e uma obra de bolso intitulada "Antologia da juventude", de espíritos diversos, ofertada pela editora GEEM – Grupo Espírita Emmanuel, de São Bernardo do Campo, SP.

   Os presentes ao IV Encontro tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre a vida e a obra de Chico Xavier e compartilhar experiências vividas com o maior representante do Espiritismo no Brasil e no mundo, cuja existência foi marcada pela exemplificação constante do amor, da abnegação, da renúncia, da fraternidade e humildade na relação com o próximo, e uma obra literária que conta hoje com 464 títulos já publicados, conforme relação entregue a cada um dos inscritos.

   Casos, curiosidades e vivências individuais foram contados num clima de grande emoção para uma plateia formada por espíritas de diversas regiões brasileiras, e vindos de outros países, como Portugal, Inglaterra, Espanha, Estados Unidos e Angola.

   A Vinha de Luz Editora disponibilizou no local uma livraria com as obras da lavra de Chico Xavier e os lançamentos realizados durante o Encontro, onde expôs, inclusive, diversas obras da artista plástica Amarilis Chaves, retratando personalidades expressivas para o movimento espírita, dentre elas Arthur Joviano (Neio Lúcio), o casal Rômulo e Maria Joviano, Emmanuel, Dr. Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, André Luiz, Meimei, além de situações vividas pelo médium Chico Xavier durante o período em que viveu em Pedro Leopoldo.

   Promovido pela Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo, com o apoio da Aliança Municipal Espírita de Pedro Leopoldo e de Uberaba, o IV Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra contou com o patrocínio da Vinha de Luz Editora da Casa de Chico Xavier e da Fundação Cultural Chico Xavier, de Pedro Leopoldo, e do Grupo Espírita da Prece de Chico Xavier, Casa de Memória e Lembranças de Chico Xavier e do Lar Espírita Editora Pedro e Paulo, de Uberaba, além do apoio de diversas instituições espíritas brasileiras. Em 2012, a quinta edição do evento será realizada em Votuporanga, interior do Estado de São Paulo.

ALEX - Como foi fazer as caminhadas de Belo Horizonte á Pedro Leopoldo no sábado pela manhã e depois no domingo para o encerramento?

GERALDINHO - No sábado pela manhã, os amigos de Chico Xavier puderam visitar os locais que integram o "Caminhos de Luz de Chico Xavier", roteiro obrigatório para quem visita a cidade natal do médium. Instituído pela Fundação Cultural Chico Xavier em 2006, o roteiro inclui a casa em que Chico Xavier residiu até 1959, quando se mudou para Uberaba, hoje transformada em centro de referência da vida e da obra do médium mineiro, e que tem em seu acervo documentos, fotografias e objetos pessoais de Chico Xavier, além das 464 obras psicografadas por ele ao longo dos seus 75 anos de trabalho mediúnico; a Praça Chico Xavier, inaugurada em 1980; a Fazenda Modelo, local em que Chico Xavier trabalhou por mais de 30 anos, exercendo a função de escriturário; o Açude do Capão, local em que viu seu benfeitor espiritual - Emmanuel - pela primeira vez, em 1931; o Centro Espírita Luiz Gonzaga, fundado pelo médium em 1927, com sede atual inaugurada em 2 de abril de 1950; o Centro Espírita Meimei, fundado por Chico em 1952; a Escola Estadual São José, que o menino Chico Xavier frequentou de 1919 a 1923; a Mostra Unimed Arquivo Geraldo Leão, exposição permanente em torno do médium mineiro. No domingo, as atividades foram encerradas com a apresentação da dupla uberabense Sérgio e Marlene Santos e do Coral Vida e Luz de Goiânia na Praça Chico Xavier, seguida da prece na Casa de Chico Xavier, durante o culto do Evangelho que ali se realiza aos domingos, às 18 horas.

Geraldinho, Baccelli e Saulo Gomes
ALEX - Falando em "amigos de Chico Xavier", sei que você tem assim como eu, um carinho todo especial pelo nosso amigo Saulo Gomes, o "repórter de Chico Xavier". O que você teria a falar sobre esta alma tão amigável que sem perceber foi umas das pessoas mais importantes para a divulgação espirita. E por que não dizer o mais importante divulgador de Francisco Cândido Xavier.

GERALDINHO - Saulo Gomes também esteve conosco no IV Encontro, ocasião em que lançou o livro AS MÃES DE CHICO XAVIER dando o seu testemunho pessoal a respeito de sua convivência jornalística com a mediunidade de Chico Xavier a partir de finais da década de 60. Sem dúvida alguma é um valoroso companheiro da divulgação espírita cristã, e especialmente inesquecível a sua importante contribuição no Programa Pinga-Fogo da antiga TV Tupi que mostrou ao Brasil a face da Doutrina Espírita personificada na seriedade e na simplicidade de Chico Xavier.

Geraldinho e Alex no C.E.Uberabense (I Forum Mediunidade)
ALEX - Para finalizar a nossa entrevista que não quero encerrar (risos), irei realizar contigo um Pinga-Fogo, muito mais simples que o da Tv Tupi (risos).

- Belo Horizonte - A bela cidade dos horizontes ilimitados no coração dos mineiros.

- Pedro Leopoldo - O Berço de bençãos espirituais inimagináveis.

- Cidália Xavier - A familiaridade amorosa de uma irmã querida.

- Chico Xavier- A candura do apóstolo do Cristo que apagou-se para servir.

- Allan Kardec - A inteligência iluminada de amor ao Evangelho Redivivo.

- Jesus - Nosso Divino Amigo, personificação sublime da Sabedoria dos Céus e do Amor Misericoridioso.

- Deus - O Divino Pensamento e o Amor Divino que se reflete no campo de todas as criaturas.

ALEX - Muito obrigado Geraldinho, pelo carinho, atenção e disponibilidade, mesmo tão ocupado, você nos cedeu este tempo para esta conversa tão iluminada, onde nos fez relembrar nosso Chico. Que todos os Benfeitores Espirituais, não somente aqueles que passaram por sua vida neste encarnação, mas como aqueles que te auxiliam nestas missões, possam continuar a lhe dar forças, coragem e fé.

GERALDINHO - Sou eu quem agradece meu caro amigo. Jesus nos guarde e guie hoje e sempre!

Acessem www.vinhadeluz.com.br e saibam um pouco mais sobre o trabalho de Geraldinho.

Abaixo o video da palestra proferida por Geraldinho no I Forum da Mediunidade em Uberaba.

Jerônimo Mendonça e o "Hino á Allan Kardec"


JERÔNIMO MENDONÇA RIBEIRO
e o  “HINO A ALLAN KARDEC”



Trabalho realizado em conjunto por Alex S. C. Guimarães, Geziel Andrade e Hélio Dias da Silva


Trabalho divulgado simultaneamente nos blogs:

http://www.alexscguimaraes.blogspot.com/

http://www.gezielandrade-espiritismo.blogspot.com/



O vídeo da execução da música executada pelo Coral foi postado, além desses blogs, também no Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=K2eU2dv1JvQ&feature=email




SOBRE JERÔNIMO MENDONÇA RIBEIRO

    Jerônimo Mendonça Ribeiro nasceu em Ituiutaba-MG, no dia 01 de novembro de 1939, na família simples de Altino Mendonça e Antonia Olímpia de Jesus.

    Passou a ter uma atuação notável no Movimento Espírita, desde jovem, quando se tornou espírita, após ter conhecido os princípios do Espiritismo.

    Mesmo suportando as complicações no estado de saúde, decorrentes de uma artrite reumatóide progressiva, a partir dos 18 anos de idade, que o obrigou a usar muletas, cadeira de rodas e ficar imobilizado numa cama ortopédica, não se sentiu impedido de se locomover e de trabalhar pelo ideal espírita.

    Além disso, não se sentiu detido nem pela perda gradual da visão, que o deixou cego, e nem mesmo pelos crescentes problemas cardíacos.

    Superando extremas limitações físicas e grandes dificuldades de todas as ordens, manteve sempre o bom ânimo, o bom humor, o riso e a alegria; jamais perdeu o gosto de conversar e de dar bons conselhos; continuou com afinco os seus estudos do Espiritismo; manteve a frequência assídua em reuniões espíritas; aceitou fazer palestras espíritas, mesmo tendo que viajar para cidades distantes; fundou Centros Espíritas e uma Creche e escreveu diversos livros.

    Em função disso, foi apelidado por amigos e ficou conhecido como “O Gigante Deitado”.

    Jerônimo Mendonça Ribeiro desencarnou na cidade em que nasceu, em 26 de novembro de 1989, deixando exemplos de vida e um legado importante para o Movimento Espírita.

    Nesta oportunidade, estamos divulgando o artigo abaixo, que mostra o gosto que Jerônimo Mendonça Ribeiro tinha pela música “Hino a Allan Kardec”. Em complemento a isso, estamos apresentando também a partitura dessa música, a letra da música e a execução da mesma pelo Coral da Mocidade Espírita de Mogi Mirim Alcides Hortêncio.

    Esperamos, dessa forma, registrar o gosto que esse notável vulto do Espiritismo tinha pela música e pelo canto.

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HINO A ALLAN KARDEC: A MÚSICA QUE JERÔNIMO MENDONÇA RIBEIRO E AMIGOS GOSTAVAM DE CANTAR

Por HÉLIO DIAS DA SILVA


AS REUNIÕES ESPÍRITAS EM ITUIUTABA-MG

    Nas reuniões espíritas que eram realizadas na casa do Bolivar Gomes Campos, na Avenida 13, esquina com a Rua 30, na cidade de Ituiutaba-MG, nos anos de 1958, 1959, 1960, 1961, participavam a Sra. Idalides e seu esposo Antonio Ribeiro, Sra. Aparecida e seu esposo Francisco, Sra. Lázara e sua filha Elza, Sra. Silas e seu marido Euclides, Srta. Leone Gonçalves, e outros companheiros como Jerônimo Tibúrcio Nogueira (Jeromão), o jovem Aramitan, Srta. Ruth Scobar, Jerônimo Mendonça Ribeiro, eu e alguns vizinhos cujos nomes no momento não consigo precisar.

    Todas essas pessoas a quem me refiro fizerem parte, na época, das reuniões doutrinárias da União da Mocidade Espírita de Ituiutaba.

    Esse grupo que se reunia na casa do Bolivar era muito unido e teve essa amizade construída nas reuniões da Mocidade Espírita de Ituiutaba.

    As reuniões da Mocidade aconteciam aos domingos, às 09 horas da manhã, no Grupo Espírita Amor Fraterno, localizado na Av. 7, entre Ruas 16 e 18, cujo salão foi gentilmente cedido pelo seu presidente Gabriel da Rocha Galdino, um dos grandes mentores do Jerônimo Mendonça Ribeiro, na sua iniciação ao Espiritismo e pessoa de forte atuação no Movimento Espírita local.


O GOSTO PELA MÚSICA ESPÍRITA

    Ninguém era músico, nem contávamos com a ajuda de qualquer instrumento musical.

    A cantoria acontecia sempre após as reuniões espíritas do culto do Evangelho no lar, de maneira espontânea e natural.

    Geralmente, quem puxava a cantoria eram, ora o Bolivar Gomes Campos, ora o Jerônimo Mendonça Ribeiro.

    Os dois eram os mais animados, os mais entusiastas e sempre puxavam a cantoria, enquanto os outros iam se juntando gradativamente.

    Nem sempre as músicas eram espíritas. Outras composições como “Foi Deus Quem Fez Você” e “Chuá Chuá” eram cantadas quase todos os dias. Essas músicas não são espíritas, mas são bonitas e profundas, principalmente, “Foi Deus Quem Fez Você”. Desta música o Jerônimo Mendonça não participava, mas ouvia com muita atenção e respeito.

    Eles tinham facilidade para iniciar a empolgação do grupo. Tinham voz mais afinada, cantavam melhor e mais bonito.

    As músicas espíritas “Alegria Cristã” e “Hino a Allan Kardec” ficavam muito bonitas quando havia a participação de todos.

    Quando eles começavam a cantar, se juntavam todos naquele clima de alegria e verdadeira fraternidade.

    As músicas que mais cantávamos eram realmente “Alegria Cristã” e o “Hino a Allan Kardec”.


OS LIVROS UTILIZADOS NAS REUNIÕES ESPÍRITAS

    As reuniões espíritas na casa do Bolivar aconteciam todos os dias, às 18 horas.

    Nelas, o Jerônimo Mendonça tomava parte participando dos comentários, juntamente com o Bolivar e a Geni, sua esposa.

    Outras pessoas presentes também participavam, manifestando opinião sobre o que entendiam do assunto tratado.

    Os livros utilizados nas reuniões eram “O Evangelho Segundo O Espiritismo”, “O Livro dos Espíritos”, “Agenda Cristã” e outros de mensagens.

    Esse hábito de oração foi cultivado pela família de Bolivar durante o tempo que morou em Ituiutaba.


A MUDANÇA DA FAMÍLIA DE BOLIVAR PARA GOIÂNIA

    Quando mudei para Ituiutaba, em 1958, a família do Bolivar já morava nesse local, Av. 13, com a Rua 30, e lá permaneceu morando durante muitos anos.

    O Bolivar era alfaiate e conhecido também como “Bolivar Alfaiate”. Ele mudou para Goiânia em meados da década de 60, quando vendeu sua Alfaiataria e alguns imóveis que possuía em Ituiutaba.


A MUDANÇA NAS REUNIÕES ESPÍRITAS

    Com essa mudança de Bolivar e sua família para Goiânia, houve mudança também em relação às reuniões espíritas que eram realizadas em sua casa.

    Elas passaram a ser, semanalmente, em casas diferentes, de cada um dos membros da família, já que todas as irmãs da Geni, esposa do Bolivar, mudaram também para aquela capital, acompanhadas de seus maridos e filhos.


MINHA VISITA A GOIÂNIA

    Quando estive em Goiânia, na casa do Bolivar, participei de uma de suas reuniões espíritas.
    Foi uma emoção muito grande, porque revivia um sentimento e uma vibração que durante muitos anos foi o clima da nossa convivência na cidade de Ituiutaba.
    Essa visita aconteceu em 1980, quando estive em Goiânia resolvendo assuntos profissionais.

    Desculpe se não respondi a todas às indagações.
    Um grande abraço!

    Hélio Dias

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LETRA DO HINO A ALLAN KARDEC

Letra e Música de CECÍLIA AMARAL ABREU



PRIMEIRA VOZ:

Allan Kardec bom mestre,

Vimos teu nome exaltar.

SEGUNDA VOZ:

Allan Kardec bom mestre,

Vimos te exaltar.

PRIMEIRA VOZ:

Te imploramos numa prece

Proteção espiritual.

SEGUNDA VOZ:

Te imploramos numa prece

Proteção.

PRIMEIRA VOZ:

Batalhador da verdade,

Da seara do Senhor.

SEGUNDA VOZ:

Batalhador da verdade,

Da seara do Senhor.

PRIMEIRA VOZ:

Guia a pobre humanidade,

Pra paz, pro bem e o amor.

SEGUNDA VOZ:

Guia a pobre humanidade

Pra paz e o amor.



SEGUNDA PARTE DA MÚSICA

PRIMEIRA VOZ:

Glória, Glória Allan Kardec.

Sublime emblema de luz.

SEGUNDA VOZ:

Glória, Glória,

Emblema de luz

PRIMEIRA VOZ:

Glória, Glória Allan Kardec.

Que nossas almas conduz.

SEGUNDA VOZ:

Glória, Glória

Nossas almas conduz, conduz.

PRIMEIRA VOZ:

Salve, Salve Allan Kardec.

Mestre de exemplo e de amor.

SEGUNDA VOZ:

Salve, Salve

Mestre de Amor.

PRIMEIRA VOZ:

Caminharemos seguindo

Teus passos até o Senhor.

SEGUNDA VOZ

Caminharemos seguindo

Ao Senhor.



RETORNO AO INÍCIO DA MÚSICA

PRIMEIRA VOZ:

Kardec mestre altaneiro,

Exemplo de caridade.

SEGUNDA VOZ:

Mestre altaneiro,

Exemplo de caridade.

PRIMEIRA VOZ:

És o fiel timoneiro,

Da nossa felicidade.

SEGUNDA VOZ:

És timoneiro

Da nossa felicidade.

PRIMEIRA VOZ:

Caminharemos contentes,

Sempre firmes, sem temor.

SEGUNDA VOZ:

Caminharemos contentes,

Sem temor.

PRIMEIRA VOZ:

E um dia alcançaremos

As moradas do Senhor.

SEGUNDA VOZ:

Alcançaremos as moradas

Do Senhor.

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A EXECUÇÃO DO “HINO A ALLAN KARDEC”,

PELO CORAL DA

MOCIDADE ESPÍRITA DE MOGI MIRIM ALCIDES HORTÊNCIO,

OCORREU EM OUTUBRO DE 2004,

EM COMEMORAÇÃO AOS 200 ANOS DO

NASCIMENTO DE ALLAN KARDEC.

O ARRANJO É DE

MARIA ANGELA MARCHIORO FINAZZI.


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PARTITURAS DA MÚSICA