Quando ía ser apresentado oficialmente como vigário na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ocorreu a Desocupação do Pinheirinho, que ficou conhecido pelo mundo todo nesta semana.
Essa paróquia que faz juz ao nome que leva, fica próxima ao maior acampamento da América Latina, o Pinheirinho. E socorreu naquela noite, há uma semana, 2.500 pessoas que dormiram amontoadas pelos bancos, chãos e corredores da igreja.
Padre Ronildo, o pároco, ao lado do nosso entrevistado, foi um pai á toda comunidade.
Nosso entrevistado desde ás 6:30hs do dia 22 de janeiro de 2012, atualiza á todo momento informações em sua página de uma rede social, mantendo assim todos bem informados sobre o que está ocorrendo naquela localidade.
Ele cedeu entrevistas para diversos órgãos da imprensa nacional e internacional.
Agora é a nossa vez, sem querer fazer apologia á nenhum partido político, religião, mídia ou qualquer coisa do gênero, nós o entrevistamos nesta quinta-feira, dia 26 de janeiro, onde ele nos concedeu esta entrevista devido á nossa amizade de quase 17 anos, seguindo os critérios da liberdade de imprensa e opiniões.
O nosso entrevistado é o Padre Célio Alves Bernardes.
Alex Guimarães e Padre Célio |
ALEX - Querido amigo Célio, está dificil chamá-lo de padre devido á nossa antiga amizade, mas você é o sacerdote deste povo que hoje é acolhido por você na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, juntamente do padre Ronildo. Sei que você está desde o início da desocupação passando todos os detalhes pela internet á quem busca informações verdadeiras sobre o "Caso Pinheirinho". Como e quando este povo chegou aqui na Igreja?
PADRE CÉLIO – O povo chegou na paróquia no domingo á noite porque não tinham para onde ir. Algumas dezenas foram para o abrigo na escola do Caic no bairro Dom Pedro e outros não tinham onde ficar. Juntos deles (os que vieram para a igreja) haviam alguns líderes e por bem eles acharam que a Igreja seria um local seguro. Por que se eles ficassem na rua iriam apanhar sem dúvida alguma. Eles chegaram por volta das 21:30 e entraram na paróquia.
ALEX - Vemos aqui neste momento ecumênico um espírita entrevistando um padre. E nesta paróquia entre os desabrigados tivemos irmãos de várias religiões, não é verdade? O que eles tem conversado contigo sobre fé?
PADRE CÉLIO – Essa diversidade de credos eu não saberei te dizer quais seriam suas denominações religiosas que existiam, mas encontrei sim por exemplo uma senhora que não queria entrar dentro da igreja por causa de sua religião, mas depois acabou cedendo por que começou á chover. Ela ficou ali tranquila, cumprimentava e conversava normalmente conosco. Eu poderia dizer que o único diálogo em conceito de fé e religião foi com um pastor do Pinheirinho que agradeceu a receptividade da Igreja Católica nesse momento de dor e ausência de moradia para eles. Após o seu agradecimento eu lhe disse que nós estamos aí para multiplicar forças e não para dizer quem é superior ou inferior, independentemente de momentos de dor ou não, a minha concepção de vida é de que em todos os momentos nós somos todos iguais.
Pessoas deitadas no chão da igreja |
PADRE CÉLIO – Não! Eu vou utilizar uma palavra do padre Ronildo, quando uma das pessoas perguntou á ele: “Padre, não vai ter missa? E o sacrário, Jesus está lá?” E o padre Ronildo respondeu assim: “Todos que estão aqui são “Jesus”, contemplar Jesus no sacrário também é contemplar essas pessoas aqui, que para nós cristãos que somos criados á imagem e semelhança de Deus, não há nada melhor que esta própria adoração de vida que está acontecendo aqui, que é o gesto de caridade para com esses irmãos que estão aqui. Isso sim é a verdadeira adoração e a verdadeira missa, que já está ocorrendo na multiplicação dos pães, dos alimentos, de tudo aquilo que estamos recebendo aqui como doações.
ALEX – Eu me lembro que dentro do Pinheirinho havia uma igreja...
PADRE CÉLIO - ...Uma comunidade!
ALEX – Isso! A Comunidade Madre Tereza de Calcutá. E pelos noticiários, ficamos á saber que ela e aquele galpão grande foram os primeiros á serem demolidos...
PADRE CÉLIO – A capela e o galpão foram os primeiros locais á serem demolidos, por que? Porque o padre Ronildo havia pedido ao povo que caso acontecesse alguma coisa, era para as mães e as crianças correrem para lá, estes deveriam ser os primeiros lugares em que eles se esconderiam. Então demolir ali primeiro foi uma artemanha de quem estava á frente das demolições, para que as pessoas não tivessem onde se refugiarem. Sabendo á todo momento que poderia haver reintegração de posse, a maior parte das cadeiras da igreja foram retiradas, foram gastos ali oitenta mil reais para que houvesse todo aquele aparato para o povo do Pinheirinho, é claro, isso foi gasto durante os 8 anos para se alcançar este valor, não foi do dia para a noite, pois não teríamos condições, nem dentro da igreja da matriz teríamos condições de fazer isso, ali no Pinheirinho seria muito fácil levantarmos um barracão ou algo assim, mas não, procuramos na medida do possível dar o melhor que nós podíamos para aquele povo.
ALEX – E as imagens que haviam lá dentro, deu tempo de retirá-las?
Lado externa da Paróquia N.S. do Perpétuo Socorro |
ALEX – Além de você e do padre Ronildo, quais outras almas caridosas estiveram lhes ajudando?
PADRE CÉLIO – Dom Moacir, nosso bispo acompanhou tudo de muito perto, alguns padres também acompanharam junto á nós, pessoas de Ong’s religiosas ou não, assistentes sociais de diversas circunferências de nossa cidade. Recebemos ajudas de praticamente todo o Vale do Paraíba. Recordo-me de um gesto muito bonito de uma moça de uns 35 anos que doou para nós um caminhão baú cheio de galões d’água desses de 5 ou 6 litros cada. Aquilo para nós foi a “salvação da pátria”, sobretudo para as crianças e os idosos.
ALEX – Falando em água, faltou água no local, não foi?
PADRE CÉLIO – É outra questão que ficou sob suspeita, pois para a própria paróquia e casas vizinhas cortaram a água da Sabesp.
ALEX – Somente na igreja e nas casas vizinhas?
PADRE CÉLIO – Só! Recordo que depois vendo os jornais nem a prefeitura e nem a Sabesp souberam dar explicações sobre o corte d’água. Nós ficamos também sem telefone fixo na paróquia, diante da situação procuramos saber onde que foi, pois como estávamos com problemas internos devido a construção que estamos fazendo na paróquia da nova secretaria e das novas salas, no caso do telefone pode ter havido um problema interno e não externo.
ALEX – E os banheiros, como é que eles eram utilizados por estas pessoas?
PADRE CÉLIO – Como eu já lhe disse, nós estamos em construção. Como uma paróquia normal no seu dia a dia, os banheiros que nós tínhamos á disposição ( á disposição para o povo nas missas que chegam á ter de 600 á 800 pessoas) estão em construção e agora estão servindo para uso dessas pessoas nestes momentos. Nós não tínhamos estrutura para tanta gente como no domingo para segunda, dormiram quase 2.500 pessoas, tanto dentro da igreja quanto fora da igreja, então o saneamento e a higiene dentro do banheiro era precária, nós sempre tínhamos uma equipe ali e foi muito bonito a atitude do próprio povo do Pinheirinho, pois eles mesmo se organizavam para fazerem a limpeza não somente nos banheiros, para darem o seu melhor ás crianças e aos idosos. Nós tínhamos dentro do recinto da igreja: mulher com câncer, com cadeira de rodas... e a questão da limpeza era fundamental principalmente para estas pessoas mais vulneráveis devido a imunidade do corporal.
ALEX – Você falou das crianças, eu trabalhando nos bairros vizinhos e em volta da igreja pude presenciar como estava a situação, parecia um cenário de guerra civil, eram carros queimados, comércios fechados, construções quebradas, viaturas por todos os lados, ruas vazias, helicóptero sobrevoando sob nossas cabeças...E eu ficava imaginando como as crianças estavam reagindo á tudo aquilo, ouvindo os helicópteros e as bombas explodindo lá fora...Como era confortar e explicar tudo isso para as crianças?
Um dos corredores laterais da Igreja. Foto:Filipe Jordão |
ALEX – Em seus comentários na internet, em um deles você disse: “É muito fácil ficar acomodados nos bancos de nossas igrejas, nos púlpitos...É fácil rezar, dizer que somos criados a imagem e semelhança de um Criador...É fácil fazer revelações da vida alheia...é fácil entrar na corrupção para se tornar corrupto...É fazer dizer que tem anjos aqui...é fácil dizer que somos comovidos por sentimentos religiosos..." e eu creio ter entendido o seu desabafo, assim como muitos que compartilharam isso contigo! O que você poderia dizer sobre todas estas frases? Parabéns Padre Célio!
PADRE CÉLIO – Eu disse isso por que? Também como um desabafo. Eu acredito que partindo da minha vida pessoal, diante daquilo que eu vivi. Eu acredito que diante do que Jesus Cristo fez e tantos líderes também fizeram de não ficar somente só na falácia, só na fala, de não ficar somente no “blá blá blá” como se diz, mas sobretudo na vida ativa, na vida prática, tudo aquilo que nós celebramos com fé. Acho muito bonito a expressão de Jesus quando ele diz assim: “Seria muito cômodo se nós pudessemos adorar aquilo que nós não vemos” Como eu posso adorar aquilo que eu não vejo? Se de repente eu não uso de caridade com aquelas pessoas a quem eu vejo? Eu escrevi isso para aquelas pessoas que eu esperava poderem ajudar e não ajudaram. Pessoas que diziam estar do lado dos pobres, dos excluídos, diziam ter uma vida ativa dentro de nossas igrejas e estavam repudiando totalmente, fazendo diferença. Alguns que eu percebi, até estavam ao lado do povo, mas não estavam ali para ajudar . Um fato que sempre me colocaram e que você também me perguntou no facebook, era sobre no que poderiam ajudar, do que precisava? E eu respondi do que precisava naquele momento, mas ninguém de quem haviam-me perguntado chegaram lá para dar ajuda. As pessoas estavam vendo do que precisava ali e precisava vir me perguntar o que estava faltando? Eu já havia respondido ali. Essas atitudes era até uma incoerência, teve uma pessoa que me disse assim: “Você está fazendo isso por causa do sentimento religioso, só porque voce é padre...” Não, eu faço isso porque primeiramente sou cidadão. E como todo cidadão eu tenho que cuidar da vida independentemente de quem eu seja, a vida deve falar tudo em primeiro lugar. Independentemente do credo ou quem seja, a vida deve sobrepor a todas as demais coisas para nós . Então para mim foi um incômodo muito grande, até depois coloquei no facebook: “agora eu sei em quais pessoas eu posso confiar”, pessoas com quem eu não esperava que estariam ali colaborando, foram as pessoas que mais deram e doaram de si, até eu mesmo me surpreendi, diante de todas as nossas atitudes, enfrentar coisas que nós nunca enfrentamos. Eu nunca havia imaginado a situação de guerra que estava ali, a situação totalmente precária, nós demos um pouquinho do melhor de nós, então meu incômodo foi realmente disso, de pessoas que se dizem de repente cristãs, que poderiam ter colaborado da melhor maneira e não colaboraram. Até mesmo pessoas de dentro da política que poderiam ter-se doado muito mais e não se doaram infelizmente.
ALEX – Ontem nós vimos as pessoas passando pelos bairros em uma verdadeira “marcha” que sairam da igreja rumo ate os abrigos, inclusive ocorreu aquele problema quando chegaram no jardim Morumbi, que a prefeitura disse para eles irem lá e depois estava super lotado. Sendo necessário que eles fossem até o Vale doSol e em outros abrigos também. O que os levaram a deixar a igreja a fim de procurar os abrigos? O que aconteceu?
PADRE CÉLIO – O próprio movimento em si. Eles já tinham consciencia e já tinham falado para nós, sobretudo ao Padre Ronildo, que ali era o local urgente que eles precisavam ficar, porque senão eles iriam apanhar fora dali e não teriam condições. Eles mesmos já tinham falado: “Padre a gente não vai ficar aqui porque é responsabilidade da prefeitura nos abrigar e a paróquia tem que caminhar com suas próprias pernas, tem que continuar seus trabalhos, batizados...eles mesmo tinham a consciência clara e tranquila que no entanto a igreja fez o papel de mediador de paz entre eles e a prefeitura, o Padre Ronildo fez um excelente trabalho de diálogo e continua fazendo ainda esse trabalho entre os líderes e a prefeitura. O governo municipal não acreditou na quantidade de pessoas que o Padre Ronildo havia dito, preferiram acreditar nas pessoas ligadas a prefeitura e seus funcionários que havia passado um número “x” de pessoas, e até teve uma pessoa do governo que não acreditou quando dissemos a quantidade de pessoas, alegando que a responsabilidade também fosse da igreja e tudo mais. O Padre Ronildo havia respondido que quando eles saissem pelas ruas, eles estariam dispostos a irem para os determinados abrigos, pois isso eles mesmo já haviam determinado, eles haviam até dado uma data e horário para sairem da igreja. Mas nós os orientamos em todos os sentidos, para que todas as coisas pudessem ser apaziguadas na melhor maneira possível e que não houvesse guerra, pois se eles saissem dali naquele dia as pessoas poderiam ser apanhadas e tudo mais. Então falamos: “é melhor ficarem mais uma noite aqui, como tudo está caminhando bem, o diálogo entre vocês e a prefeitura, que nós estamos monitorando fazendo meio campo, amanhã por exemplo, vocês podem sair tranquilamente.”
Eu volto a repitir : O governo não acreditou no nosso numero de pessoas. Oque aconteceu ? Nós orientamos todas as pessoas na melhor maneira de se caminhar, e assim eles foram para o abrigo, a Secretaria do Governo havia dado primeiramente o abrigo do Vale do Sol como opção e depois o do Morumbi. Como eles decidiram ir para o Morumbi, nós havíamos dito o número “x” de pessoas, que era um número muito maior que os próprios membros da prefeitura haviam passado para o governo e foi aquilo o que aconteceu depois! Chegaram lá e viram que o número de abrigados havia ultrapassado o limite, a prefeitura teve “se virar” no sentido positivo de que também teriam que procurar abrigo para as demais pessoas que não pudessem ficar separadas. E foi que aconteceu, eles tiveram que dar o suporte necessário para aquele povo todo.
Um dos abrigos do Pinheirinho cedido pela Prefeitura |
PADRE CÉLIO – Eu não tinha um computador sempre a minha disposição, mas eu via muita coisa, ouvia da mídia, quando ficava na Catedral ligava para a paróquia para saber o que estava ocorrendo, mas ficava mais na paróquia e por ela ter um computador próprio eu pedi para o diácono para que o deixasse ligado 24hs, era necessário para que pudesse estar ali atualizando. Sempre que eu podia dava intervalo no modo de dizer para escrever, porque nunca se tinha intervalo, teve noites mesmo após os trabalhos pastorais eu não conseguia dormir porque a cabeça estava “a mil”, por causa da preocupação e também por causa da indignação de tudo que estava acontecendo ali, muitas marcas “assim” ficaram gravadas na memória e sempre quando tinha um tempinho eu ia lá e atualizava. Via algumas coisas nas reportagens sobre aqui que eu não concordava, porque não havia acontecido e eu colocava lá na internet desmentindo. Houve até um fato onde eu desmenti um jornalista na frente de todos porque a informação falsa que ele havia passado, á nossa frente ele estava negando que havia publicado. E eu disse “Acabei de ver esta informação lá, não passe informação deturpada para o povo.” Para ele foi um pouco constrangedor, mas foi a única maneira que eu encontrei para poder dizer “passe a informação certa, porque a minha está distorcendo.” Depois disso o que acabou acontecendo? Alguns jornais começaram á passar aquilo que realmente estava acontecendo no local, mas caso contrário eles mesmo estavam perdendo a credibilidade, até mesmo porque ali tinham dezenas de movimentos sociais do Brasil inteiro que estavam ali dormindo junto com o povo. E eles também sempre estavam atualizando em seus meios o que estava acontecendo ali. Penso eu que a própria mídia viu que as coisas não estavam caminhando da forma que eles estavam mostrando, então ali diante do computador da paroquia foi a maneira que eu encontrei de atualizar tudo isso.
ALEX – Você ordenou-se padre há pouco mais de um mês e já está desenvolvendo essa missão extraordinária. Que mensagem você tirou ou está tirando de tudo isso? Oque você poderia compartilhar conosco de tudo isso que ocorreu nesses dias?
Padre Célio – Dentro desse um mês e vinte e três dias de Padre, depois que Dom Moacir me nomeou vigário desta paróquia, onde na verdade eu nem assumi oficialmente como vigário paroquial...
ALEX – Não deu tempo devido á desapropiação...
PADRE CÉLIO - Está marcado e deixo aqui o convite para o dia 09 de fevereiro, numa quinta-feira, onde vou ser apresentado oficialmente na paroquia e como nós estavamos esperando que tudo isso pudesse acontecer tão já e da maneira como aconteceu, e sobretudo a solidariedade ao Padre Ronildo e também ao povo, e por dever de consciência daquela situação toda, principalmente porque eu gosto das ações sociais, de estar nessas questões todas, eu resolvi então doar-se e pedi há alguns padres que me ajudaram a celebrar aqui para que eu pudesse ter tempo disponivel para ficar 24 hs ao povo do Pinheirinho. Eu posso dizer que mudou completamente a minha maneira de vida e do próprio pensar, até a própria questão política, a própria questão da fé, de acreditar verdadeiramente naquilo que para nós Cristo deixou e que não devemos fugir da própria realidade. É muito fácil eu alienar um povo com as minhas convicções, com aquilo que eu creio e apartir dessa experiência com o povo do Pinheirinho, mudei completamente toda a minha visão social de estar junto com os pobres, com os necessitados e sobretudo, que tem que dar atenção a todos de maneira especial. Quando o Padre Zezinho deu aula para nós, depois ele disse na missa de 25 anos de sacerdócio na nossa diocesse: “ Na nossa função de padre, sobretudo para quem vai ser padre, nossa função é ser voz daqueles que não falam e é tirar da cruz aquilo que estão crucificando.” E isso marcou muito. É isso que apartir dessa experiência vou fazer do meu Ministério...
(Neste momento alguém bate á porta na sala em que nos encontrávamos fazendo a entrevista, e padre Célio é surpreendido por uma notícia: A senhora que ele havia acabado de visitar em um hospital, ministrando nela o sacramento da Unção dos Enfermos, gesto este tão importante para os católicos quando eles estão doentes ou moribundos, havia acabado de morrer. Interrompemos a nossa entrevista, nos dirigimos á secretaria e em seguida entramos na igreja para continuar a nossa entrevista. E eis que continuamos á gravar á seguir)
ALEX – Desculpa falar nisso, mas acabamos de receber uma noticia, que quero até utilizar para fazer esta pergunta. Durante a nossa entrevista você acabou de ficar sabendo que após fazer a Unção numa senhora, logo em seguida ela faleceu. O quê voce sentiu nesse momento? Você acabou de se ordenar padre e já aconteceu um fato desse, o que voce poderia nos dizer?
PADRE CÉLIO – Eu poderia falar que tudo é um mistério de fé. Já dei várias unções para diversas pessoas, mas essa é a primeira que marca, porque acabei de ir lá, por questão de minutos, há menos de uma hora passei no hospital. A senhora estava muito debilitada, mas consciente. Conversei com ela e ela respondia com muita difilculdade, a acompanhante que estava com ela entendia tudo. Agora quando a secretária me deu a notícia, primeiro deu-me um nó na garganta e depois eu me arrepiei! São experiências de Deus e que posso dizer com toda convicção que vale a pena ser Padre, esta vocação que Deus me concede. E para estar tambem junto com as demais pessoas e sobretudo que valha a pena viver pela vida. Lutar por elas junto com as pessoas e em todos momentos. É como alguém me disse “Fui ordenado para isso! Para estar juntamente com o povo! Certamente às vezes a gente sofre, ás vezes a gente fica doente, mas isso é o de menos. Nós estamos aí para estarmos juntos com os demais, sobretudo com os menos favorecidos da sociedade.
ALEX – Mudando um pouco o rumo da entrevista, quero fazer uma das últimas perguntas: Chico Xavier fazia muitos trabalhos de caridade e acolhimento. Sempre envolvendo-se com as multidões, que eram famintas de pão e da palavra de Deus. O que você diria sobre este cristão exemplo para todas as religiões e muito conhecido também pelos católicos?
Alex Guimarães entrevistando o Pe.Célio Bernardes |
ALEX – E o que você poderia dizer sobre a Doutrina Espírita, o Espiritismo?
PADRE CÉLIO – Em relação á Doutrina do Espiritismo, nós católicos respeitamos mesmo diante e independentemente de alguns contrapontos que possam existir entre nós. Eu acredito que todo diálogo, seja com qual religião for, ela deve ser incomum para a vida da pessoa humana, independente de quem seja, de raça, sexo, enfim...devemos lutar juntos pela vida, que para mim é o principal ideal.
ALEX – No seminário, em um determinado período dos estudos á caminho de ordenar-se sacerdote, tem-se que ler livros de diversas doutrinas e religiões, para entendê-las e aprender um pouco sobre elas. Você chegou á ler alguma obra espírita ou livros de Allan Kardec?
PADRE CÉLIO – Eu não cheguei á ler nenhum escrito ou livro de Allan Kardec ou do Espiritismo, mas nós temos sim a Filosofia da Religião e também na Teologia estuda-se as outras religiões, e dentre elas o Espiritismo. Só que em ambas faculdades que eu fiz os professores nos deixaram livres para fazermos pesquisas de uma determinada religião e depois nós apresentávamos como se fosse um laboratório com aula expositiva. Eu acabei fugindo e fui para a Umbanda (risos). Então meu grupo apresentou esta denominação. Cheguei á ler algumas coisas sobre a Umbanda para esta apresentação . Então propriamente sobre o Espiritismo ou Allan Kardec eu não cheguei á ler.
ALEX – E então para encerrar a nossa entrevista bem ecumênica, eu gostaria de saber o que você deixaria como mensagem para os nossos leitores católicos que tanto apreciam o nosso blog?
PADRE CÉLIO – Esses dias uma jovem chegou em mim e disse assim “Padre, eu li tal livro e ele mexeu muito comigo, abalou a minha fé “ Eu costumo dizer assim “Quem tem uma fé, ou seja, quem tem uma convicção religiosa, pode ler de tudo para saber o que está acontecendo...” é claro, temos que tirar as coisas boas, e se há algo ali que você não está coerente, não precisa deixar abalar a sua fé, se isto ocorrer, significa que a sua estrutura está afetada em alguma coisa, agora para quem tem convicção da sua própria fé, da sua religião, enfim...daquilo que acredita, você sabe purificar algo do que você lê, sabe purificar determinado acontecimento da história, você sabe purificar algo que você está vendo á sua frente...Seria muito conflituoso eu começar á ler algo aqui e ler algo lá, ficar pingando igual chuva por aí e chegar á lugar nenhum.
ALEX – Célio, ou melhor, padre Célio (risos), deixo o meu agradecimento por ter atendido este pedido de nossa entrevista, mesmo você estando tão atarefado neste momento complicado e mesmo sendo um padre que obedece a hierarquia da Igreja e seus votos. Parabéns pela coragem de se expôr neste "Caso Pinheirinho", de escrever tantas coisas direcionadas aos políticos, ao clero, á polícia...Continue assim meu irmão, que se você já fez isso em um pouco mais de 30 dias de ordenação, imagine o que fará futuramente! Que Jesus continue a lhe abençoar sempre e que Nossa Senhora cubra-lhe com seu manto protetor, iluminando-te sempre.
PADRE CÉLIO – A minha gratidão é pela nossa amizade, estamos aí sempre disponíveis na medida do possível, diante das “correrias” no modo de dizer, por que a nossa atividade está sempre em prol da vida, eu bato muito nessa tecla. E vamos caminhar juntos cada qual na sua própria convicção, mas com o mesmo amor, que é o zelo pela pessoa humana na sua integridade . E não vamos desanimar por não lutar, aquilo que deve ser denunciado tem que ser denunciado, por mais que isso nos custe a vida. Eu costumo dizer ás pessoas mesmo dentro de minha familia que eu prefiro de repente ser punido dizendo a verdade do que se omitir diante de uma realidade que não convém. Então vamos lutar pela justiça, pela verdade, não basta somente uma justiça natural ou jurisprudência que favoreça somente grupos isolados, isso não é justiça, isto é isolamento e manipulação de idéias para com as outras pessoas, o que eu pretendo fazer da vida e do meu ministério é abrir o leque das vidas das pessoas. Hoje em dia muitas pessoas ao invés de viverem uma vida de solidão elas vivem uma vida solitária, ao invés de viverem uma vida no horizonte vivem somente funiladas no seu próprio mundo, no seu individualismo, no seu egocentrismo. Paz e Alegria, vamos em frente, a vida continua!
NOTA: O Padre Célio Alves Bernardes nos concedeu a entrevista devido á nossa amizade e para comentar sobre o Pinheirinho. O sacerdote católico apostólico romano não está ligado ao nosso blog, nem á nossa Doutrina e tão menos aos nossos anúncios abaixo desta entrevista.
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VOCÊ!!!
INDEPENDENTEMENTE DE SUA FÉ ou PARTIDO POLÍTICO, LEIA O CARTAZ ABAIXO:
Vale também lembrar que muitos animais foram deixados para trás pelos moradores durante a desocupação e precisam de ajuda também.
Muitos deles estão juntos dos donos nos abrigos amarrados embaixo de árvores, tomando chuva e necessitando de mais cuidados. Muitas familias são apegadas aos seus animais, mas pouco podem fazer. Muitos estão doentes e magros, podendo até transmitir doenças e sarna.
Existem pessoas que estão ajudando estes animais doando-se diariamente visitando-os nos abrigos e na própria área desocupada do Pinheirinho, onde os animais de grande porte foram retirados e levados para um lugar seguro pela Prefeitura.
Mas existem muitos cães e gatos que estão sendo hospedados por terceiros em suas casas, já que seus donos não conseguem cuidar deles devido á situação em que se encontram nos abrigos de nossa cidade. Muitos desses animais estão internados e voltarão para as familias quando elas já tiverem residência.
Quem está fazendo este trabalho de cadastramento dos animais juntos aos seus donos são três mulheres que estão determinadas a realizarem este trabalho até o fim: Yolanda, Gisela e Marta.
Você também pode fazer a sua parte, doando rações ou hospedar um desses animais até que eles fiquem definitivamente com seus donos. Os animais que estão doentes e sujos estão recebendo gratuitamente o tratamento pela caridade de alguns profissionais, você que é veterinário ou tem um pet shop, poderia também nos ajudar. Alguns animais até estão para adoção!
Entre em contato com este grupo que luta pela causa animal neste momento tão dificil:
Yolanda - 3911-4975 - 81853009
Gisela - 39237479 - 97171073
Marta - 3206-6513
Animais ao lado de seus donos no corredor da igreja |
Mais um animal ao lado de seu dono no chão da Igreja |
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