Ele nasceu em São Paulo, capital, e desde criança demonstrava inclinação para a música, tendo como principais incentivadores sua bisavó Maria Ferreira e seu padrinho João Lázaro Brás.
Foi
católico, mas depois de ganhar de presente
"O Livro dos Espíritos" de um amigo, conseguiu as respostas que faltavam em sua vida e tornou-se
espírita.
Ele começou frequentando o Centro Espírita Francisca Souza, onde prosseguiu seus estudos, assistindo aos cursos que a casa oferecia e participando com entusiasmo das atividades doutrinárias da casa, passou também a visitar o Hospital Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes, instituição voltada ao tratamento de hansenianos.
Ele é diretor da Rádio Espírita na web
http://www.radioespirita.net/ e também da Rede Visão
http://www.redevisao.net/ e possui seu próprio site
http://www.liralcio.com.br/
É
músico espirita com
cds gravados e além de desenvolver um belíssimo trabalho na música, profere
palestras pelo Brasil.
Estou falando de
Lirálcio Alves Ricci.
* Entrevista realizada em 11/09/2011 via internet, para divulgar sua vinda á São José dos Campos-SP na semana seguinte, onde participará do programa "Vivência Espírita" e realizará uma palestra na AME *
ALEX - Olá Lirálcio, tudo bem? Você é um ouvinte assíduo do Programa Vivência Espírita na Super Rádio Piratininga. De onde vem este carinho todo especial pelo programa, mesmo sem conhecer pessoalmente os apresentadores?
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Lirálcio Alves Ricci |
LIRÁLCIO - Olá, Alex. Comigo sempre está tudo bem, graças á Deus. Toda a história começou com um amigo em comum, também radialista e amante da arte espírita, o Renualdo Ferreira de Cachoeira do Sul - RS. No final do ano passado, eu e minha esposa decidimos passar nossas férias conhecendo o sul do país e, como sempre faço, aviso nas listas que participo sobre a viagem, visando conhecer os artistas locais, fazer apresentações, palestras e colher material para a Rádio Espírita. O Renualdo nos contactou pedindo uma palestra em sua cidade, que fica próxima a Porto Alegre, cidade onde iríamos encerrar nossa viagem e empreender retorno (nós fomos de carro). Aceitei o convite e fui conhecer o amigo Renualdo pessoalmente. Lá, conversamos muito sobre o movimento artístico espírita e que ele havia falado a meu respeito com um amigo radialista de São José dos Campos. De imediato me interessei, pois já tinha ouvido falar no trabalho do Jorge Reis e do Grupo Castelã, tendo inclusive recebido um e-mail dele solicitando se um dia pudéssemos ir a São José dos Campos para falarmos em seu programa de rádio. São José fica próximo a São Paulo e eu tenho um carinho muito especial pela região, pois minha família é do Vale do Paraíba - minha mãe, já desencarnada, nasceu em Guararema e a família de meu pai é de Mogi das Cruzes. Quando criança sempre vínhamos passear em Mogi, Guararema, São José, Taubaté, Jacareí e adjacências, então achei muito interessante saber mais sobre o trabalho. Quando retornei a São Paulo, coincidência ou não, recebi um e-mail anunciando que o programa do Jorge Reis havia mudado de emissora e anotei no meu caderninho para poder acompanhar na primeira oportunidade. O que fiz. Ao me conectar ao chat, inesperadamente, o Jorge citou meu nome e eu achei até que ele já havia visto que eu estava logado, mas depois percebi que não, foi sintonia fina mesmo. A partir daí, todos os sábados que posso, acompanho o programa, na maior parte do tempo apenas ouvindo enquanto faço outras atividades, mas, quando dá, corro ao chat para dar minha colaboração e volto aos afazeres.
ALEX - Eu também faço isso (risos) mas não consigo entrar no chat, pois enquanto ouço o programa estou dirigindo (risos). Trabalho com vendas na rua, fico com o ouvido esquerdo escutando o cliente e o ouvido direito escutando o rádio (risos). Você tornou-se conhecido por todos nós ouvintes do programa, por sempre ser divulgado o seu trabalho musical, a sua web-rádio www.radioespirita.net e por você sempre estar no chat ao vivo participando. Quais são as suas expectativas com respeito á sua vinda aqui para São José dos Campos-SP? Pois estamos ansiosos em conhecê-lo pessoalmente.
LI
RÁLCIO - Alex, por onde vou, á trabalho ou á passeio, faço esses contatos. O objetivo é sempre o mesmo: conhecer os trabalhos locais, ampliar o acervo da Rádio Espírita e divulgar o nosso trabalho junto a Arte Espírita. E tenha certeza, ninguém está mais ansioso do que eu, para conhecer pessoalmente amigos tão queridos e rever esta bela cidade, que deve ter mudado muito desde a última vez que aí estive, quando tinha 19 nos, para acompanhar um festival de dança folclórica durante o período junino. Eu adoro ver os grupos de catira, essa dança que tem tanta energia, e as modas de viola caipira que fazem parte da história do Vale do Paraíba.
ALEX - Fale um pouco sobre o tema de sua palestra que será realizada aqui na AME, no dia 24 de setembro de 2011, "A Educação vem de Berço".
LIRÁLCIO - Alex, há bastante tempo eu venho trabalhando a questão da educação para um mundo melhor. Mesmo antes de me tornar espírita - eu fui católico praticante até os 21 anos, tendo atuado até em celebrações como casamentos, batismos, missas, encontros de jovens etc. -, quando eu fui definir o curso que faria no ensino médio, disse a meu pai "Quero ser professor". Meu pai perguntou: "Por que?", eu respondi "porque eu quero fazer a diferença, recebi muito e acho que tenho que colocar isso para ajudar o mundo a melhorar e não vejo forma mais abrangente do que sendo professor". Então eu, aos 19 anos, entrei para uma escola de magistério, que antigamente se chamava "normal". Durante 4 anos eu era um dos poucos homens em sala, chegando a ser o único em alguns períodos, contra 40, 50 mulheres. As outras turmas, haviam outros cursos na escola, sempre debochavam, mas eu recebia muito insentivo dos meus professores que entendiam e me apoiavam bastante. Quando comecei a estudar a Doutrina Espírita, ai então foi que entendi o valor do conhecimento e desde então tento conciliar educação formal (conhecimento) com educação espiritual (moral). E tenho visto que o mundo precisa muito da educação moral, o Homem (homem/mulher) em busca do "ter" tem relegado a educação de seus filhos e passado esta responsabilidade para a sociedade, o que é um grande erro. Por isso, dentro da Doutrina Espírita, tenho trabalhado este tema, pois é uma filosofia mais racional, onde conseguimos colocar idéias, que para uns ferem e incomodam, com menos rejeição.
ALEX - Ainda não saindo do tema "A Educação vem de Berço", vejo que você tem um carinho todo especial para com seu pai, fale um pouco dele para nós e a sua importância na Doutrina Espirita Cristã?
LIRÁLCIO - Meu pai é minha referência de homem, em todos os sentidos. Meu pai nunca nos forçou a ter nenhuma religião, eu é que sempre estive envolvido com estas questões. Fui batizado aos 11 anos de idade, porque escolhi meus padrinhos e pedi a eles que me batizassem. Fui eu que procurei uma igreja para fazer a primeira comunhão, sem nenhuma imposição. Meu pai era um "livre pensador", na verdade ainda o é, pois ainda está encarnado, mas quando era criança e adolescente ele tinha o hábito de nos reunir após o "Fantástico" para discutirmos as informações que o programa acabara de transmitir. Falávamos de tudo, absolutamente tudo. Meu pai não era repressor, mas era rígido. Hoje eu acho que ele amoleceu (risos). Ele me ensinou que homem chora, porque tem sentimento; que homem ajuda em casa, porque é preciso cooperação; que homem tem que ter honra e que sua palavra vale mais do que qualquer dinheiro que alguém possa te oferecer; que homem, que é homem, respeita e valoriza sua companheira, pois juntos vão construir uma família. Graças a ele, eu sou o que sou. Não tivemos moleza, não tínhamos dinheiro. Desde os 9 anos eu trabalho para ajudar no sustento da família. Todos nós ajudávamos e isso era um orgulho para mim. Quando me casei, por problemas de minha cabeça em confusão, acabei me distanciando de meu pai, com bastante raiva no coração. Houve momentos de ódio mesmo, preciso ser honesto. Fiquei anos sem falar com meu pai. Mas a vida tem suas lições e eu aprendi uma no dia em que meu primeiro filho nasceu. Entendi o que era ser pai e que as coisas que o meu pai um dia havia feito foi por me amar e querer o melhor para mim, do jeito dele. Podia não ser o que eu queria, mas era o melhor dele. Então naquele dia 08 de julho de 1987, no quarto da Maternidade Santa Joana em São Paulo eu abracei meu pai e lhe pedi perdão pela minha ignorância. Não me reaproximei totalmente, mas não tinha mais aquele sentimento ruim dentro de mim. Algum tempo depois, meu pai em segundo casamento, nos informa que iria ser pai novamente. Foi uma alegria para todos, porém as coisas acabaram complicando. Lucas nasceu com problemas congênitos, um cromossomo com "defeito" fez com que os principais órgãos do seu corpo não tivessem as divisões corretas e ele viveu aproximadamente 10 meses dentro do CTI no isolamento, recebendo sangue diariamente, doado por nós, especialmente eu, meu irmão e a irmã da esposa de meu pai, pois éramos os únicos compatíveis. Esse tempo de aflição e de luta pela vida do Lucas fez com que nos aproximássemos de vez e foi então que descobrimos que, cada um individualmente, os cinco filhos - eu sou o mais velho - e ele mesmo haviam se convertido ao Espiritismo. Foi impressionante. Logo depois, meu pai fundou uma instituição de amparo e assistência espiritual intitulada "Casa de Lucas".
ALEX - Que linda história Lirálcio, é de emocionar! E Roberto Ferreira, quem é ele e quão importante ele é para você?
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Lirálcio, Roberto Ferreira e Telma |
LIRÁLCIO - Eu sempre adorei cantar, desde criança ouvia minha bisavó dizer que eu aprendi a cantar antes de começar a falar, ela foi uma das minhas principais incentivadoras. Em casa sempre cantávamos em grupo, com meus irmãos e tios tocando violão. Na adolescência participei de um coral em Mogi das Cruzes. Quando comecei a frequentar uma casa espírita, comecei a tocar violão e a cantar músicas religiosas que eu havia aprendido na Igreja, meu primeiro cd tinha estas músicas, como Roberto Carlos, Padre Zezinho, etc. Um dia, durante uma aula do curso de 2º ano de Aprendizes do Evangelho, um de meus alunos me deu de presente uma fita K7 pedindo para que eu ouvisse com carinho. A fita, produzida de forma caseira, tinha várias músicas lindas: "Parafuso", "3º Milênio", "Obrigado, Senhor" entre outras, às quais me apaixonei. Perguntei a ele de quem eram as músicas e ele me disse que eram de um grupo de São Bernardo do Campo (SP) chamado Grupo Vocal União e Harmonia. Por coincidência, este grupo iria se apresentar em um estádio em São Caetano para lançar o seu terceiro disco e esse meu aluno estava programando para ir e me convidou. Aceitei prontamente. Lá, adquiri todos os discos do grupo e acompanhei, maravilhado, a apresentação daquele belo coral. Não resisti e procurei, ao final da apresentação, o responsável pelo trabalho, Roberto Ferreira. Conversamos por alguns minutos, mas pareceu que já nos conhecíamos há muito tempo. Comecei a cantar as suas músicas e a divulgar o trabalho deles. Quando decidi gravar o segundo cd, resolvi que teria que ser músicas exclusivamente espíritas e procurei o Roberto para lhe pedir autorização para gravar algumas de suas músicas. Ele recebeu a mim e a meu pai e colocou à nossa disposição todas as mais de 800 músicas, àquela época, hoje são mais de 1500, que a espiritualidade o haviam inspirado. O cd "Quero ser ponte" é o resultado desse encontro, 12 músicas selecionadas entre as centenas que ele nos ofereceu. Hoje sou considerado um "afiliado", embora eles tenham como afiliados apenas outros grupos corais. Roberto Ferreira é pessoa maravilhosa, com uma capacidade gigantesca de se doar. O seu trabalho precisa e merece ser conhecido pelas pessoas do Movimento Espírita. Ele não é só importante para mim, ele é importante para o Espiritismo.
ALEX - Comente algo a respeito de seus cd's e de seu mais recente, o "Quero ser Ponte".
LIRÁLCIO - Como eu disse, meu primeiro trabalho, chamado "Aprendizes", tinhas algumas músicas de fora do espiritismo, embora também tivesse algumas conhecidas no meio, como "Quanta luz", da médium carioca Cenyra Pinto, e "Hino dos Aprendizes do Evangelho", de Edgard Armond. Mas era um material produzido sem as devidas autorizações, que eu mesmo duplicava no computador e vendia. Quando decidimos produzir o segundo, com ajuda financeira de meu pai, queríamos que fosse todo legal, com registro nos órgãos competentes, prensagem em indústria fonográfica, etc. O cd levou 2 anos sendo produzido, na base do “juntou, gravou”, ou seja, à medida em que tínhamos o dinheiro íamos ao estúdio, pagávamos e gravávamos, faixa por faixa. Depois do material pronto veio o momento da prensagem e foi outra dificuldade, pois não tínhamos dinheiro para fazê-lo. Só 3 anos depois é que o Roberto Ferreira, vendo a nossa dificuldade, assumiu pela 'Fundação Grupo Vocal União & Harmonia' a impressão de mil unidades do cd. Com esses 1.000 cds é que venho trabalhando, visando guardar fundos para a divulgação e a produção de um novo álbum, que já estamos em fase de seleção.
ALEX - Como surgiu a sua rádio espírita na web?
LIRÁLCIO - A Rádio Espírita é fruto dessa minha dificuldade em conseguir produzir e também de divulgar meu cd. Infelizmente, o Movimento Espírita tem ainda uma certa ojeriza em relação à arte, especialmente a música – que, graças a Deus vem mudando de uns tempos pra cá, mas ainda está muito longe do ideal. Por causa disso procurei formas alternativas de divulgá-lo, inclusive pensando em outros tantos artistas que, como eu, passavam pelo mesmo problema. Inicialmente, a idéia era fazer um programa semanal de arte espírita em rádio ou televisão, com entrevistas, vídeo clipes e muito bate-papo. Há quase 6 anos, procurei o Alamar Regis Carvalho, com quem já tinha amizade há muitos anos, e que estava lançando a Rede Visão, sistema web de transmissão de rádio e TV, ao vivo e on demand, me colocando para produzir esse programa. Imediatamente ele abraçou a idéia, mas me questionou se não seria melhor, diante das minhas exposições – eu lhe expliquei a minha intenção em ser um divulgador ferrenho da música espírita -, ele me questionou se não seria melhor um veículo específico, 24 horas: uma rádio. Naquele momento, eu fiquei chocado, a idéia era maravilhosa, mas será que eu tinha condições de fazê-lo? Ele me explicou que não seria complicado, já que os requisitos mínimos – um computador conectado à internet e um programa de gerenciamento – não seriam problemas. Então eu topei e no dia 12 de janeiro de 2007 entrou no ar a web-rádio “Rádio Espírita”, focada essencialmente na difusão da mensagem doutrinária através da arte. Agora em janeiro vamos completar 5 anos de existência. Atualmente são 169 artistas espíritas sendo divulgados com pouco mais de 3.000 músicas. Mas ainda falta muito, o trabalho está apenas começando. É preciso que o artista espírita saiba de nossa existência e nos enviem seu material para que possamos divulgá-lo. Eu sei que tem muita gente boa por esse mundo a fora fazendo arte espírita e que precisa de espaço, para isso nós estamos aqui. Por muito tempo eu cuidei sozinho da Rádio Espírita e foi bem difícil, mas graças a bondade e misericórdia de Deus, uma linda pessoa se uniu a mim para fazer com que esse trabalho cresça, floresça e frutifique: Telma, minha esposa. Sem ela, a Radio Espírita já teria deixado de existir.
ALEX - Recentemente você fez o cd "Coletânea Rádio Espírita – Volume I", incluindo canções de alguns grupos de nossa região, como o 'Anima' e o 'Castelã'. Como foi organizar este trabalho? E teremos a realização dos números 2, 3, 4...?
LIRÁLCIO - A coletânea é uma orientação dos espíritos que dirigem este trabalho e faz parte das comemorações de aniversário de 5 anos da Rádio Espírita. Ele visa a divulgação dos artistas entre si, já que alguns nem se conhecem e um acabará divulgando o outro, e também a arrecadação de fundos para a manutenção e sustento da arte como um todo. Como eu disse anteriormente, sofri muito em meu projeto de divulgar a Doutrina Espírita através da música, o Movimento Espírita tem um problema sério quando o assunto é dinheiro, os grupos e instituições formais constituídos têm grande dificuldade em apoiar projetos que tratam da Doutrina como um todo e, infelizmente, focam exclusivamente em si, na manutenção dos seus próprios trabalhos. Sempre que procurei algum empresário espírita a dificuldade era a mesma: eles achavam o material lindo, que ele deveria sim ser divulgado e que eu deveria doá-lo, integralmente, para que eles o divulgassem. Nunca, nenhum deles me perguntou quanto custou para produzir aquele trabalho, quais foram os sacrifícios que empreendi para que ele fosse a termo. Queriam o trabalho para eles, graciosamente, esperando que eu ficasse feliz apenas em ser conhecido, em aparecer... Meu objetivo não é ficar famoso, não é viver da Doutrina Espírita, mas é preciso ser justo: há custos envolvidos em uma produção como esta, especialmente se ela for feita visando a qualidade que, eu acho, a Doutrina Espírita merece. Eu não sou rico, muito pelo contrário. Então, hoje, quando eu parto para uma empreitada como esta, também penso no que passei e, assim, decidimos que toda a arrecadação conseguida com a venda deste material será dividida igualmente entre todos os artistas envolvidos. Ou seja, a renda da venda do cd “Coletânea Rádio Espírita” irá ajudar a manter a Rádio Espírita no ar, a colocar novos projetos de divulgação da arte espírita, como shows e eventos culturais que pretendemos fazer, e também ajudar financeiramente os artistas espíritas que tanto precisam para poder fazer a sua arte. Acho que qualquer trabalho tem que ser realizado em um processo simbiótico, onde um ajuda o outro e assim crescem juntos. De outra forma, o que existe é apenas um processo parasitário, onde apenas um dos envolvidos se beneficia do outro, graciosamente, sem contrapartida. Não há uma preocupação com a sobrevivência da outra parte, se aquela deixar de existir, não tem problema, simplesmente se arruma outro “hospedeiro”. Isso eu jamais farei.
Quando recebemos a orientação do plano espiritual para desenvolver este trabalho, comunicamos os artistas espíritas através das listas, fóruns e grupos existentes e os convidamos a fazer parte do empreendimento. Muitos artistas imediatamente se prontificaram e começamos então a seleção. Alex, você não faz idéia como foi difícil, pois há muita coisa linda produzida e nós tivemos muita dificuldade para escolher as músicas que comporiam o material. Para você ter uma idéia, eu mesmo quase fiquei de fora. (risos) O certo é que muita gente acabou não entrando, pois um cd comporta apenas 74 minutos de gravação, e assim vamos ter que fazer o volume II, III, IV etc. Mas é claro que isso depende muito da aceitação do público, se este primeiro for um fracasso, é óbvio que não teremos como investir em outras produções.
Esta é a relação, em ordem alfabética, dos artistas e suas músicas, que comporão o volume I:
• Alma Sonora (PR) - Tempo de amor
• Ana Ariel (SP) - Chico 100 anos
• Clayton Prado (SP) - Essência infinita
• Clésio Tapety (SP) e Adolfo Lino (PI) – Herdeiro
• DaNNilu (SP) - Ave Maria
• Flávio Fonseca (DF) - Nova madrugada
• Grupo Änïmä (SP) - Novo tempo
• Grupo Castelã (SP) - Em busca de luz
• Grupo Mensageiros (GO) - Homem de bem
• Grupo Vocal Vinha de Luz (SP) - Nosso querido professor
• Jackson e Alana (RS) - Seja, então feliz
• Jean Charlles (DF) - O chamado
• Júnior Vidal (RJ) - Com Jesus
• Lirálcio (SP) - Efeito bumerangue
• Merlânio Maia (PB) - Palavras do Cristo na beira do mar
• Preté (SP) - Vivenciando o amor
• Roberto Ferreira (SP) - Operário do amor
• Sergio Sachi (SP) - Amigos do outro plano
• Sílvio Sodré (SP) - Belo porvir
• Thiago Brito (RJ) - Podre Rico
• Tim e Vanessa (MG) - Médiuns
ALEX - Os dois mais recentes entrevistados em nosso blog foram os cantores Vansan e Allan Vilches, um pouco antes deles entrevistamos Elizabete Lacerda de Brasília. Você os conhece? O que diria do trabalho deles?
LIRÁLCIO - Sim, conheço os três e os três integram o “play list” da Rádio Espírita. Allan Vilches é um grande amigo e excelente cantor, seu trabalho é magnífico, com uma qualidade impressionante. Tive oportunidade de assistir ao vivo alguns shows com ele, além de suas palestras musicais. Um primor! Vansan eu conheço apenas o trabalho, já há bastante tempo. Ele é de Mogi das Cruzes. Elizabete Lacerda conheci seu trabalho há pouco tempo, apresentado por um amigo, Silvio Sodré que também é artista espírita de Brasília, que me deu de presente um cd dela. Hoje, somos amigos no Facebook. São todos trabalhos lindos que precisam e merecem ser divulgados.
ALEX - Fale um pouco mais sobre a sua relação com a Rede Visão do Alamar?
LIRÁLCIO - Como eu disse lá atrás, conheço o Alamar há mais de 15 anos. Eu era voluntário em grupo de divulgação espírita nas salas de bate-papo (antigamente chamadas de chat) usando um programa chamado IRC – Internet Realy Chat. Tínhamos duas salas em duas redes de IRC, as mais usadas chamadas BrasIRC e BrasNet. Esse trabalho, pioneiro na utilização da internet para divulgação da mensagem espírita, começou a crescer e de repente nos vimos necessitando de espaço para divulgá-lo. Foi então que surgiu o Alamar, que na época morava em Salvador, apresentava um programa semanal de televisão via Embratel, chamado "Espiritismo via satélite", e editava uma revista mensal, chamada “Visão Espírita”. Para manter tudo isso, Alamar tinha uma empresa, a SEDA – Sociedade Espírita de Divulgação e Assistência, que tinha um site e um provedor, àquela época algo muito caro. Ele, que freqüentava nossas salas constantemente, nos ofereceu espaço no servidor da SEDA, hospedou nosso primeiro site e divulgava o nosso trabalho em sua revista, sem nada cobrar. Nossa amizade, e respeito, vêm desta época. De lá para cá, meu respeito e admiração só aumentaram. Sei que algumas pessoas não gostam do Alamar, devido ao seu estilo franco e direto, mas eu o respeito e sei que acima de tudo ele é uma pessoa honesta e sincera, não afeita à "elevação de faixada" e à "bondade de aparência". Alamar é o que é, a qualquer hora e em qualquer lugar, e isso eu admiro muito. O IRC-Espiritismo cresceu tanto que hoje mudou de nome, chama-se agora Espiritismo.Net (www.espiritismo.net) e usa programas mais modernos para fazer aquele mesmo trabalho de divulgação que era feito nas salas de IRC, como o PalTalk, um software que além do texto também permite usar voz e imagem. Alamar hoje mora em São Paulo, pertinho da minha casa, e procuramos fazer um trabalho de divulgação da Doutrina Espírita usando a tecnologia disponível para isso. A Rede Visão (www.redevisao.net) mantém um servidor próprio nos Estados Unidos, pois é muito mais barato e seguro que o serviço brasileiro, e segue acreditando que “divulgar a Doutrina Espírita é a maior caridade que podemos fazer por ela”.
ALEX - Você acha que os espíritas de uma forma geral deveriam explorar mais a mídia para a divulgação da Doutrina?
LIRÁLCIO - Não tenho a menor dúvida com relação a isso. Se Kardec estivesse encarnado, com certeza absoluta usaria destes recursos para aprimorar e difundir o seu trabalho. Não há como fugir disso, a tecnologia existe e veio para ficar. Cada dia mais elas se integram ao nosso dia a dia e precisamos nos adaptar, aproveitar o que elas tem de bom e utilizá-las ao máximo em nosso benefício. Eu vejo muitas pessoas que se afastam da Internet, por exemplo, dizendo que há muita porcaria por lá. É verdade, há sim, mas também tem coisa boa, é procurar. Também ouço há muito tempo dizerem que a televisão é o mal do século. Ok, a televisão é mal explorada, é um meio massificante, “emburrificante”, mas isso porque aqueles que podem fazer alguma coisa de bom se afastam, deixando para os mal intencionados o espaço livre para atuarem. Isso acontece com todas as mídias. Rádio, cinema, teatro, televisão, jornal, revista e internet, são apenas meios com os quais se transmitem idéias, mensagens, se forem usadas de forma inteligente podem fazer muito pela humanidade. Mas é como disse o Espírito Verdade na questão 932 de “O Livro dos Espíritos”: o mal prolifera porque os bons são tímidos e o mal é intrigante e audacioso; quando os bons quiserem, o bem dominará.
ALEX - E a qualidade e conteúdo doutrinário nas músicas espíritas atuais?
LIRÁLCIO - O movimento artístico espírita ainda está engatinhando, ainda se discute o que é ou não arte espírita, incluída ai a música. Temos muito que fazer para termos uma arte uniforme e que atinja realmente a sua finalidade: colocar o bom e o belo a serviço do bem. A música espírita precisa crescer, o músico espírita precisa compreender o seu papel no contexto doutrinário. Há, ainda, um ranço, muito triste por sinal, em relação à arte dentro do Movimento Espírita, que muitos confundem com o que é feito por outras denominações religiosas. Quando se fala em investimento, então, a coisa complica muito. Dentro do próprio meio ainda não há consenso, pois há muitos que acham que não se pode cobrar, outros entendem ser necessária a cobrança, cada qual com seus ene número de argumentos pró e contra a “comercialização da arte espírita”. A questão da qualidade da arte, invariavelmente, passa pela questão do investimento. Vivemos em um mundo material, onde as coisas têm custo e precisamos entender isso. Para se fazer as coisas de modo amador, claro, qualquer pessoa de boa vontade pode fazê-lo, bancando de si os custos para isso, que são relativamente pequenos, mas quando falamos em produção com qualidade não tem como não esbarrar na questão financeira. Aí é um deus-nos-acuda!
Sinceramente, eu não vejo problema em se cobrar ingresso para se assistir uma bela peça teatral, produzida por grupo espírita, com conteúdo espírita, voltada para a comunidade espírita e simpatizantes. As pessoas “comuns” não fazem isso para ver peças de gosto duvidoso e de conteúdo chulo? Eu não vejo problema em ir ao cinema para assistir a um belo filme produzido por uma instituição espírita, focada nas bases doutrinárias e que vai acrescentar algo à minha vida. Os cinemas não enchem de expectadores para ver filmes de violência e sexo dando bilhões aos seus produtores? Por que para nós tem que ser de graça? Por que para nós tem que ser mal feito? Qual o problema em se pagar por um cd de músicas edificantes, harmonizantes, que vão nos trazer paz e bem-estar? Por que é espírita? Espírita é menos? Em quê Roberto Carlos é melhor que Vansan? Luciano Pavarotti é melhor que Allan Vilches? Paula Toller é melhor que Elizabete Lacerda? Grupo Sensação é melhor do que o Grupo Vocal União e Harmonia? Não, absolutamente não! Isso sem falar em material fonográfico muito pior que hoje tomam conta das mídias e que tocam em autos volumes por esse Brasil afora, insitando nossos jovens ao sexo e às drogas. Não é melhor que o dinheiro venha para o Movimento Espírita, auxiliar na manutenção de trabalhos edificantes e de assistência social e espiritual do que para pessoas que só pensam na fama e na fortuna a qualquer custo? Sim, eu dou de graça o dom de cantar, mas tenho despesas que não dá para pagar com passe e água magnetizada. Acho que ainda não entenderam quando Jesus disse “a César o que é de César, a Deus o que é de Deus”.
ALEX - Agora uma pergunta que eu deveria ter feito no início: Como você conheceu a Doutrina Espírita?
LIRÁLCIO - Como já disse, eu tenho formação católica, vivia dentro da Igreja, participava ativamente na comunidade. Porém, sempre fui bastante questionador, muitas coisas que eu lia e que os padres e freiras tentavam me passar ficavam como grandes indagações. Quando eu perguntava a eles coisas como “se Deus perdoou Noé e disse que abençoava a ele, seus filhos e seus descendentes, sendo que só haviam sobrado eles na face da terra, por que eu tinha que pagar por um erro cometido por outras pessoas antes disso? – o pecado original – Afinal, eu era mais filho de Noé do que de Adão!” as irmãs do convento onde eu estudava ficavam horrorizadas com minhas perguntas, viviam chamando meu pai na diretoria, pedindo a ele que me educasse melhor e coisas assim. Um dia “briguei com o mundo”, não queria saber de mais nada, me afastei totalmente das atividades da Igreja e coloquei estas questões em segundo plano. Foi quando um amigo muito querido me deu um livro de presente. Eu olhei aquele livro e me arrepiei. “Credo, tira isso daqui, esse negócio de espiritismo não é coisa de Deus!” disse eu ao meu amigo que acabava de presentear com um exemplar de “O Livro dos Espíritos”. Ele não se ofendeu e disse “Deixa ele por ai, quem sabe uma hora você resolva dar uma folheada e entenda que as coisas podem ser diferentes do que você pensa que são”. E ele ficou lá, na mesa, por dias, talvez semanas. Uma bela hora, de curiosidade, abri-o e comecei pelo começo, ou seja, pelas explicações de Kardec. O texto era claro, conciso, escrito por alguém que parecia apaixonado pelo que havia feito. Não consegui parar de ler. Passei então a questão nº 1 “Que é Deus?”. Essa pergunta tinha alguma coisa estranha, não se pergunta “o que é Deus”, o correto seria “quem é Deus”, pensei eu. A resposta foi ainda mais bombástica: “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”. A partir dali, minha vida teve um novo significado, a cada pergunta formulada pelo autor, que pareciam ser as minhas, uma resposta me iluminava e me fazia voltar a compreender Deus. Fui atrás de mais. Li, estudei, esmiucei tudo o que tinha direito, mas sempre com reservas, tudo em casa, sem nunca ter ido a uma instituição espírita, pois ainda guardava muito preconceito sobre as mesmas. Foi quando conheci minha segunda esposa. Eu já estava separado havia algum tempo e quando começamos a nos relacionar ele me convidou para conhecer uma casa espírita que ela freqüentava. No início fiquei arredio, mas cedi e fui. Ao chegar lá, uma surpresa enorme: vários amigos e colegas estavam naquela casa. O presidente da instituição, que eu conhecia desde a infância, e era professor como eu, me recebeu e me abraçou dizendo “Seja bem-vindo, irmão”. A partir de então, passei a frequentar a casa, fiz todos os cursos disponíveis e comecei a trabalhar como voluntário, fazendo palestras, dando cursos, participando ativamente das atividades da casa.
ALEX - Como foi o seu primeiro contato com a música espírita?
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Lirálcio e esposa |
LIRÁLCIO - Nesta instituição que citei acima, de nome Centro Espírita Francisca Souza, em São Miguel Paulista, zona lesta de São Paulo, quando comecei a freqüentar o curso de “Aprendizes do Evangelho” uma música era cantada em todo início de aula, o “Hino dos Aprendizes do Evangelho” de Edgard Armound, que as pessoas popularmente chamam de "Pai Celeste” porque é a primeira frase da música. A casa também tinha uma música particular, de autoria da mentora espiritual, D. Francisca Souza, chamada “Caridade”. Eu mesmo, quando comecei a cantar na casa, usava várias músicas que havia aprendido na Igreja, até que conheci as músicas do Grupo Vocal União & Harmonia. Desde então, procuro trabalhar músicas exclusivamente doutrinárias, até porque há uma quantidade imensa de músicas dentro do movimento espírita que não justificaria, ao menos na minha visão, trabalhar mais com música de fora.
ALEX - Você teve contato com o médium Francisco Candido Xavier?
LIRÁLCIO - Há 18 anos, em uma das instituições em que lecionava e era diretor de ensino doutrinário, o Centro Espírita Lar Verdade Amor e Caridade, um casal de alunos promoveu uma excursão até Uberaba. Inicialmente eu não me prontifiquei a participar da mesma, mas como eles insistiram e me deram a viagem de presente acabei indo com eles. Foi uma viagem rejuvenescedora, conheci Peirópolis, o sítio do Sr. Langerton, médium homeopata que tratara o Chico, fomos a Sacramento, onde tive a oportunidade de conhecer o Colégio Allan Kardec, instituição fundada por Eurípedes Barsanulfo, e o centro espírita fundado por ele e mantido pela família até hoje. Em Uberaba, tive a oportunidade de fazer uma palestra e cantar em um dos centros espíritas frequentados pelo Chico e tive a honra de poder beijar-lhe a mão e o “desconforto” (afinal, quem sou eu para ter tal merecemento?) de ter a minha mão beijada por ele. Foi uma experiência única, da qual jamais vou me esquecer.
ALEX - O que você poderia nos dizer á respeito de Jorge Rizzini?
LIRÁLCIO - Conheci muito pouco deste emérito trabalhador da Doutrina Espírita. Sei que recebia músicas de poetas famosos desencarnados, que fez o primeiro programa espírita da televisão brasileira, chamado “Em busca da Verdade” aqui na TV Cultura de São Paulo, e que escreveu vários livros sobre diversas personalidades espíritas. Eu gostaria de ter tido contato mais próximo com ele, pois foi um grande desbravador das mídias e eu teria muito a aprender com ele. Infelizmente, para mim, Rizzini desencarnou em 2008 aos 84 anos de idade, mas seu legado é grande e há muito ainda pra se aprender com o que ele deixou.
ALEX - Para finalizarmos um Pinga-Fogo :
- Violão – Companheiro, há algum tempo desprezado (risos).
- Mídia – Um meio que precisa ser aproveitado para o trabalho do bem.
- Família – Fonte de sustentação, base para o meu crescimento.
- Kardec – O pedagogo.
- Deus – Tudo!
ALEX - Muito obrigado pela entrevista virtual (risos), esperamos ansiosos a sua vinda e que Jesus continue a lhe iluminar nesta caminhada. Um forte abraço e são suas as considerações finais:
LIRÁLCIO - Eu que agradeço, Alex, pelo seu interesse em meu trabalho. Não sou perfeito, estou muito longe disso, só quem me conhece de perto sabe dos meus erros, dos meus defeitos, mas eu busco a cada dia me melhorar e faço isso com afinco. Também tento ajudar aqueles que estão à minha volta, aqueles que queiram me ouvir, seja através de minhas palestras, das canções que interpreto ou do trabalho que realizo. Tenho certeza que o mundo se tornará melhor quando todos entendermos as lições morais deixadas por Jesus e as colocarmos em prática em nosso dia a dia, não apenas dentro da casa espírita, mas na família, no trabalho, no trânsito, na escola ou onde quer que estejamos. Um planeta de regeneração nos aguarda o concurso e depende de nós que a Terra rapidamente se torne esse planeta, onde a felicidade ainda não será plena, mas será muito bom pra se viver. Muito obrigado e que Deus nos abençoe, hoje e sempre.
O NOSSO ENTREVISTADO ESTARÁ EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP
NO DIA 24 DE SETEMBRO (SÁBADO)
NO PROGRAMA "VIVÊNCIA ESPÍRITA", ACOMPANHEM PELA RÁDIO (750 AM) OU AO VIVO PELO SITE (www.superradiopiratininga.com.br) E Á NOITE ESTARÁ REALIZANDO UMA PALESTRA COM O TEMA "EDUCAÇÃO VEM DE BERÇO" NA AME (ASSOCIAÇÃO MATERNAL ESPIRITA), NA RUA OSCAR STRAUSS, BOSQUE DOS EUCALIPTOS, ÁS 19:30hs
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Alex Guimarães e Lirálcio Ricci na AME - São José dos Campos/SP |