1º de abril de 2010 - Era o Dia da Mentira, mas era verdade que ela já estava doente, pela primeira vez em mais de 10 anos de serviço, eu saí do meu expediente horas antes dele terminar para poder ficar com ela, no meio da entrega, eu passei o cargo para meu irmão e corri para casa, pois senti pelo telefone que realmente nossa mãezinha não estava bem. Chegando em casa, vi ela deitada sobre a cama e ficamos ali a tarde toda em preces; ambos conversamos muitas coisas que sem percebermos já era uma espécie de despedida, eu nem imaginara que estava próximo seu desencarne e nem lembrara dos sonhos que minha esposa tivera ou das comunicações espirituais que obtivemos uma semana antes acerca do que estava para ocorrer. Ficamos ali por horas e observando sua melhora, com a chegada de minha irmã em sua casa, fui embora para a minha, prometendo continuar em preces e que se algo piorasse, ligasse para minha casa.
2 de abril de 2010 - Ela amava praia, qualquer feriado que fosse não a encontrariam em casa, ela sempre estava em Caraguatatuba, era de praxe ela estar lá na Semana Santa. E justamente nesta, ela fora uma semana antes "Vamos esta semana, quem garante que na semana que vem não será possível irmos até lá?" Seria uma premonição? Realmente não foi possível, ela piorou um pouco na noite da sexta-feira, mas nada que a levasse ao hospital "Não quero ir ao hospital, só irei no último caso, pois quando eu for lá, será para desencarnar, vou ir e não mais voltar". Assim ela dormiu, em preces para sua melhora e pelas almas que ela nunca as esquecia, possuía até uma lista de nomes. Naquela noite ela queria muito ir na procissão, seu neto a levou na igreja, mas as dores nas costas não a possibilitaram subir as rampas, parou no meio do caminho e ficou muito triste por não conseguir chegar no sacrário. Seria sua despedida da paróquia que ela tanto ajudou materialmente e espiritualmente. Naquele instante a procissão passava próximo de nossa casa, minha esposa, minha filha e eu saímos de casa para vê-la passar e ligamos para ela "Filho, você lembrou-se de quando íamos juntos nela? Como era bom né! Fez uma prece por mim?" Ainda falamos sobre o filme do Chico Xavier que estava estreando naquela dia de seu Centenário, que ela deseja muito assistí-lo.
3 de abril de 2010 - Sábado de Aleluia, o dia mais feliz dentro da Igreja para minha mãe, era o dia mais esperado por ela no Calendário Litúrgico. Neste dia os católicos vibravam juntos em favor de Jesus Ressucitado; os espiritas vibravam juntos em favor de Chico Xavier em comemorações espalhadas pelo Brasil todo; E positivamente tudo isto era favorável para o desencarne de nossa mãezinha. Naquela manhã ensolarada, meus irmãos e eu estávamos de folga, minha mãezinha estava melhor (era aquela "melhora" que os espiritos fazem para ajudar no desencarne mais fácil do espirito), nenhum de nós havíamos viajado, estávamos todos próximos e quando nossa mãezinha piorou, nos dirigimos todos á sua casa e chegava um de cada vez. Enquanto eu a segurava, sentia seu corpinho frágil quase sem oxigênio; em preces eu sentia que aquele era o momento; o quarto estava cheio de luz e espiritos, eram as almas que ela tanto ajudava em preces. Quase sem conseguir falar ela balbuciava "Mãe, oh minha mãe" olhando para o "nada", percebíamos que era nossa vózinha que estava ali presente; eu nunca tivera uma experiência mediúnica no nível de percepção tão forte quanto naqueles momentos.
Meu irmão chegou e agora estavam ali presentes os três filhos da dona Vera, aliviada por estar juntamente de todos, ela respirou melhor e pediu para a levarmos ao hospital, na mesma casa que ela entrou carregando no colo seus filhos há 35 anos, agora era carrega pelos mesmos e até deu um "adeus" acenando com as mãos para a casa que com tanto esforço e esmero cuidou por todos estes anos; acenou também para a casa do vizinho, Oswaldo e Dadá que tanto se amaram, era realmente a despedida, dos verdadeiros vizinhos, da casa, dos filhos e fomos todos levá-la ao hospital, onde lá, sabíamos que iria desencarnar.
Juntamente de minha filha, esposa, sobrinho, irmão e irmã, aguardávamos do lado de fora do quarto os primeiros socorros serem feitos lá dentro e depois de quase uma hora, soubemos exatamente o momento em que ela desencarnou dentro do quarto. Um vento forte se abateu no local e aquela tristeza pairou no ambiente, levantei-me e dirigi-me aos doutores, pronto para receber a notícia, pela feição de seus rostos já percebi o que eles iriam me dizer e realmente o corpo dela não aguentara. Era o fato que eu menos gostaria que ocorrese em minha vida, desde criança quando imaginava um dia acontecer isso, eu já desviava meus pensamentos, porque imaginava ser o fim do mundo. Realmente você "perde o chão", não quer acreditar, dá vontade de dar um grito bem alto olhando para o Céu, mas sem ainda entender, eu permaneci firme, chorei por muitos minutos e depois fui acalmando-me, pois precisava resolver todos aqueles "episódios" já conhecidos do hospital, do velório, do cemitério...e quando o corpo de minha mãe chegou no fim da tarde (que de ensolarada se transformara em fria) no velório, apenas eu estava por lá, esperando meus irmãos tomarem banho e assim revezarmos. E foi neste instante, o corpo dela ali desencarnado e o meu encarnado, que tive as maiores reflexões de minha vida, pensei em coisas em que nunca havia pensado antes, foi uma experiência incrível e entendi ali, naquele momento que poderia ser de total desespero, o porque que eu conhecera o espiritismo 5 anos antes. Foi ali o teste definitivo de "ser espirita" que eu estava passando, naquele momento eu deveria colocar em prática tudo aquilo que estava aprendendo nos livros, palestras, preleções...Fiquei por uma hora velando o corpo de minha mãezinha sozinho e foi aquilo uma experiência única. Maior que o enterro ocorrido no dia seguinte; e maior que o emprego que não pude faltar na segunda-feira...Um semana depois do ocorrido com minha mãe, o apresentador Faustão disse que era difícil enterrar o pai dele em um dia e no outro apresentar um programa, ter de trabalhar...O mesmo ocorreu comigo, meu irmão e meu pai, nós três não temos substitutos em nosso serviço, e tivemos que trabalhar como se nada houvesse acontecido na véspera, atendemos todos os clientes com os sorrisos nos lábios e as lágrimas no coração. Era mais uma experiência! Mais uma oportunidade de exercitar o Espiritismo!
No dia do enterro, o pe.Rinaldo, antigo amigo de nossa familia e muito mais de nossa mãezinha, fez a liturgia das exéquias e de enterro. E algo que ele nos disse nos confortava um pouco "Muitos santos morrem no Sábado de Aleluia", pois sabíamos que algo estava reservado ali naquele dia, ela parecia por momentos saber de sua partida ao plano espiritual, mas mesmo eu sendo espirita, compreendendo alguns fatos espirituais, sempre queremos mais. E quatro meses depois fui atrás do médium Rogério Henrique Leite, buscar uma mensagem psicografada de minha mãezinha, mesmo sabendo que quando o desencarne é recente, torna-se muito dificil o contato. Através de seus amigos espirituais que o auxiliam no trabalho das cartas consoladoras (http://www.cartasconsoladoras.com/) eu consegui apenas alguns recadinhos, sem a autoria de minha mãezinha. O quarto recado foi através da médium Marli Mansini, em Caçapava e lá conheci duas amigas (Margarida e Tânia Fregonesi) que em 2011 iniciaram um trabalho maravilhoso em suas casas.
Fui convidado por elas para quem sabe conseguisse algum contato com minha mãezinha, que desde setembro eu não tentara mais, resolvera "dar um tempo" para ela se adequar mais ao plano espiritual.No dia do enterro, o pe.Rinaldo, antigo amigo de nossa familia e muito mais de nossa mãezinha, fez a liturgia das exéquias e de enterro. E algo que ele nos disse nos confortava um pouco "Muitos santos morrem no Sábado de Aleluia", pois sabíamos que algo estava reservado ali naquele dia, ela parecia por momentos saber de sua partida ao plano espiritual, mas mesmo eu sendo espirita, compreendendo alguns fatos espirituais, sempre queremos mais. E quatro meses depois fui atrás do médium Rogério Henrique Leite, buscar uma mensagem psicografada de minha mãezinha, mesmo sabendo que quando o desencarne é recente, torna-se muito dificil o contato. Através de seus amigos espirituais que o auxiliam no trabalho das cartas consoladoras (http://www.cartasconsoladoras.com/) eu consegui apenas alguns recadinhos, sem a autoria de minha mãezinha. O quarto recado foi através da médium Marli Mansini, em Caçapava e lá conheci duas amigas (Margarida e Tânia Fregonesi) que em 2011 iniciaram um trabalho maravilhoso em suas casas.
Em 23 de fevereiro fui com minha irmã até a casa da Margarida e senti desde o instante em que pisei naquele lar, que minha mãezinha estava lá, era demais a energia sentida. Recebemos sua primeira carta, possuindo 17 folhas, com detalhes e muita emoção, a médium chorava muito enquanto a escrevia e percebemos a presença dela ali naquele momento. As palavras eram dela "Agradeço á Deus pela oportunidade de poder falar com vocês desse jeito que ainda está sendo muito difícil...A mãe está emocionada em ver meus filhos queridos aqui..." Ela não imaginava encontrar minha irmã por lá e relembrou algo que ocorrera meses antes, quando ela sonhou com minha mãe "Sei que você se lembra do nosso encontro quando o seu corpo dormiu. Sei que conseguiu me perceber com seu amor de filha. Você precisava muito ouvir o que falei. Sentia que você estava perdendo a vontade de viver e eu não queria que isto acontecesse. Então, minha querida, eu fui pedindo para que me auxiliassem e trouxessem até a mim e pude falar para que se fortalecesse...a preocupação com aqueles que amamos continua aqui, mas somos amparados e não ficamos desesperados quando isto acontece..." A Dona Vera também queria que ela não ficasse pensando somente nos últimos minutos de sua vida, como escrevi acima, os espiritos aconselham não relembrar muito desses momentos de transição deles, anteriormente eu apenas quis relatar o que ocorreu nos mesmos dias um ano atrás. Ela também faz algumas revelações a seguir e aconselha " Filha, o amor é grande e quero que se lembre de mim com alegria, sorrindo, como fazia quando nós passeávamos na praia. Agradeço a Deus por ter me dado a benção de ir mais rápido e não necessitar ficar tão dependente fisicamente como deveria. Tudo está como deveria ser e não quero ver tristeza na casa".
Em outra carta, em 1º de março de 2011, ela inicia "Ao querido Alex, o Lê de todos nós" identificando-se e certificando-se de algo que a médium dra.Tânia Fregonesi nem ao menos conhecia, meu apelido. E continua dizendo que está cada dia melhor e muita agradecida pela nossa vontade em pedir notícias e por estar aprendendo mais sobre os ensinamentos de Jesus, deixando um recado também á nossa filha Gabriela "quero que beije muito a minha linda Gabi, a minha neta de caichinhos tão lindos quanto ela" e aconselhando a neta e o neto Matheus, também mostra que sua fé em Nossa Senhora ainda continua forte "Sejam bonzinhos para os que amam vocês. Tenham em Deus e Nossa Senhora, mãe de Jesus, o exemplo da Vida com amor e caridade. Não quero ver os rostos tristes, quero que sigam por mim e por vocês mesmos a vida que é preciosa para a aprendizagem aí na Terra."
Tudo o que escrevi aqui espero não ser em vão, comecei ás 10 horas da manhã e agora os ponteiros do relógio á minha frente estão quase virando a meia-noite. O dia que amanheceu cinzento está ainda nublado, com a lua escondida pelas nuvens, sem estrelas e silencioso, apenas ouço o som dos carros e ônibus passando na rua de casa, minha filha e esposa já dormem, mas aqui estou querendo passar algo de positivo para você leitor e que não por acaso lê esta postagem, talvez por ter conhecido minha mãe ou talvez por curiosidade, talvez até esteja cansado de tanto ler e ainda não saber porque está lendo estas linhas. Espero que você não tenha passado ainda por esta experiência de ser órfão, seja de pai ou de mãe, mas se já teve esta experiência, sei da vontade e curiosidade que você tem de saber algo sobre seu ente querido, de ter uma notícia ou apenas um "olá", uma carta de 17 folhas ou um recadinho de 17 linhas. A emoção de ouvir um médium ler uma carta "Alex meu filho querido, a mãe..." é inexplicável, é uma emoção que explode dentro de você e o sentimento de reencontro somado de uma saudade contida, faz com que você sinta-se imensamente feliz, é assim que estou sentindo-me hoje, irei antes de deitar-me conversar com minha mãezinha em pensameto, vibrar por ela, pois sei que mesmo o dia nascendo triste, quem o faz assim sou eu; ao invés de ficar o dia todo relembrando o que ocorreu e fazer deste domingo um luto, faço dele uma caridade, faço dele amor, faço dele perdão...aproveite o dia de aniversário natalício ou de falecimento de seu ente querido e o transforme em algo de bom, tenha certeza de que ele de onde estiver ficará muito feliz! E se você deseja alguma informação acerca de cartas consoladoras, que veem como lenços enxugar suas lágrimas de saudades, entre em contato conosco alexscguimaraes@bol.com.br e espero poder ajudá-lo ou confortá-lo, eis o meu desejo com esta postagem de hoje!
Fique na paz de Deus, que Jesus o abençoe, Maria o conforte e os Amigos Espirituais o acompanhem!
Um fraterno abraço, Alex
3 comentários:
que lindo,gostaria muito de receber uma carta de minha mãe ou do meu pai,os dois se foram em tres anos,ainda sinto uma dor profunda,e não sai da minha cabeça o dia que ela se foi,sofro muito com isso,abraços.Patricia
Alex.... que texto lindo! Quanta emoção! Não consegui segurar as lágrimas....
Sempre tive muita curiosidade de saber como são essas cartas, mas também nunca procurei, talvez por falta de conhecimento mesmo... Quem sabe vc possa me ajudar um dia! Nossas mães que eram amigas da juventude com certeza olham por nós agora... Tudo de bom moço!
Bjs,
Camila A. Loureiro
Alex,
Na última terça-feira tive a graça de receber pelas mãos da Tânia e pela "misericórdia de Jesus" como diz o próprio texto, uma carta de 29 páginas de meu pai querido, muito emocionado e que trouxe muita comoção para mim e a certeza de que nossa vida não acaba quando deixamos a matéria e reforçou ainda mais a minha fé. Muito obrigado pelo apoio, pois nossa amiga em comum, Pri, conseguiu o contato da Tânia por seu intermédio. O mais impressionante, é que a assinatura é dele, inclusive na forma de escrever, mais uma prova da seriedade e do amor contido no trablaho desta pessoa iluminada que é a Tânia. Abraço!
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