29 de abril de 2011

44 - VISITA ao túmulo de WELINGTON

     Quem ainda não está abalado pelo o que ocorreu na escola em Realengo, no Rio de Janeiro?
     Não gostaria de comentar sobre este caso aqui em nosso blog, mas é que achei curiosa uma matéria publicada em um site protestante, o Gospel Mais, onde eles colocaram no título "Espíritas visitam o túmulo do atirador de Realengo para orar pelo assassino", acompanhe-a abaixo:


     Publicado por Renato Cavallera (perfil no G+ Social) em 24 de abril de 2011
 
     O túmulo de Wellington Menezes de Oliveira, assassino de 13 adolescentes em Realengo, recebeu a visita de cinco pessoas após ter sido enterrado. Deixando flores brancas na cruz 7708 (foto), a de Wellington, os visitantes oraram no túmulo do atirador antes de irem embora.

     Segundo um dos coveiros do cemitério São Francisco Xavier, onde o assassino foi enterrado, o grupo seria de espíritas kardecistas como teria relatado uma das pessoas para ele, porém, ele não soube informar ao jornal O Dia se essas pessoas teriam algum tipo de parentesco com Wellington.

     O corpo foi enterrado no dia 22, sexta-feira santa, após autorização da justiça já que nenhum parente foi ao IML reconhecer o corpo.

     Neste sábado, 23, outro espírita visitou a cova rasa onde Wellington foi sepultado: “Sou espírita e acredito que ele mereça essa prece para poder se arrepender dos seus pecados”, disse o pintor Paulo Cézar Ferreira, 41 anos.

     Em sua carta suicída, o atirador deixou uma série de regras a se seguir para a realização de seu enterro, entre os pedidos estavam a presença de um “fiel seguidor de Deus” para orar por sua alma e encaminha-la ao paraíso.

     Fonte :  http://noticias.gospelmais.com.br/espiritas-visitam-tumulo-atirador-realengo-orar-19090.html

     Ao fim desta matéria, encontram-se vários comentários, nota-se que muitos ali estão apenas escrevendo por escrever, atacando os espiritas e também o Welington, mas convem copiar aqui pra vocês, o primeiro dos comentários, que achei o mais feliz nesse caso, é o de uma leitora não-espirita que parabeniza os espiritas pela atitude, que deveria ser a mesma de todos nós, ao invés de dizermos como ouvimos por aí "que arda no inferno", que ele possa ter uma nova chance, pois sabemos como está a situação dele neste momento, onde talvez ele esteja ou o que esteja sofrendo. No dia seguinte do massacre, eu vi centenas de comunidades atacando-o no orkut, o povo se revoltou, ato normal no caso, mas é momento de nos interiorizarmos e vibrar positivamente para que não ocorram mais casos como estes. Voltemos então ao comentário que citei á pouco :
     Que notícia boa!!!!! Estamos lembrando a morte de Jesus nesta páscoa, mas estamos nos esquecendo dos pedidos Dele para nós……”perdoar sempre”…..”amar os inimigos”…..”tudo que fizerdes ao menor de meus irmãos é a Mim que estareis fazendo”…….”não faça aos outros o que não quer que vos faça”……etc……parabéns espíritas!!!! Ser cristão é ter atitude cristã…..
 
     Ela foi feliz, não foi? E acompanhem agora o que o nosso amigo jornalista Carlos Abranches postou em seu blog no VNews, dia 08 de abril, sobre este caso. E por falar em Carlos Abranches, não esqueçam de ver a próxima postagem, será a primeira de uma série de entrevistas que farei com jornalistas, escritores, atores, músicos, artistas em geral...ligados ou não ao Espiritismo, mas em nossas entrevistas, sempre comentaremos algo relacionado á Doutrina Espirita. O primeiro entrevistado por mim foi Carlos Abranches e esta entrevista exclusiva estará no ar amanhã aqui no blog. Enquanto isso desfrutem dos belos pensamentos que irão ler á seguir deste nosso abençoado irmão: 

O SILÊNCIO FORÇADO DOS INOCENTES

     Qualquer crime, por mais hediondo que seja, fica mais grave ainda quando provoca o silêncio forçado de uma criança.

     No quadro sinistro, desenhado a sangue e tiros, dentro de uma escola pública do Rio de Janeiro, foram muitas as vítimas, além das doze que até agora perderam a vida.


     Quando o psicopata esquizofrênico fuzilou os estudantes, em sua maioria meninas, estava tentando dilacerar em fragmentos o próprio passado, marcado violentamente por uma sucessão de abandonos, rompimentos e transtornos, expostos de forma cruel e impiedosa.



     Eis o impacto mais doloroso da esquizofrenia, em seu perfil mais agressivo. A doença que psicotiza a percepção da realidade autoriza, no ângulo mais grave de seu espectro, o inautorizável - a matança de quem estiver pelo caminho.

     A cada criança morta, não apenas um universo de possibilidades se perdeu, mas também o fechamento precoce de um ciclo de sonhos, de esperanças e realizações. Em cada uma, um pouco da beleza da vida se dissolveu.



     Depois dessa tragédia, que nos atingiu fortemente a todos, surge das sombras um grito embrutecido, vindo exatamente dos pedidos de socorro não escutados do assassino, de apenas 23 anos.

     No nascimento, o primeiro adeus - à própria mãe, que o entregou a outros braços.



     Na infância, o silêncio e o recolhimento. Irmãos e colegas de escola afirmam que raras foram as vezes em que ouviram sua voz, já mergulhada na profundidade das próprias indagações.


     Na adolescência, as marcas sempre difíceis do bullying. Colegas de sala disseram que ele era constantemente humilhado, sobretudo por meninas, que zombavam de seu modo de se vestir. O cenário? A mesma escola, onde o assassinato coletivo se perpetrou.


     No começo da vida adulta, o fim. Acossado pelos próprios monstros, ele não só desejou, mas arquitetou, planejou e alimentou o plano sinistro.

     Depois de tudo, o silêncio de perguntas não respondidas. Por que matar, para tentar resolver seus dilemas? Por que ferir crianças? Que faceta da propria infância ele quis destruir nos crimes que cometeu? Por que fazer da sua escola o cenário da matança?



     São muitas as dúvidas que ficam, depois de tudo isso.


     O que nos cabe registrar agora, em meio aos escombros deixados por imagens tão crueis, é esperar que o contágio psíquico, provocado por crimes como esse, não contamine outras mentes enfermas.


     Que sejamos fortes para calar na base a tragédia de tantas mortes. E que tenhamos maturidade coletiva o bastante para transformar tanta dor em uma escalada definitiva, rumo a patamares mais elevados de compreensão da dor e da felicidade humanas.

27 de abril de 2011

43 - Chegando aos 30

     Hoje estou muito feliz, pois ganhei um presentão dos meus amigos Nelson e Rosana, do Programa Visão Espirita. Fui convidado á participar do quadro "Papo Jovem", isso quer dizer que eu ainda sou jovem!
   
 Semana passada eu achava que eu não era mais jovem, pois em um anúncio da Secretaria da Juventude de São José dos Campos, dizia-se que todos os jovens estavam convocados para um evento na cidade e logo abaixo estava destacado em negrito "Jovens entre 16 e 29 anos". Fiquei espantado "Não serei mais jovem, pois dia 29 completarei 30 anos, Meu Deus!"
    
Brincadeiras á parte, ainda sinto-me jovem, assim como eu dizia ao completar 20 anos, que estava com um motor 2.0, posso dizer que hoje ainda ele está bom, pois fui no cardiologista há um tempo atrás e ele até teve que pedir para eu parar de correr na bicicleta ergométrica, que já havia ultrapassado o limite de tempo do exame. É claro que dá saudades também de quando eu fiquei todo feliz por encher as duas mãos de dedos e abrindo-os todos dizer "eu já tenho 10 anos".
    
Quando chegamos aos trinta, pensamos no que já passamos nesta vida e no que está por vir, se eu durar até uns 90 anos, estou no 1/3 dela, parece muito, mais é pouco, pois se eu perguntar-me "O que eu já fiz de minha vida", ou "O que eu estou fazendo dela" e ainda "O que eu farei dela" muitas vezes não saberei responder. E você? Já pensou nisso também?
    
     Eu nasci em uma época boa, na década em que a liberdade estava sendo alcançada e cresci em uma fase em que se pôde aproveitar de tudo, era tudo muito saudável e sem malícias.
    
     Nasci no ano em que Indiana Jones estreava nos cinemas, em que jogos do saudoso video game Atari, como Pitfall, Pac Man e Tennis, estavam sendo lançados e que o primeiro computador pessoal, o IBM 5150, ainda estava chegando nas lojas!

     Em 1981, também estavam ocorrendo coisas desagradáveis : nos EUA estavam sendo identificados os primeiros casos de uma misteriosa deficiência do sistema imunológico, que nos anos seguintes, os médicos batizaram a nova síndrome de AIDS.

     Na Praça de São Pedro o Papa João Paulo II sofria um atentado, 15 dias depois de meu nascimento, exatos 10 meses depois de ele ter pisado em solo joseense, onde com muito esforço, minha mãe na época levando-me em sem seu ventre, conseguiu vê-lo, em frente á antiga câmara municipal, na rua XV de Novembro, em julho de 1980.
   
     No mesmo ano que nasci, a Princesa Diana Spencer e o Príncipe Charles, realizavam em Londres o "Casamento Secreto" e morria no Brasil, o cineasta e ator Mazzaropi.
    
     No Brasil nascia o SBT e nos EUA a MTV, mas também encerrava sua carreira o grande boxeador Muhammad Ali, realizando sua última luta profissional naquele ano.
   
     Aqui tínhamos algo á comemorar, Nelson Piquet era campeão mundial de Fórmula 1, mas quem comemorou mais fomos nós crianças, com o lançamento da Estrela, o robô Artur, eu acabei brincando com um desses, mas não era meu (risos), os que eu tive foram pogobol, boca rica, lango-lango, comandos em ação, playmobil, etc...que Saudade não é! Pena que quem nasceu anos depois não tiveram essa infância que tivemos, com brinquedos tão incríveis que lançavam naquela época e que hoje nem tentam fazer iguais.
    
Agora recordo-me da música de uma dupla que fui muito fã deles, Thayde e Dj Hum "Que Tempo Bom, que não volta nunca mais". Mas agora também existe uma música sertaneja que ouvi esses dias em parceria com o Latino "Quem Vive de passado é museu", então olhemos pra frente e façamos como o poeta Renato Russo nos ensinou "É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã".
 
     Se você ainda não chegou nos 30 ou se você já passou dos 30, não importa, viva o agora, olhando para trás apenas para não errar mais e olhando para frente com positividade, pois ainda há muito para se fazer. E  nunca se diga já realizado, senão nada mais se faz, sempre diga "quero mais" e corra atrás de seus sonhos, dê um primeiro passo que Deus e os Benfeitores Espirituais lhe ajudam á dar o segundo, o terceiro, o quarto...e se você não conseguir dar alguns passos á mais, ás vezes eles te levam no colo, mas acredite que um dia você chega lá. Não são perdas de entes queridos, bens materias ou outra coisa qualquer que irão fazê-lo parar, deve-se subir os degraus agora, nesta escada evolutiva rumo á angelitude. Façamos cada um seu papel e respeitando o livre arbítrio do próximo, que venham mais 30, mais 60 e que eu tenha a competência e capacidade de no fim de tudo, poder dizer : eu consegui! Graças á Deus e Assim Seja, que Jesus abençoe á todos que tiveram a paciência de ler o que um quase "trintão", mas ainda jovem (risos) escreveu numa madrugada de outono, esperando os próximos dias para cantar "parabéns pra você".

3 de abril de 2011

42 - A MÃE de ALEX - 3 de abril

     Hoje amanheceu triste, um chuvinha fina, tempo nublado, nuvens negras passando sobre nossa casa...Acordei e logo lembrei "Hoje completa-se 1 ano que minha mãezinha desencarnou", fiz uma prece á ela, vibrando em favor de sua evolução espiritual, por instantes senti a sua energia, emitida de onde ela está em direção á minha alma.
     1º de abril de 2010 - Era o Dia da Mentira, mas era verdade que ela já estava doente, pela primeira vez em mais de 10 anos de serviço, eu saí do meu expediente horas antes dele terminar para poder ficar com ela, no meio da entrega, eu passei o cargo para meu irmão e corri para casa, pois senti pelo telefone que realmente nossa mãezinha não estava bem. Chegando em casa, vi ela deitada sobre a cama e ficamos ali a tarde toda em preces; ambos conversamos muitas coisas que sem percebermos já era uma espécie de despedida, eu nem imaginara que estava próximo seu desencarne e nem lembrara dos sonhos que minha esposa tivera ou das comunicações espirituais que obtivemos uma semana antes acerca do que estava para ocorrer. Ficamos ali por horas e observando sua melhora, com a chegada de minha irmã em sua casa, fui embora para a minha, prometendo continuar em preces e que se algo piorasse, ligasse para minha casa.


      2 de abril de 2010 - Ela amava praia, qualquer feriado que fosse não a encontrariam em casa, ela sempre estava em Caraguatatuba, era de praxe ela estar lá na Semana Santa. E justamente nesta, ela fora uma semana antes "Vamos esta semana, quem garante que na semana que vem não será possível irmos até lá?" Seria uma premonição? Realmente não foi possível, ela piorou um pouco na noite da sexta-feira, mas nada que a levasse ao hospital "Não quero ir ao hospital, só irei no último caso, pois quando eu for lá, será para desencarnar, vou ir e não mais voltar". Assim ela dormiu, em preces para sua melhora e pelas almas que ela nunca as esquecia, possuía até uma lista de nomes. Naquela noite ela queria muito ir na procissão, seu neto a levou na igreja, mas as dores nas costas não a possibilitaram subir as rampas, parou no meio do caminho e ficou muito triste por não conseguir chegar no sacrário. Seria sua despedida da paróquia que ela tanto ajudou materialmente e espiritualmente. Naquele instante a procissão passava próximo de nossa casa, minha esposa, minha filha e eu saímos de casa para vê-la passar e ligamos para ela "Filho, você lembrou-se de quando íamos juntos nela? Como era bom né! Fez uma prece por mim?" Ainda falamos sobre o filme do Chico Xavier que estava estreando naquela dia de seu Centenário, que ela deseja muito assistí-lo.

      3 de abril de 2010 - Sábado de Aleluia, o dia mais feliz dentro da Igreja para minha mãe, era o dia mais esperado por ela no Calendário Litúrgico. Neste dia os católicos vibravam juntos em favor de Jesus Ressucitado; os espiritas vibravam juntos em favor de Chico Xavier em comemorações espalhadas pelo Brasil todo; E positivamente tudo isto era favorável para o desencarne de nossa mãezinha. Naquela manhã ensolarada, meus irmãos e eu estávamos de folga, minha mãezinha estava melhor (era aquela "melhora" que os espiritos fazem para ajudar no desencarne mais fácil do espirito), nenhum de nós havíamos viajado, estávamos todos próximos e quando nossa mãezinha piorou, nos dirigimos todos á sua casa e chegava um de cada vez. Enquanto eu a segurava, sentia seu corpinho frágil quase sem oxigênio; em preces eu sentia que aquele era o momento; o quarto estava cheio de luz e espiritos, eram as almas que ela tanto ajudava em preces. Quase sem conseguir falar ela balbuciava "Mãe, oh minha mãe" olhando para o "nada", percebíamos que era nossa vózinha que estava ali presente; eu nunca tivera uma experiência mediúnica no nível de percepção tão forte quanto naqueles momentos.
     Meu irmão chegou e agora estavam ali presentes os três filhos da dona Vera, aliviada por estar juntamente de todos, ela respirou melhor e pediu para a levarmos ao hospital, na mesma casa que ela entrou carregando no colo seus filhos há 35 anos, agora era carrega pelos mesmos e até deu um "adeus" acenando com as mãos para a casa que com tanto esforço e esmero cuidou por todos estes anos; acenou também para a casa do vizinho, Oswaldo e Dadá que tanto se amaram, era realmente a despedida, dos verdadeiros vizinhos, da casa, dos filhos e fomos todos levá-la ao hospital, onde lá, sabíamos que iria desencarnar.
     Juntamente de minha filha, esposa, sobrinho, irmão e irmã, aguardávamos do lado de fora do quarto os primeiros socorros serem feitos lá dentro e depois de quase uma hora, soubemos exatamente o momento em que ela desencarnou dentro do quarto. Um vento forte se abateu no local e aquela tristeza pairou no ambiente, levantei-me e dirigi-me aos doutores, pronto para receber a notícia, pela feição de seus rostos já percebi  o que eles iriam me dizer e realmente o corpo dela não aguentara. Era o fato que eu menos gostaria que ocorrese em minha vida, desde criança quando imaginava um dia acontecer isso, eu já desviava meus pensamentos, porque imaginava ser o fim do mundo. Realmente você "perde o chão", não quer acreditar, dá vontade de dar um grito bem alto olhando para o Céu, mas sem ainda entender, eu permaneci firme, chorei por muitos minutos e depois fui acalmando-me, pois precisava resolver todos aqueles "episódios" já conhecidos do hospital, do velório, do cemitério...e quando o corpo de minha mãe chegou no fim da tarde (que de ensolarada se transformara em fria) no velório, apenas eu estava por lá, esperando meus irmãos tomarem banho e assim revezarmos. E foi neste instante, o corpo dela ali desencarnado e o meu encarnado, que tive as maiores reflexões de minha vida, pensei em coisas em que nunca havia pensado antes, foi uma experiência incrível e entendi ali, naquele momento que poderia ser de total desespero, o porque que eu conhecera o espiritismo 5 anos antes. Foi ali o teste definitivo de "ser espirita" que eu estava passando, naquele momento eu deveria colocar em prática tudo aquilo que estava aprendendo nos livros, palestras, preleções...Fiquei por uma hora velando o corpo de minha mãezinha sozinho e foi aquilo uma experiência única. Maior que o enterro ocorrido no dia seguinte; e maior que o emprego que não pude faltar na segunda-feira...Um semana depois do ocorrido com minha mãe, o apresentador Faustão disse que era difícil enterrar o pai dele em um dia e no outro apresentar um programa, ter de trabalhar...O mesmo ocorreu comigo, meu irmão e meu pai, nós três não temos substitutos em nosso serviço, e tivemos que trabalhar como se nada houvesse acontecido na véspera, atendemos todos os clientes com os sorrisos nos lábios e as lágrimas no coração. Era mais uma experiência! Mais uma oportunidade de exercitar o Espiritismo!
     No dia do enterro, o pe.Rinaldo, antigo amigo de nossa familia e muito mais de nossa mãezinha, fez a liturgia das exéquias e de enterro. E algo que ele nos disse nos confortava um pouco "Muitos santos morrem no Sábado de Aleluia", pois sabíamos que algo estava reservado ali naquele dia, ela parecia por momentos saber de sua partida ao plano espiritual, mas mesmo eu sendo espirita, compreendendo alguns fatos espirituais, sempre queremos mais. E quatro meses depois fui atrás do médium Rogério Henrique Leite, buscar uma mensagem psicografada de minha mãezinha, mesmo sabendo que quando o desencarne é recente, torna-se muito dificil o contato. Através de seus amigos espirituais que o auxiliam no trabalho das cartas consoladoras (http://www.cartasconsoladoras.com/) eu consegui apenas alguns recadinhos, sem a autoria de minha mãezinha. O quarto recado foi através da médium Marli Mansini, em Caçapava e lá conheci duas amigas (Margarida e Tânia Fregonesi) que em 2011 iniciaram um trabalho maravilhoso em suas casas.
     Fui convidado por elas para quem sabe conseguisse algum contato com minha mãezinha, que desde setembro eu não tentara mais, resolvera "dar um tempo" para ela se adequar mais ao plano espiritual.
     Em 23 de fevereiro fui com minha irmã até a casa da Margarida e senti desde o instante em que pisei naquele lar, que minha mãezinha estava lá, era demais a energia sentida. Recebemos sua primeira carta, possuindo 17 folhas, com detalhes e muita emoção, a médium chorava muito enquanto a escrevia e percebemos a presença dela ali naquele momento. As palavras eram dela "Agradeço á Deus pela oportunidade de poder falar com vocês desse jeito que ainda está sendo muito difícil...A mãe está emocionada em ver meus filhos queridos aqui..." Ela não imaginava encontrar minha irmã por lá e relembrou algo que ocorrera meses antes, quando ela sonhou com minha mãe "Sei que você se lembra do nosso encontro quando o seu corpo dormiu. Sei que conseguiu me perceber com seu amor de filha. Você precisava muito ouvir o que falei. Sentia que você estava perdendo a vontade de viver e eu não queria que isto acontecesse. Então, minha querida, eu fui pedindo para que me auxiliassem e trouxessem até a mim e pude falar para que se fortalecesse...a preocupação com aqueles que amamos continua aqui, mas somos amparados e não ficamos desesperados quando isto acontece..." A Dona Vera também queria que ela não ficasse pensando somente nos últimos minutos de sua vida, como escrevi acima, os espiritos aconselham não relembrar muito desses momentos de transição deles, anteriormente eu apenas quis relatar o que ocorreu nos mesmos dias um ano atrás. Ela também faz algumas revelações a seguir e aconselha " Filha, o amor é grande e quero que se lembre de mim com alegria, sorrindo, como fazia quando nós passeávamos na praia. Agradeço a Deus por ter me dado a benção de ir mais rápido e não necessitar ficar tão dependente fisicamente como deveria. Tudo está como deveria ser e não quero ver tristeza na casa".
     Em outra carta, em 1º de março de 2011, ela inicia "Ao querido Alex, o Lê de todos nós" identificando-se e certificando-se de algo que a médium dra.Tânia Fregonesi nem ao menos conhecia, meu apelido. E continua dizendo que está cada dia melhor e muita agradecida pela nossa vontade em pedir notícias e por estar aprendendo mais sobre os ensinamentos de Jesus, deixando um recado também á nossa filha Gabriela "quero que beije muito a minha linda Gabi, a minha neta de caichinhos tão lindos quanto ela" e aconselhando a neta e o neto Matheus, também mostra que sua fé em Nossa Senhora ainda continua forte "Sejam bonzinhos para os que amam vocês. Tenham em Deus e Nossa Senhora, mãe de Jesus, o exemplo da Vida com amor e caridade. Não quero ver os rostos tristes, quero que sigam por mim e por vocês mesmos a vida que é preciosa para a aprendizagem aí na Terra."
     Tudo o que escrevi aqui espero não ser em vão, comecei ás 10 horas da manhã e agora os ponteiros do relógio á minha frente estão quase virando a meia-noite. O dia que amanheceu cinzento está ainda nublado, com a lua escondida pelas nuvens, sem estrelas e silencioso, apenas ouço o som dos carros e ônibus passando na rua de casa, minha filha e esposa já dormem, mas aqui estou querendo passar algo de positivo para você leitor e que não por acaso lê esta postagem, talvez por ter conhecido minha mãe ou talvez por curiosidade, talvez até esteja cansado de tanto ler e ainda não saber porque está lendo estas linhas. Espero que você não tenha passado ainda por esta experiência de ser órfão, seja de pai ou de mãe, mas se já teve esta experiência, sei da vontade e curiosidade que você tem de saber algo sobre seu ente querido, de ter uma notícia ou apenas um "olá", uma carta de 17 folhas ou um recadinho de 17 linhas. A emoção de ouvir um médium ler uma carta "Alex meu filho querido, a mãe..." é inexplicável, é uma emoção que explode dentro de você e o sentimento de reencontro somado de uma saudade contida, faz com que você sinta-se imensamente feliz, é assim que estou sentindo-me hoje, irei antes de deitar-me conversar com minha mãezinha em pensameto, vibrar por ela, pois sei que mesmo o dia nascendo triste, quem o faz assim sou eu; ao invés de ficar o dia todo relembrando o que ocorreu e fazer deste domingo um luto, faço dele uma caridade, faço dele amor, faço dele perdão...aproveite o dia de aniversário natalício ou de falecimento de seu ente querido e o transforme em algo de bom, tenha certeza de que ele de onde estiver ficará muito feliz! E se você deseja alguma informação acerca de cartas consoladoras, que veem como lenços enxugar suas lágrimas de saudades, entre em contato conosco alexscguimaraes@bol.com.br e espero poder ajudá-lo ou confortá-lo, eis o meu desejo com esta postagem de hoje!
     Fique na paz de Deus, que Jesus o abençoe, Maria o conforte e os Amigos Espirituais o acompanhem!
     Um fraterno abraço, Alex

1 de abril de 2011

41 - As MÃES de CHICO - 01 de abril




     Copiamos aqui a matéria completa da Revista ISTO É! Veja abaixo:

     As mães de Chico Xavier


     Elas perderam seus filhos de forma trágica, buscaram consolo nas cartas psicografadas pelo médium mineiro e mudaram o curso de suas vidas depois desse encontro.


por Rodrigo Cardoso e João Loes



     Certa vez, o carioca Chico Buarque de Holanda debruçou-se sobre um papel e rabiscou “Pedaço de Mim” (1978). Dizia a letra da canção: “Ó metade de mim / Ó metade arrancada de mim / Leva o seu olhar / Que a saudade é o pior tormento / Que a saudade é o revés de um parto / A saudade é arrumar o quarto / Do filho que já morreu.” Só mesmo um poeta para verbalizar de maneira precisa o que uma mãe sente quando enterra um filho. Um outro Chico, de sobrenome Xavier – nascido Francisco Cândido Xavier (1910 – 2002), em Pedro Leopoldo, Minas Gerais –, passou a vida confortando mães, pais, avós, enfim, pessoas que perderam entes queridos. E o fazia afirmando, também por meio de rabiscos a lápis em folhas em branco, a continuidade da vida além do corpo em um outro plano, o espiritual. Com o seu trabalho psicográfico, o médium Chico Xavier patrocinou mudanças na vida de milhares de brasileiros. Além de consolar, despertava as pessoas para a dor alheia e as ensinava a trocar o luto desesperador pelo cuidado com aqueles que, ao redor, sofriam tanto quanto ou mais do que elas.



    
     “O Chico me tirou de um pesadelo“


     “Querido papai Wilson e querida mamãe Chiquinha”, riscou Chico Xavier em letras grandes e arredondadas. Era sexta-feira, 18 de outubro de 1980. A carta, mais uma das psicografias feitas pelo médium naquele dia, seria lida mais tarde pelo próprio Chico para êxtase de Francisca Ruiz Dellalio e Wilson Dellalio, pais de Eduardo Ruiz Dellalio, morto quatro meses antes, aos 18 anos, em um acidente de moto a quatro quadras de sua casa, no bairro do Tatuapé, em São Paulo. Era o primeiro texto que recebiam. “Estava pensando em férias sem qualquer sombra nas ideias, quando o choque me surpreendeu”, continuou a carta, que coincidia com o que os pais vinham conversando com o filho na época do acidente.

     Eduardo era mais do que o único filho de dona Chiquinha e seu Wilson. Das dez gestações de Francisca, cinco resultaram em aborto, duas em crianças natimortas, uma em um menino que morreu com uma semana de vida e a outra em uma menina, Kátia, que faleceu com pouco mais de um ano. “Até receber a primeira mensagem do Eduardo, simplesmente não vivia”, lembra Chiquinha, que costumava acordar de madrugada e correr, aos prantos, para cheirar as roupas do filho no armário. “O Chico me tirou de um pesadelo”, atesta. “Ele foi a minha salvação.” Do homem que lhe deu conforto com 22 mensagens e quase 300 páginas de texto psicografado, Chiquinha, hoje com 69 anos, guarda lembranças dignas de uma devota que conheceu seu Deus. “Perto dele você não sentia o chão. Me segurava em cada palavra que ele dizia.” Uma carta em especial tocou fundo Francisca. Na mensagem de número sete, o filho repetiu uma expressão comum apenas entre eles. “Esticar minhas andanças” era o que Eduardo dizia quando queria um complemento da semanada dada pelo pai para que pudesse passear mais com os amigos nos finais de semana. “Nem o pai sabia disso, só eu e ele”, diz, emocionada. “Ainda sinto o cheiro do perfume dele pela casa”, lembra.

     As cartas que Chico psicografou a familiares durante sua trajetória mediúnica, iniciada em 1927, aos 17 anos, são um dos legados mais marcantes do maior líder espírita da história do Brasil. Por meio delas, pessoas já falecidas teriam estabelecido contato com aquelas que, aqui, morriam de saudade. Em 2 de abril se encerram as comemorações do centenário de nascimento do médium mineiro. Um dia antes, entra em cartaz “As Mães de Chico Xavier”, dos diretores Glauber Filho e Halder Gomes, que retrata o sofrimento de duas mães que perderam seus filhos e de uma que, ainda grávida, tem o pai de sua filha morto em um assalto. Mais do que esses relatos inspirados em histórias reais e no livro “Por Trás do Véu de Ísis” (Ed. Planeta), de Marcel Souto Maior, o filme é feliz ao retratar como as mulheres passam a reagir melhor às perdas e, desse modo, a levar uma vida mais normal, depois que recebem, por meio do médium, mensagens vindas do plano espiritual (leia texto sobre o filme na pág. 75).



    
“Meu desafio é não morrer de tristeza“


     Quem vê a professora aposentada Célia Diniz, 60 anos, falar e agitar-se sem esconder o sorriso ou deixar o cansaço dar as caras não imagina a quantidade de reveses que ela encarou. Casada há 35 anos, Célia foi mãe, nessa ordem, de Agnaldo, Mariana e Rangel em um intervalo de três anos, entre os 27 e os 30 anos. Em 1983, presenciou a morte do caçula, então com três anos. Há cinco, enterrou a única filha, aos 27. Rangel sucumbiu depois de cair da bicicleta e bater a cabeça. Mariana, de dengue hemorrágica. Os pais de Célia, Lico e Lia, foram amigos de Chico Xavier e presidiram o Centro Espírita Luiz Gonzaga, fundado pelo médium em Pedro Leopoldo (MG). Hoje, é a professora aposentada quem ocupa esse posto. Espírita de berço, Célia foi moldada pela doutrina. Mas a dor também machuca as mães espíritas. “Quando chegou a minha vez, lembro de estar passando a mão na testa e no cabelinho de Rangel, já no caixão, e perguntar para a minha mãe como ela tinha dado conta disso oito vezes (a mãe de Célia perdeu oito dos 18 filhos)”, conta ela, que ouviu de Lia que a filha só daria conta se segurasse na mão de Nossa Senhora. “Não foram as palavras da minha mãe que me confortaram, mas a vida dela depois das perdas. Ela era uma mulher feliz, pacificada, carinhosa...”

     É a esperança de um reencontro com os filhos que joga Célia para a frente – Rangel, um ano após falecer, comunicou-se com ela e os familiares em uma carta psicografada por Chico. Ser a melhor pessoa possível para merecer essa bênção a faz dar palestras e ser atuante em casa e no centro Luiz Gonzaga.

     “A maior dor de uma mãe é quando o sofrimento do filho não passa mais com um beijinho. Após a morte de Mariana, meu desafio é não morrer de tristeza.” E Célia demonstra que , com a força da fé, a normalidade e a felicidade pontuam a sua rotina.

     É ponto pacífico entre leigos e especialistas: o luto de uma mãe que perdeu o filho é o mais difícil de ser enfrentado. “É o vínculo mais forte que existe”, afirma Vera Lúcia Dias, mestre em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), terapeuta das perdas e do luto, além de autora da tese de mestrado “Mensagens Psicografadas e Luto” (PUC-SP, 2002) e do livro “Quando a Morte nos Visita – Uma Leitura Psicológica dos Processos de Luto e da Busca por Mensagens Psicografadas”, a ser lançado em junho de 2011. Mineira de Uberaba, a psicóloga assistiu durante anos ao fenômeno das mães que buscavam as cartas de Chico Xavier em sua cidade. “As senhoras que ouvi para minha tese diziam que vinham buscar notícias dos filhos”, conta. Em sua pesquisa qualitativa, todas elas foram unânimes em dizer que receber as mensagens trouxe conforto e alívio. “Uma mãe que perde um filho se faz muitas perguntas – onde ele está, se está bem, etc. E as psicografias dão um certo conforto nesse sentido”, afirma.



     Essa atividade consoladora de Chico passou a ser reconhecida nacionalmente quando o médium vivia em Uberaba, para onde se mudou em 1959, aos 49 anos. Foi em 1972, depois de participar do programa de televisão “Pinga Fogo”, que ele assistiu a uma caravana de brasileiros baterem à sua porta à procura da certeza de que pessoas queridas seguiam vivendo após a morte. Psicografar cartas, porém, era uma prática que o acompanhava desde os anos 30, ainda em Pedro Leopoldo. Com 17 anos, o mineiro psicografaria a primeira mensagem, assinada por um espírito amigo. Nesse mesmo dia, receberia uma carta assinada pela própria mãe, Maria de São João de Deus, que havia morrido quando ele tinha 5 anos. Segundo a médica Marlene Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-BR), a psicografia de Chico era inconsciente. É como se ele se doasse por inteiro para que o espírito comunicante falasse por si com total individualidade. Coautora com Paulo Rossi Severino e a equipe da AME-SP de “A Vida Triunfa”, que analisa a natureza da mediunidade do mineiro, Marlene explica que Emmanuel, o guia espiritual de Chico, funcionava com uma espécie de filtro e selecionava os espíritos que estivessem preparados para passar uma mensagem positiva. “Ele escolhia aqueles prontos para fazer recomendações, como a de ajudar os mais carentes”, diz. “O espírito do filho trabalharia junto aos pais nessa missão caritativa. Ajudar, portanto, era uma forma também de os pais se aproximarem do filho que partiu.” De fato, no conteúdo das mensagens sempre havia o chamado para que se cuidasse da dor do próximo.

     “O Chico é tudo na minha vida“


     “Desde menina achava que morreria aos 42 anos”, conta Lucy Ianez da Silva, hoje com 80 anos. “Não morri”, diz. “Mas perdi meu filho aos 42.” José Roberto Pereira da Silva, primogênito de Lucy, morreu no dia 8 de junho de 1972, aos 18 anos, em um acidente de trem entre Mogi das Cruzes e São Paulo. O jovem, que morava com a família na capital, escolheu estudar medicina na cidade vizinha justamente pela necessidade da viagem de trem, de que ele tanto gostava. “Desde criança, antes de carrinho e de bola, a preferência do José Roberto era o trem de ferro”, diz Lucy. Quis o destino que ele morresse dentro de um.

     Meses depois do acidente, o pai do garoto, que abandonara o trabalho, ia três vezes por dia ao cemitério, enquanto Lucy tentava se recuperar do irrecuperável na casa da mãe. “Fui criada no seio católico: morreu, purgatório, céu, inferno, essas coisas”, enumera. “Não tinha alento.” No auge de seu desespero, uma amiga a convenceu a ir até Uberaba. Nas duas primeiras visitas não veio nada, mas na terceira tudo mudou. “Mãezinha, o que se perdeu foi o retrato que um dia, em verdade, deveria desaparecer”, dizia José Roberto na primeira carta que mandou, em 29 de setembro de 1973. Outras 20 seguiriam. “Não queira morrer para reencontrar-me porque eu prossigo vivendo. Estamos juntos, só que de outra forma”, reiterou. Lucy voltou a sorrir, continuou retornando a Uberaba por duas décadas atrás de notícias do filho e sempre foi atendida.

     “O Chico é tudo na minha vida”, diz ela. “Nunca vi alguém como ele e nunca verei mais.” A católica Lucy passou a frequentar centros espíritas com afinco e a trabalhar nas obras sociais ligadas à religião, tanto em São Paulo quanto em Minas Gerais. No começo da década de 90, parou de visitar Uberaba.

     “A gente já tinha tanto, não queria pegar o lugar de mães que iam sempre e nunca recebiam nada.” Hoje, a saudade que mareja os olhos azuis de Lucy não é mais só do filho e do marido, que já morreu – ela inclui Chico Xavier.

     Ampliar o conceito de família, passando a cuidar de outros filhos, de pessoas que não eram sangue de seu sangue, é o que une a trajetória das mães que receberam mensagens de seus filhos por meio de cartas psicografadas por Chico Xavier. “Só há uma maneira de sair inteiro de uma tragédia como a nossa: esquecer um pouco de si e tentar fazer a vida ao redor ser um pouco melhor. A energia que recebo das pessoas que ajudo me alimenta”, conta a professora mineira aposentada Célia Diniz, 60 anos, que perdeu dois filhos e cuja história inspirou uma das personagens no filme “As Mães de Chico Xavier” (leia o perfil dela e de outras mães ao longo desta reportagem). Coordenadora do laboratório de estudo sobre o luto da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maria Helena Franco reconhece o uso das mensagens psicografadas como uma maneira de viver o luto. “Se tem sentido para elas, é digno de estudo para nós”, afirma. Mas a preocupação nunca será a de descobrir se as mensagens são ou não verdadeiras. “O que nos impele a estudar o fenômeno são as motivações das pessoas que vão até os centros espíritas atrás de mensagens psicografadas.”

    
     “O que me ajudou a continuar vivendo foi o Chico“


     Quando Shirley Rodrigues recebeu a notícia de que seu filho, Sidney, havia cometido suicídio enquanto dava plantão no quartel da Aeronáutica no qual servia, em São Paulo, não acreditou. Segundo ela, o menino de 18 anos não teria razões para isso. “Além da dor da morte, fiquei com a dor da dúvida”, lembra ela, na época com 40 anos e hoje com 74. Católica, Shirley resistiu aos primeiros convites de uma amiga para visitar Chico Xavier, mas, no desespero, acabou aceitando. “Lá, descobri que só de estar ao lado dele me sentia viva de novo”, diz ela, que visitou Uberaba seis vezes antes de receber a primeira mensagem de Sidney, 19 meses depois daquela quinta-feira, 2 de dezembro de 1976, quando ele morreu. “Não cometi suicídio”, garantia o texto, que descrevia o tiro que matou Sidney como acidental. A foto do filho, estampada em uma medalha no peito da mãe, se mexe com o soluçar de Shirley, que chora sempre que lê as cartas.

     O garoto disse que lustrava a arma quando ela escapou de sua mão, caiu no chão e disparou. O projétil ricocheteou até acertar a base de seu crânio, do lado esquerdo. No texto ele pedia, ainda, para que os pais assinassem os laudos oficiais, mesmo que apontassem suicídio, e assim encerrassem o assunto. “Feito isso espero retornar-me à tranquilidade de que necessito”, dizia Sid, como era chamado, do além.

     Assim foi feito, em nome da tranquilidade do filho e da família. Mas, apesar de querer acreditar, Shirley ainda tinha dúvidas quanto ao que ouviu de Chico. “Eu pensava que ele dizia essas coisas para me confortar”, conta. A segunda carta, segundo ela, acabou com as dúvidas ao citar o nome de familiares já mortos que estariam guiando Sid no além. “O que me ajudou a continuar vivendo foi o espiritismo e o Chico”, garante Shirley. “Sem isto não teria aguentado.”

     A mãe diz sentir a presença do filho de quando em quando, mas lamenta nunca ter tido a oportunidade de vê-lo, como outras já viram. “Acho que não devo estar pronta”, lamenta.

     Até os anos 90, Chico Xavier demonstrava uma disposição impressionante nas reuniões públicas de psicografia do Grupo Espírita da Prece, que ele fundou em Uberaba. As sessões ocorriam nas noites de sexta-feira e sábado e eram presenciadas por cerca de 500 pessoas – sentadas, debruçadas na janela e em pé ao redor da casa. Os trabalhos tinham início com a leitura de trechos do “Livro dos Espíritos” e do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, do criador da doutrina espírita, Allan Kardec. A psicografia começava às 20h e seguia até as 4h. Chico colocava no papel cerca de dez mensagens por dia – algumas de até 70 páginas, segundo Nobre, da AME–BR. “Ele fazia questão de ler carta por carta e entregá-las aos familiares. Ao final da sessão, ainda contava causos, abraçava as pessoas e fazia graça com o próprio sofrimento”, conta o empresário Geraldo Lemos Neto, 49 anos, amigo que auxiliou Chico em suas reuniões entre 1985 e 1991. Segundo Neto, que hoje administra a Casa de Chico, um centro de referência sobre a vida do médium mineiro em Pedro Leopoldo. Todo ano o líder espírita fazia questão de psicografar uma mensagem endereçada às mulheres no Dia das Mães. Sabia que, às mães, reconhecer um filho em suas cartas era acreditar de uma vez por todas que a vida continua, que o amor segue existindo, mas a morte não. Ao proporcionar a elas a alegria de ter o filho de volta pela psicografia, o mineiro injetava poesia no coração das mulheres, tal como seu xará carioca, de sobrenome Buarque.


     “Ele ajudou, mas minha vida perdeu a cor“


     “Não fui atrás de uma mensagem, minha esperança era entrar no centro e reencontrar meu filho”, admite a paulistana Neusa Collis, 69 anos, sobre a motivação da viagem a Uberaba no final de 1984. Em outubro, seu primogênito, Antônio Martinez Collis, então com 24 anos, foi assassinado durante um assalto. Nos meses que se seguiram, ela emagreceu 30 quilos, mal saía do quarto e se recusava a ver a luz do dia. “Eu estava revoltada com Deus”, resume Neusa, que era católica e hoje é espírita.

     No primeiro encontro com Chico Xavier, Neusa não recebeu mensagem do filho. Mas ela insistiu. Lembrava que, uma semana antes de morrer, Antônio havia contado que sentia sua morte se avizinhar. Seria sinal de maturidade espiritual? Talvez. A confirmação viria quatro meses depois, em fevereiro de 1985, quando o filho se comunicou através do médium de Uberaba. “Você é a rosa da minha vida”, leu Chico Xavier, em carta endereçada à Neusa. Naquele momento, a mãe teve certeza de que a mensagem era dele. “Quando ainda era vivo, escolhi uma rosa e disse para mim mesma que ela o representaria”, lembra. Era muito mais prova do que ela precisava para legitimar o contato, que se estendeu por mais alguns recados psicografados por outros médiuns, na época único alento para a dor que sentia.

     Hoje Neusa já não lê mais as cartas do filho – a lembrança machuca mais do que conforta. Sai pouco do apartamento onde vive, a algumas quadras de onde Antônio foi morto, diz ter perdido a vaidade, embora continue uma senhora distinta e cuidada, e não consegue cantar parabéns nem nas festas dos netos.“O espiritismo foi o único lugar onde tive respostas”, afirma. “Ajudou, mas minha vida perdeu a cor”, resigna-se, observando um porta-retratos com a imagem do filho. “Um dia nos reencontraremos”, diz, convicta.


     E fica aqui a convocação de nosso blog http://www.alexscguimaraes.blogspot.com/ para que todos assistam mais este filme! Fiquem todos na paz de Deus e que os Benfeitores Espirituais os iluminem!