Dia 29 de abril - Aniversário de 148 nos de "O Evangelho segundo o Espiritismo", que quando lançado, ganhou o nome de "Imitação do Evangelho".
Em 1º maio completará 1 ano que estamos publicando entrevistas neste blog e chegamos hoje á 48ª entrevista, que é um presente de aniversário á minha pessoa, pois a nossa entrevistada de hoje é mais do que especial, sinto-me honrado e feliz por ter conhecido esta escritora que sempre admirei o seu trabalho pela sua seriedade e comprometimento com a Doutrina.
Em comemoração á tudo isso, queremos também presentear á todos!
Assim sendo, hoje fizemos a entrevista de uma forma diferente: juntamente da entrevista escrita - como postamos de costume - hoje brindamos o querido leitor que nos acompanha nestes 365 dias - chegando á mais de 24.000 visualizações - com a entrevista também em video, que foi realizada na residência do quase centenário Hugo Gonçalves, o paizinho de Cambé, no Paraná.
A nossa entrevistada de hoje é escritora e palestrante requisitada.
Nasceu na Gália em São Paulo e reside em Rolândia, no Paraná.
Casada com o grande espírita Joaquim Norberto de Camargo.
Filha de Urbano de Assis Xavier, o grande amigo de Schutel.
Articulista de "O Imortal" e de "O Consolador".
Colaboradora no Lar Infantil João Leão Pitta.
Trabalhadora na S.Espirita Maria de Nazaré.
Psicografa livros desde 1980.
Meimei, Jesus Gonçalves e León Tolstói são alguns dos espíritos que escrevem por seu intermédio.
Dentre suas preciosas obras destacam-se: "Perdoa!", "Aves sem Ninho", "Em Busca da Ilusão", "Asas da Liberdade", "Perante Deus", "Os Sinos Tocam", "Céu Azul", "De Volta ao Passado", "Mamãe, estou aqui!", "A Eterna Mensagem do Monte", "Mansão dos Lilases", "Leon Tolstói por Ele Mesmo", "Só o Amor Liberta", "Comunicação entre Dois Mundos" e dentre outros.
Nossa entrevistada de hoje é: CÉLIA XAVIER DE CAMARGO
ALEX – Oi Célia tudo bem?
CÉLIA – Tudo bem Alex.
ALEX – Você é filha de Urbano de Assis Xavier, um companheiro e discípulo de Cairbar Schutel. E pergunto assim pra você: Como é ser filha de Urbano e o que ele relatava pra você acerca do “Bandeirante do Espiritismo”?
CÉLIA – Olha Alex, meu pai desencarnou há muito tempo. Eu tinha 15 anos na época. Nós sabíamos do relacionamento dele com o seu Schutel por minha mãe, mas eu soube muito mais através do livro do Leopoldo Machado, “O Bandeirante do Espiritismo”. E depois também através do livro do Eduardo Carvalho de Monteiro, um pesquisador, que já desencarnou.
Eu sei que eles foram muito amigos. Não sei se você sabe, mas meu pai teve problemas de mediunidade logo no começo. Ele era muito jovem quando ele veio da Bahia para o estado de São Paulo. Ele fez o curso de odontologia e ele tinha um irmão que morava em Araraquara, este meu tio disse-lhe que ali no estado de São Paulo era um lugar muito bom para ganhar dinheiro e pediu que ele fosse para lá. Ele foi para uma cidade bem pequenina, que era Santa Ernestina. E quando ele conheceu a minha mãe ele era muito novinho, ele tinha 24 anos nesta época e ela tinha 17. Eles namoraram, noivaram e casaram em 6 meses. Os dois eram muito católicos: ele era presidente da Congregação Mariana lá em Santa Ernestina e minha mãe era Filha de Maria. Eles se casaram e como a cidade era pequena, eles foram morar do lado da igreja. Só que ele começou á ficar “tomado” á noite e ninguém sabia o que estava acontecendo, minha mãe tinha 17 anos, não tinham noção nenhuma. Ele punha-se á gritar e á falar alto, como se estivesse fazendo uma palestra ou alguma coisa assim. E minha mãe dizia que vinha gente lá do final da rua para saber o que estava acontecendo com ele, por que ele estava fazendo aquela gritaria toda?
E no fim estava correndo uma notícia lá que o dentista da cidade estava ficando louco. Eis que então um dos conhecidos dele lá de Santa Ernestina falou assim: “Olha Urbano, acho que só tem uma pessoa aqui da região que pode ajudar o senhor, que é o farmacêutico ali de Matão” - era o Cairbar Shutel - E meu pai tomando as informações, um dia ao acabar de atender os pacientes dele , fechou o consultório e com minha mãe tomaram um ônibus e foram para lá.
Conversaram com o seu Schutel e ele o tranqüilizou dizendo que ele não estava ficando maluco, que aquilo era uma coisa natural, que era da mediunidade. Então dessa maneira ele começou a trabalhar lá com o seu Schutel. Sempre foram muito amigos, tanto é que quando seu Schutel desencarnou foi pelo meu pai que ele se comunicou antes do caixão sair ali do velório.
Até eu fiquei sabendo pelo seu Hugo - o Hugo Gonçalves conta uma história muito interessante - não sei se você já ouviu!
Que quando o Schutel estava falando pelo meu pai, ele pediu a presença do médico dele, o médico que sempre o atendeu há muitos anos...
ALEX - O doutor Hudson...
CÉLIA – É...Ele o chamou e pediu-lhe que observasse qual coração era aquele. O médico constatou que o coração que batia não era o do meu pai, era o do seu Schutel. Isso foi uma coisa extraordinária porque o povo que estava ali não era espírita, grande parte não era, ali tinham pessoas da região inteira, pois o seu Schutel era uma pessoa muito conhecida, ele tinha sido o primeiro prefeito de Matão. Então foi uma prova muito interessante. Nós ficávamos sabendo das coisas que aconteciam com meu pai mais por terceiros.Alex entrevistando Célia em Cambé, no Paraná |
CÉLIA – Eu recebi uma mensagem pequena. Foi em um domingo e eu ouvi alguém falar-me “Vamos escrever alguma coisa?” Pensei comigo “Mas, agora?”
- “Por que não, está tudo tranqüilo!”As crianças tinham ido ao cinema e o Joaquim estava assistindo um jogo na televisão.
Eu fui para o meu quarto e escrevi uma mensagem curta: “Bendito sejas” - Nunca esqueço-me do nome - E o espírito deu-se o nome de Celso, mas eu nunca mais soube dele.
ALEX – E a mensagem você nunca á publicou?
CÉLIA – Não, não á publiquei e nem sei se eu a tenho mais. Pode até ser que eu tenha, porque eu guardo as coisas, mas nunca mais li a mensagem. Depois escrevi outras mensagens, histórias infantis, letras de música, poesias...E assim começou!
ALEX – E falando em primeiros contatos, como foram os seus diante de espíritos como León Tolstói, Paulo Hertz, temos o Marcelo também, o Eduardo...
CÉLIA – Eles são muito agradáveis e simpáticos. Esses: o Paulo Hertz, o Marcelo e o Eduardo fazem parte do grupo de jovens que trabalham na nossa casa, tem alguns que inclusive são ali mesmo da cidade de Rolândia que desencarnaram, como o Cézar Augusto Mellero – estou recebendo outro livro do Cézar Augusto agora, já é o terceiro dele – Tem o Irineuzinho, que não tem livros, mas que também aparece e fala-se dele nos livros.
ALEX – Ele é como se fosse um personagem...
CÉLIA – ...E que é ali de Rolândia...E outros também. Esses são os jovens e eles se comunicam nas reuniões. Já o León Tolstói ele é diferente (risos).
ALEX – Fico á imaginar...
CÉLIA – Eu estava terminando um livro do Erick – se eu não me engano era “Os Sinos Tocam” – E eu percebi ele chegar. Ao chegar - eu não vejo muito bem, não é sempre que eu vejo o espírito - eu mais o senti do que eu vi, a minha vidência é mais mental do que física. Eu não vejo assim como eu estou vendo você! Raramente acontece isso. E ele mandou uma mensagem dizendo que queria psicografar alguma coisa por meu intermédio, perguntou se eu aceitaria ou se haveria essa possibilidade. Mas eu fiquei preocupada, pois eu não conhecia nada de russo e não tinha ligação nenhuma com o país. Eu fiquei preocupada mesmo sempre ter gostado e lido os livros dele, aqueles psicografados pela Yvonne Pereira.Eu leio “Ressurreição e Vida”, é um dos livros mais lindos que tem na nossa bibliografia espírita...
CÉLIA – Muito lindo! Aquele discípulo anônimo, eu cansei de fazer palestra com aquela história. Então, eu fiquei preocupada, com medo que eu tivesse que escrever sobre regionalismo russo e ele percebendo isso disse na mesma mensagem para eu não preocupar-me, porque ele tinha descoberto no meu passado uma reencarnação na Rússia e isso iria facilitar o nosso trabalho. Naquele dia mesmo para mostrar-me que não seria difícil, ele ditou a primeira historia do “Eterna Mensagem do Monte” que é “O Paralítico” e que eu acho uma história muito bonita. Então, daí por diante o relacionamento foi fluindo. E ele é muito terno, muito amorável, não tem aquela coisa de dar ordem “faça isso, faça aquilo”...
ALEX - Não é difícil trabalhar com ele (risos)
CÉLIA - Não, é ótimo! Muito bom!
ALEX – E com o Jerônimo Mendonça, como que ele se apresentou na primeira vez pra você?
CÉLIA – Olha! O Jerônimo, eu também já tinha lido muito sobre ele, mas a primeira vez que ouvi falar sobre uma possibilidade de ele escrever, foi um dia em que o seu Hugo falou-me isso. Nós estávamos aqui no Centro Espírita Allan Kardec - eu e o Joaquim, meu esposo - e o seu Hugo falou que estava vendo o Jerônimo perto de mim e que não era a primeira vez. E que ele tinha impressão que o Jerônimo queria digitar alguma coisa por meu intermédio. Eu já me preocupei “Ai meu Deus, é um compromisso muito sério, uma responsabilidade muito grande”, mas demorou bastante, até que um dia ele apareceu e começou. Ele mandou uma mensagem antes e depois começou a escrever, mas há também um relacionamento muito bom com ele. Os espíritos bons não dão stress em nós, nem algo que possa causar um problema na mediunidade. Porque comigo se colocar muito medo já acaba, pronto!...
ALEX - ...Já não trabalha mais!
CÉLIA - ...Eu não trabalho mais (risos).
Eu não sou médium mecânica, eu sou intuitiva, quer dizer, eu ouço o que os espíritos falam – e nem ouço muito bem – então a coisa tem que funcionar direitinho.
ALEX – E enquanto você escrevia o “Asas da Liberdade”, este livro de autoria do Jerônimo, você via suas cenas?
CÉLIA – Via! Normalmente eu vejo as cenas, como eu vi também nos livros do Jesus Gonçalves...
ALEX – E você chegou alguma vez á ver cenas daquele livro do Conde de Rochester, “Romance de Uma Rainha”? Pois ali você comenta algumas coisas...
CÉLIA – Eu vi sim. É muito bonito e ao mesmo tempo é difícil.
ALEX – Tem umas partes bem cruéis da vida dele...
CÉLIA – É, mas aquelas partes mais cruéis eles não mostraram não! Mas tem momentos em que eu até paro de escrever, saio do meu escritório e naquele dia eu nem escrevo mais nada. Foi assim, por exemplo, no começo com o Jesus Gonçalves. Teve o livro “Aves sem Ninho” onde tinha imagens ali tão fortes, tão dolorosas e chocantes que eu tive que parar, eram imagens de guerra. Eu parava, depois eu voltava. No livro “Os Sinos Tocam” tem aquelas cenas da Noite de São Bartolomeu, e tem momentos que não há como nos segurar! É uma matança! Tem o rio ali que se tornou vermelho por causa do sangue...
ALEX – E este livro do Jerônimo durou quanto tempo para vocês o escreverem?
CÉLIA – Uns dois anos e pouco.
ALEX – O livro foi escrito em 2008. E de lá pra cá o “Pássaro Livre” – como ele é chamado – tem se comunicado com você?
CÉLIA – Ás vezes sim, mas constantemente não!
ALEX – Poderemos ter outras obras por intermédio dele? Pois ficamos com vontade de mais, de um número dois (risos).
CÉLIA – Eles escrevem alguma coisa, depois dão uma pausa...No momento estou recebendo um outro livro do Erick. E é assim, de repente alguém volta e eu não sei, vai depender deles!
ALEX – E como foi aceita essa obra por aqueles que o conheceram pessoalmente, porque aqui na região vocês divulgam muito o Jerônimo, nós sentimos isso, por aqui ele é bem falado...Como foi essa resposta das pessoas?
CÉLIA – Acho que foi muito boa, pelo menos o que eu senti. As pessoas tem um carinho pelo Jerônimo, ele passou por aqui, fez palestras pela região.
ALEX – Você chegou a conhecê-lo?
CÉLIA – Sim, ele chegou á fazer palestras lá em Rolândia, em Arapongas, aqui em Cambé – assistimos uma palestra aqui no pátio do Lar Marília Barbosa – estava uma noite quente, ficou tudo aberto e foi ali fora, estava muito gostoso!
João Leão Pitta (1875 - 1957) |
CÉLIA – Ele foi muito amigo do meu pai, do seu Piccinin que era de Rolândia e já está desencarnado, do seu Hugo...
ALEX – No livro da Jane que se comenta bastante deles...
CÉLIA – Então, ele ia muito em casa, o seu Pitta. Eu era criança e sentava no colo dele, ele com aquela barba...pra nós ele era o papai Noel (risos). Eu o adorava, ele estava sempre de terno com um colete - antigamente o pessoal era muito elegante - eu achava lindo ele ter aquele relógio de bolso com corrente. Nossa! Lembro muito bem dele!
ALEX – No Lar Infantil João Leão Pitta, como é desenvolvido o trabalho de vocês com as crianças?
CÉLIA – Lá eu sou tesoureira, o presidente que já está na segunda gestão é o Joaquim. É um trabalho que tem uma coordenadora, o Joaquim que está mais á frente disso, nós temos atualmente 120 crianças. Antigamente era regime de creche, hoje é centro de educação, uma escola mesmo, as crianças ficam lá enquanto suas mães trabalham. Hoje as creches se transformaram em centros de educação.
ALEX – Eram internos...
CÉLIA – Existiam os internatos, como no caso aqui do Marília Barbosa, mas no João Leão Pitta sempre foi uma creche.
ALEX – E falando em crianças, você é conhecida como Tia Célia por todas elas. E sabemos que você já escreveu - desculpe se eu estiver errado - mais de 2.000 histórias infantis?
CÉLIA – Não! São 200 histórias...
ALEX – Mas já são muitas também...
CÉLIA – Devo ter umas 300 e tantas...
ALEX – E você também ás recebe da Meimei, eu estive vendo no “O Imortal”...
CÉLIA – Na verdade Alex, eu sempre senti a presença desde o começo de uma moça, e ela que ditava-me as histórias, e eu escrevia. Só que no primeiro dia, ao escrever a história no papel, eu perguntei quem iria assinar e ela disse seu nome, aí eu falei “Ah! Não faz isso comigo!” (risos) Porque o Chico estava encarnado, a Meimei só escrevia pelo Chico...Eu falei “Não dá! Como eu vou colocar o nome “Meimei”? Ela disse “O nome não tem importância alguma, coloque qualquer um! Coloque o seu nome mesmo!”. Então eu coloquei “Tia Célia” por que para mim ela parecia ser uma outra entidade, uma outra pessoa...
ALEX - ...Era um pseudônimo! (risos) E você comentou sobre Chico Xavier, você chegou a conhecê-lo pessoalmente?
CÉLIA - Sim, nós estivemos algumas vezes lá! O Chico é sempre uma referência em tudo, por termos conhecido ele e estarmos lá quando ele estava escrevendo ainda no pleno gozo das faculdades dele. Depois ele estava mais doentinho, mais debilitado...Eu achava até uma pena! Porque o pessoal corria lá, mas ele não tinha mais condições, e daí já não fomos mais!
ALEX – Tem um livro seu que eu até o trouxe para você autografá-lo, eu o possuo desde 1998, quando eu ainda nem era espírita e vou fazer uma pergunta ‘em cima’ do que eu senti quando o li, que é o “Mamãe, estou aqui!”. Eu adorei este livro mesmo não sendo espírita, porque ali você consola quem têm seus filhos desencarnados em tenra idade...Você poderia-nos dizer alguma coisa com respeito á essas crianças que desencarnam em tenra idade?
CÉLIA – Com certeza, eu acho que a coisa mais dolorosa é o fato dos pais “perderem” uma criança, um filho, ainda mais assim pequenos. E talvez é a dor maior que existe. E o Marcelo teve uma delicadeza em trazer as histórias das crianças, pois elas também freqüentam a nossa casa, assim como freqüentam outros centros. Elas vão e se comunicam, sempre que tem reuniões em determinados dias da semana elas comparecem e sentimos a presença delas. Na ocasião em que eles visitam as famílias, muitas delas são da região. Esse livro causou um certo impacto nos leitores, porque depois dele eu comecei á receber telefonemas de longe. Recebi certa vez um telefonema lá de Belém do Pará, de uma mãe que havia lido o livro e queria saber se era isso mesmo que acontecia. E eu falei “Lógico, pode ter certeza! Seu filho continua vivo” Isso aconteceu com muitas pessoas, que telefonavam e queriam saber, queriam até que eu recebesse mensagens. Eu falei “Olha! Não é a minha finalidade” Ás vezes até acontece de receber mensagens, mas é muito difícil.
ALEX – É que o livro já serviu de um consolo ali, eu emprestei o meu para várias e depois não voltou! (risos) Tive que comprar outro, por que é um livro bom!
CÉLIA – Ele aborda casos diversos, situações bem diferentes umas das outras e isso atinge o problema de cada um. Por isso que a Doutrina Espírita é consoladora por excelência!
ALEX – E para terminar eu gostaria de fazer uma pergunta utilizando-me do nome da casa em que você realiza seus trabalhos, pois eu achei interessante: Sociedade Espírita Maria de Nazaré. Gostaria que você falasse um pouco sobre este carinho que o espírita pode ter também com a Nossa Mãe, a Mãe de Jesus, que o Chico tinha tanto carinho por ela: a Maria de Nazaré.
CÉLIA – A Maria de Nazaré é uma criatura de muita elevação e isso nós já percebemos desde o Evangelho, na passagem de Jesus aqui na Terra. Alguns dizem que em determinados momentos do Evangelho está demonstrado que ela não seguia Jesus, mas eu acho o contrário, acredito que ela até se “encolheu” um pouco, pois era o momento de Jesus, ela ali era só uma coadjuvante, porque o brilho total tinha de ser pra Ele. E Jesus é realmente o espírito mais elevado que nós podemos conhecer aqui na Terra. O nosso carinho por Maria é plenamente justificável. O que fez Jesus depois quando já estava na cruz, antes de morrer, dizendo “Eis tua mãe e eis o teu filho”, era para João ter aquele carinho por sua mãe e ela por ele, pois eles estavam precisando. O trabalho que eles continuaram depois lá em Éfeso, tudo isso foi muito importante. Naquele livro extraordinário da grande mulher Yvonne Pereira, “Memórias de um Suicida”, podemos ver que o Hospital Maria de Nazaré é dedicado aos suicidas, que são os maiores sofredores que existem. E quando nossa casa começou, o doutor Luiz Carlos Pedroso e a dona Luzita, que eram dois baluartes ali da cidade e que também estavam começando, eles resolveram fundar um centro. Havia um grupinho que eles já trabalhavam juntos, faziam o evangelho e naquela época era no Centro Espírita Emmanuel, que fica ali na Vila Oliveira, em Rolândia. E um deles viu, numa noite em que estavam fazendo uma reunião, uns cavaleiros chegando com aquele estandarte de Maria. E eles se emocionaram muito com isso e apartir daí eles deram o nome á casa de Sociedade Espírita Maria de Nazaré, em seguida eles constituíram realmente uma sociedade, criaram um estatuto e nós em todos os momentos percebemos que realmente ela está a nos ajudar.
Alex, Célia, Joaquim, Rogério Leite, Hugo Gonçalves e Marli Mansini. |
CÉLIA – É um prazer estar aqui com você e falando sobre todas essas coisas. Eu gostaria de lhes dizer que a mediunidade é uma benção que Deus nos concede, mas como um compromisso de nós podermos realizar alguma coisa de bom e de útil á favor das pessoas. Nós sabemos que é um compromisso, porque reflete o nosso atraso, a necessidade que nós temos de reparar os danos que nós cometemos no passado. Geralmente – Emmanuel mesmo diz isso – os médiuns não são privilegiados, eles são os mais necessitados, porque são os mais devedores. Quando nós precisamos ajudar muitas pessoas, com a mediunidade é a forma de nós fazermos isso. Por que como é que nós faríamos isso na nossa casa? Recebendo dois, três espíritos, cinco, dez?...Dez espíritos para quem deve muito não significa nada! É pouco demais! E com a mediunidade temos a oportunidade de alcançar um amplitude maior de uma forma até anônima. Nós fazemos isso nas câmaras de passes, quando nos doamos sem que as pessoas saibam quem somos nós ou o que fazemos. Esse é o nosso trabalho e nós vamos “levando” até quando pudermos.